ATO 1 - Em entrevista à beira do campo antes da bola
rolar, o técnico Marcelo Oliveira afirmou que o Cruzeiro investiria na
movimentação do trio de meias e no trabalho de pivô de Marcelo Moreno
para confundir o 3-5-2 da Universidad de Chile - herança dos tempos de
Jorge Sampaoli que o treinador Cristian Romero preservou.
No
entanto, a equipe celeste não conseguiu impor o volume de jogo do título
brasileiro em 2013. Muito pelo pouco brilho de Everton Ribeiro na
articulação a partir do lado direito. Sem fluência ofensiva, o time
brasileiro incomodava pouco, mesmo com domínio e arriscando nas
finalizações.
Para encaixar a marcação com sobra atrás, Castro e
Cereceda, alas da "La U", se alternavam como laterais formando uma linha
de quatro na defesa. Com Lorenzetti circulando para articular, o time
chileno controlava razoavelmente o jogo.
o 4 2 3 1 cruzeirense que se impos no primeiro tempo com as infiltraçoes de Ricardo Goulart que desarticularam o 3 4 1 2 da La U
ATO 2 - 29 minutos do primeiro tempo. José Rojas,
zagueiro pela esquerda, se machuca, sai de campo para receber
atendimento e volta mancando. Em paralelo, Marcelo Moreno passa a recuar
ou procurar um dos lados do campo para confundir a marcação e Ricardo
Goulart infiltra no espaço deixado pelo centroavante.
Em tese, o
responsável pela marcação do meia central do 4-2-3-1 celeste seria
Martínez. O volante, porém, só acompanhava até a entrada da área. Se
avançasse, passava a ser tratado como atacante e um dos zagueiros
encostava.
Quando Dagoberto cortou da esquerda para dentro, limpou
Caruzzo - zagueiro da sobra que saiu pela direita e deixou González no
centro - e acertou passe em diagonal para a penetração de Goulart. A
cobertura seria de Rojas. Com o defensor no sacrifício, ou Martínez
seguia o meia até o final, ou deixava para o ala Cereceda cobrir por
dentro. Nem uma coisa, nem outra. Primeiro gol de Goulart aos 33
minutos.
Flagrante
do momento em que Ricardo Goulart prepara a infiltração às costas do
lesionado José Rojas com a defesa chilena descoordenada.
ATO 3 - Na saída de bola, Lichnovsky já estava em
campo substituindo Rojas. Mas na sobra, não pela esquerda. Caruzzo foi
deslocado. Não houve tempo para a nova configuração do trio de zaga
acertar posicionamento e sistema de cobertura.
Aos 38, Everton
Ribeiro recebeu à direita, Cereceda marcou à distância, Caruzzo abriu as
costas e o meia achou Goulart novamente livre. Nem sinal do volante
Martínez. Lichnovsky saiu para cobrir, González ficou com Moreno e
Dagoberto, livre, completou o cruzamento com o peito.
No segundo gol, Goulart entra no buraco deixado por Caruzzo e Dagoberto fica livre para concluir o cruzamento.
Quatro minutos depois, com o rival tonto, funcionou a jogada forte do
Cruzeiro: escanteio cobrado pela esquerda por Everton Ribeiro, desvio de
Bruno Rodrigo e mais um de Ricardo Goulart. Aproveitar os problemas do
adversário também é mérito. Vitória encaminhada.
ATO 4 - A troca de Patrício Rúbio por Ramón
Fernández fez bem à equipe chilena. Lorenzetti, o meia articulador,
passou a procurar o lado esquerdo e inverter com o camisa dez. Em uma
espécie de 3-4-2-1, a Universidad de Chile dominou o meio-campo.
O
Cruzeiro relaxou com a vantagem e parou de reter a bola na frente com a
saída de Moreno para a entrada de Willian, que foi jogar à direita.
Everton Ribeiro centralizou e Ricardo Goulart avançou como atacante
único. Não funcionou desta vez.
Gol de Lorenzetti entrando entre
às costas de Dedé e início de pressão dos visitantes. Cristian Romero
trocou o inócuo Gutiérrez pelo rápido Rodrigo Mora. Ameaça?
ATO 5 - Marcelo Oliveira usou o bom e homogêneo
elenco cruzeirense para recuperar o domínio da partida. Trocou o exausto
Dagoberto por Marlone para voltar a ter velocidade na frente. Depois, o
mais importante, colocou Souza no lugar de Everton Ribeiro. Preencheu o
meio-campo plantando Rodrigo Souza à frente da zaga e alinhando Lucas
Silva e Souza em um 4-3-3/4-1-4-1.
Melhorou em marcação e
transição ofensiva. No desespero, a Universidad do Chile atacava
deixando o trio de zagueiros sem sobra contra o tridente ofensivo do
oponente. O suficiente para ir às redes com Willian, consagrar Ricardo
Goulart como o melhor em campo com três gols e uma assistência.
Mapa de toques de Ricardo Goulart: circulou mais à direita e teve forte presença na área.
O time de Marcelo Oliveira é mais Mourinho que Guardiola. Com 49% de
posse, goleou e finalizou 17 vezes contra apenas quatro do adversário -
11 a 2 na direção da meta (Footstats). Intensidade, transição veloz e
rapidez na tomada de decisão dos jogadores na criação das ações
ofensivas.
Os 5 a 1 colocam o Cruzeiro na liderança do Grupo 5
pelo saldo de gols. Mais que isso, confirmam a força do melhor time e do
elenco mais qualificado do país para manter a hegemonia brasileira no
continente.
Cruzeiro recuperou o meio-campo no 4-3-3/4-1-4-1 e matou no final a La U que cresceu com Lorenzetti mais adiantado.
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