30 anos da morte das Sete Quedas…
30 anos da morte das Sete Quedas…
09/04/2012 por ismaelvbrack
Sete Quedas
Foi a maior cachoeira do mundo em volume
de água, isso mesmo, foi! Isso porque em 13 de outubro de 1982 as
comportas da recém criada Usina Hidrelétrica de Itaipu foram fechadas
para a criação da represa de Itaipu inundando as quedas d’água. Para se
ter uma ideia de sua grandeza basta compararmos a taxa média de fluxo
anual dela com as Cataratas do Niágara (a maior em volume de água
atualmente), a Sete Quedas tinha um fluxo de 13.300 m³/s enquanto as
Cataratas do Niágara tem hoje 2.407 m³/s. Ela se localizava na fronteira
entre o Brasil e o Paraguai fazia parte do Rio Paraná, hoje ela esta
localizada no fundo do lago artificial de Itaipu.
Quem teve a oportunidade de assistir a
esse fantástico espetáculo da natureza, traz a cena gravada para sempre
na retina. Mas por mais imaginativo que seja, por melhor memória que
possua, jamais conseguirá reproduzir a imagem majestosa, de bilhões de
metros cúbicos de água despencando por segundo do alto de ribanceiras
rochosas para o abismo, com um ruído ensurdecedor.
As quedas localizavam-se em um ponto onde
o rio Paraná era forçado através de um estreito desfiladeiro. Na cabeça
das quedas, o rio estreitava drasticamente a partir de uma largura de
cerca de 380 m a 61 m. A altura total das quedas foi de aproximadamente
114 m, enquanto a maior das 19 grandes cachoeiras tinha uma queda de 40 m
de altura. O rugido da água mergulhando podia ser ouvido a 20
quilômetros de distância.
As Sete Quedas podiam ser consideradas
uma das maiores maravilhas naturais, era uma verdadeira pintura de Deus.
Era Constituída por 19 cachoeiras principais divididas em 7 grupos de
quedas. A cidade de Guaíra foi construída em 1940 para aproveitar a
potência turística da região, foi nessa época que o Brasil e o Mundo
começaram a conhecer o Salto Guaíra (outro nome dado ao Salto de Sete
Quedas).
O auge da visitação turística do local se
deu nos anos 60, o Salto do Guaíra havia tomado uma grande atenção
turística das Cataratas do Iguaçu, as duas quedas dividiam as atenções
na época. Tudo corria muito bem, a novíssima cidade de Guaíba crescia
rapidamente com o dinheiro vindo do turismo, a cidade alcançou uma
população de 60 mil habitantes (hoje conta com apenas 30 mil).
As quedas eram um sucesso até que em 1979
foi decretado o fim do Salto das Sete Quedas. O governo havia decretado
que a construção da Usina de Itaipu iria alagar o Salto Guaíra. Após o
ocorrido, milhares de turistas se dirigiram às Sete Quedas, todos
queriam vê-la antes que ela se fosse, todos queriam ver seus últimos
dias.
Sua morte foi causada pela ambição
política da época. As negociações para a construção da Usina de Itaipu
se deram em 1960, entre o Brasil e o Paraguai. Após seis anos de
negociações foi fechado um tratado para a construção da Hidrelétrica. A
potência hídrica do rio foi o principal atrativo para a construção.
Em 13 de outubro de 1982, o fechamento
das comportas do Canal de Desvio de Itaipu começou a sepultar, com as
águas barrentas do lago artificial, um dos maiores espetáculos da face
da Terra: as Sete Quedas do Rio Paraná. A inundação durou apenas 13
dias, durante este período vários ribeirinhos voltaram até a beira do
rio para se despedirem das Sete Quedas. A cena foi muito triste como
contam relatos de pessoas que viveram esta tragédia de perto.
Antes e durante o a inundação das quedas
foram feitas varias manifestações, mas não surtiram efeito. O governo se
mostrava sem opção, procurando demonstrar a riqueza que a Hidrelétrica
traria ao país. Sem contar que eles também não procuraram dar muita
satisfação à população. Quando uma vez questionado por que não podia
fazer nada pelas quedas o Presidente brasileiro da época respondeu: “Se
eu salvar Sete Quedas, o que vou fazer com aquela tremenda construção de
Itaipu?”
O que mais nos intriga hoje em dia é a falta de respeito por parte do
governo com a natureza, como esses governantes não se sensibilizaram
com a beleza das Quedas? Como eles foram tão frios a ponto de matar uma
das mais belas obras divinas já presenciadas pelos homens? Como puderam
se deixar levar pela ganância?
Hoje já não se houve falar nela, a
própria Usina de Itaipu não se deu nem o trabalho de lhe fazer uma
homenagem. O governo procurou silenciar a covardia para a sua
prosperidade, ao contrario, a maior Hidrelétrica do mundo não seria tão
glorificada como é hoje. Mal sabemos nós os sacrifícios que a natureza
teve que sofrer para nos dar mais um pouco de suas forças.
Em 1982, o poeta Carlos Drummond de
Andrade expressa sua inconformidade com a destruição do Salto de Sete
Quedas, um patrimônio natural dos brasileiros e da humanidade: