Felipe Melo o Mascarado
A
Taça da Copa do Mundo estava a apenas alguns quilômetros de Felipe
Melo, em Istambul, capital da Turquia. Mas o volante brasileiro, um dos
protagonistas da Seleção em 2010, não demonstrou interesse em ver de
perto seu maior objeto de desejo na carreira. O jogador do Galatasaray
garante que a cicatriz pela eliminação para a Holanda já está fechada,
mas é categórico ao revelar sua ambição.
- Eu não tenho vontade alguma de ver a taça. Eu quero tocá-la e beijá-la. Quero ser campeão mundial pelo Brasil - afirmou.
Ídolo do Galatasaray, Felipe Melo recebeu a reportagem do GloboEsporte.com em sua casa, em Istambul, e falou abertamente sobre o episódio de 2010 e seu desejo de retornar à Seleção. A convivência com Drogba e Sneijder no time turco, a vida no país - com direito a carro adaptado para suportar o trânsito pesado - e até os protestos no Brasil e na Turquia foram temas da conversa. Confira a entrevista:
Felipe Melo: Não tenho vontade alguma de ver a taça. Tenho vontade de levantá-la e dar um beijo nela como campeão. Ver a taça... Isso não me seduz.
Você ainda pensa em voltar à Seleção? Está resolvido quanto a isso?
Bom, eu fui eleito há pouco tempo o melhor meio-campista brasileiro na Europa. Por falta de qualidade é que o Felipão não tem me chamado. É por opção dele. Respeito a opção dele, mas não deixo de sonhar. A minha esperança nunca morre. Eu sou daquele que crê que a porta que Deus abre ninguém fecha. No momento que Deus achar que tenho que voltar à Seleção, ele vai abrir a porta. O que tenho que fazer eu tenho feito: trabalhando com muita seriedade, respeitando o próximo e os companheiros.
Acha que ainda dá para disputar a Copa de 2014?
Por que não? É difícil como tudo na vida, mas para Deus não é impossível. Se tiver que ser vai ser. Eu tenho que estar bem preparado, continuar trabalhando, mas nunca deixar de sonhar.
Alguém chegou a te procurar para falar sobre a Seleção, saber como você está?
Não, nunca.
A Copa de 2018 também não é impossível.
Com certeza não. A ideia é a Copa do Mundo. Se não, tem a Copa América.
Sua ideia é voltar à Seleção?
Minha ideia é ser campeão mundial com o Brasil. Independentemente se é no Brasil ou na China. Eu quero ser campeão mundial com o Brasil. Fui campeão da Copa das Confederações, e a sensação é incrível. Você poder realizar um sonho de criança. Ser titular da Seleção e levantar um caneco... É muito mais do que sonhei.
A história de 2010 ainda te incomoda?
Nunca me incomodou, porque foi coisa criada pela imprensa. Sou tranquilo quanto a isso. As pessoas criticam, e logo depois sai na Fifa que Felipe Melo foi eleito o jogador mais versátil, com maior índice de passes. Ou seja, eu trabalho com números. Se quiser me criticar, pode me criticar, sem problema algum. A gente não vai agradar a todos. O importante é estar bem comigo mesmo e com a minha família.
Então, você acha que não foi por isso que você está fora da Seleção?
Não sei por que estou fora. Mas não posso crer que um treinador como o Felipão possa deixar de convocar um jogador porque ele foi expulso. Ainda mais o Felipão, que é um camarada que, falando um palavreado bem claro, ele tem c... Lembro que ele deixou o Romário fora de uma Copa do Mundo quando todo mundo tava em cima dele. O Felipão não é isso não, é campeão mundial, é um camarada que, se tiver que chamar, vai chamar. Acho que é por opção, e respeito a opção dele. Mas não deixo de trabalhar e sonhar com meu objetivo.
Por ironia do destino, você reencontrou o Sneijder no Galatasaray.
Não creio que foi ironia. Sinceramente, é uma alegria muito grande poder atuar com um jogador que vai te dar bicho. Um cara muito bom. Nós não perdemos para o Sneijder na Copa, e sim para a Holanda.
Ele é seu amigo?
Eu sou um cara muito fechado, tenho amigos de infância. No clube, tenho alguns colegas mais próximos, e o Sneijder é um deles. A gente vem jogando contra desde a época da Espanha, quando ele jogava no Real, depois no dérbi da Itália. A gente tem uma afinidade grande, ele fala espanhol e italiano, assim como eu. A gente está sempre junto no clube, mas fora é um pouco difícil, porque ele mora no centro de Istambul, e aqui as coisas são muito distantes. Mas somos mais próximos do que apenas colegas de trabalho.
Ele já falou com você sobre aquele jogo em 2010?
Não, nunca falamos disso. Ele me conhece bem, e eu nunca dei intimidade para ele brincar com isso, até porque foi uma coisa que me marcou muito. Não a expulsão, mas a derrota. A derrota me marcou muito, porque foi injusta. Mas o futebol não tem lógica.
Foi a maior decepção da sua carreira?
Decepção? Não. Foi uma tristeza muito grande, mas que já foi superada. Apesar de eu nunca ter visto o jogo e nunca ter tido vontade de assistir, porque é uma coisa que eu não gosto de lembrar. Mas acontece, bola para frente.
Vocês confiavam muito no título?
Muito. Internamente nós éramos muito fechados. Se pegarem as outras Copas, sempre teve problema de comportamento, mas naquela Copa não teve nada. Era todo mundo muito fechado. Vencemos tudo o que poderíamos. Tenho muito orgulho de ter feito parte daquele grupo. Tenho foto da Copa do Mundo, coisas da Copa das Confederações.
O amor que tenho pelo Flamengo é tão grande que é difícil pensar em voltar, porque são muitas coisas que envolvem... Não quero voltar para o Flamengo e brigar para não cair. Quero voltar e brigar pelo título da Libertadores. É difícil falar do futuro, não sei. Todo mundo sabe que sou torcedor do Flamengo, mas sou profissional. Gosto muito do São Paulo, já agradeci várias vezes à torcida do São Paulo pelo carinho, é um clube que eu jogaria fácil também. Mas sou flamenguista. Por que não no futuro? Também não queria voltar para o Flamengo com 36 anos. Se eu tiver que voltar, vai ser para dar um caldo ainda.
Você pensa em voltar para o Brasil após o fim do contrato com o Galatasaray?
Não. Hoje eu penso em vencer a Liga dos Campeões, tenho condições para isso.
No Galatasaray?
Na Europa, né (risos)? O Galatasaray é o clube onde eu tenho feito história, e isso é muito bacana. Se tiver que ficar aqui para continuar essa história, sem problema, mas a gente não sabe do futuro. Não sabe se vem uma compra, se o Galatasaray vende, se tem renovação. O pensamento é continuar fazendo história aqui.
Você já recebeu sondagens de outros clubes da Europa?
Depois do meu primeiro ano aqui, eu recebi uma oferta do Bayern de Munique, mas por pouco dinheiro não fechei, e eles compraram o Javi Martínez. Esta foi a oferta séria que recebi.
Você não fechou, e a partir dali o Bayern ganhou tudo.
Na verdade, o Galatasaray já estava apalavrado comigo. O Galatasaray estava demorando para exercer a compra, e eu realmente pensei em sair, porque o Galatasaray tinha que se mover. Mas, aí, o pessoal do clube me ligou, na época ainda era o (técnico) Fatih Terim, disse que queria que eu ficasse. Ali já deu uma esfriada na situação com o Bayern. No Galatasaray não venci a Champions, mas ganhei tudo o que podia na Turquia, sou ídolo nacional. Estou muito honrado aqui.
Conversei com muitos torcedores do Galatasaray, e todos eles disseram gostar de você. Como você explica esta admiração?
Primeiro, pelos títulos conquistados. Ganhei tudo que podia ganhar na Turquia. Segundo, é o profissionalismo que tenho, sempre treinando e jogando em alto nível, sendo o pitbull que eles me conhecem. Lembro que quando perdemos por 6 a 1 para o Real em casa eu saí aplaudido, porque sempre corro e quero vencer. Quando saio nas ruas vejo o carinho que todos têm por mim, não só o torcedor do Galatasaray. Hoje me considero ídolo nacional. Existe respeito pelo profissional. Acho que falta isso no Brasil. Contra o Chelsea, joguei com duas costelas fraturadas, se tiver que jogar com 40 graus de febre, vou jogar. As pessoas aqui sabem enxergar isso.
Você acha que no Brasil não é assim?
No Brasil, se você está bem, beleza. Se faz um jogo mal, tacam dinamite, esquecem do profissional. Existem críticas e críticas. Tudo bem criticar o profissional quando não vai bem no jogo, mas as pessoas passam do limite.
Essa imagem de jogador violento que você tem no Brasil te incomoda?
Imagem de jogador violento por causa de uma expulsão? Isso é piada dentro da minha casa. Nunca quebrei perna de ninguém, nunca mandei ninguém pro hospital. Tenho poucas expulsões na carreira. Sou viril, corro dentro de campo, mas foi isso que me fez chegar onde estou. A verdade é: quem não quer um pitbull dentro do seu time? Um cara para lutar, correr, para dar aquela gana. Não vou negar, não posso fugir do erro da Copa do Mundo. Aquilo foi um erro, mas não aconteceu mais. Os erros servem para a gente aprender. Hoje tenho 30 anos, e a tendência é você melhorar e crescer, no aspecto mental também.
Você falou que todo time precisa de um pitbull. Não está faltando um desses no Flamengo?
Lá até tem um pitbull. O Amaral, né? Acho isso bacana. Ele é um jogador que corre, luta bastante, todo time precisa de um jogador assim. Pitbull que eu digo é aquele capitão, líder dentro de campo.
Você pensa em ser capitão do Galatasaray?
Mas eu já sou capitão. Capitão não é só o que usa a braçadeira (contra o Chelsea, o meia Selçuk Inan a utilizou). Já usei a braçadeira, mas isso não me seduz. Se eu tiver que falar com o Drogba ele vai me escutar, porque ele sabe que, se o treino começa às 9h, eu vou estar lá, com sol, chuva, treinando sempre 100%.
Como são essas conversas com o Drogba?
Ah, acontecem em vários jogos. Como ele também já falou comigo várias vezes. Às vezes é uma bola que ele poderia ter ganhado, mas não foi nela. Eu o chamo no canto e digo que ele poderia ter ganhado a bola, e ele diz: "Com certeza, na próxima eu vou". Como ele já me chamou e pediu para eu fazer as coisas mais fáceis. Dentro de campo é desta maneira. Time de mudo não vai chegar a lugar algum.
Ele é gente boa?
Gente finíssima, da melhor qualidade. Um cara que já ganhou tudo que podia... É um camarada fora de série. Eu aprendi no futebol uma coisa: quando você joga contra uns b... que acham que são alguma coisa, eles metem uma marra do caramba. Quando joga contra pessoas que já ganharam tudo, elas são de uma simplicidade incrível. Acho que esse é o diferencial entre as pessoas que chegam e as que não chegam.
Como é a sua vida na Turquia? Que lugares você gosta de visitar?
Na realidade, nunca visitei lugar algum. Tenho muita vontade de ir no Grande Bazar, mas nunca fui. Gosto muito da vida que tenho aqui, é muito tranquila. Os restaurantes são magníficos, onde se come muito bem. As pessoas te respeitam, te tratam bem.
No ano passado, a exemplo do Brasil, a Turquia também teve muitos protestos. Conversei com algumas pessoas, e elas disseram que a Turquia é muito parecida com o Brasil, porque teve um crescimento econômico, mas isso não se reflete na parte social nem nos serviços. O trânsito é ruim...Isso. Eu fiz um carro para mim, que chamo de minha sala sobre rodas, porque o trânsito de Istambul é estressante. Botei uma televisão, uma cama. Tive que fazer isso. Contratei um motorista, então dentro do carro tenho computador, internet, videogame. Quando vejo, já cheguei aonde queria. Quando aconteceram as manifestações, eu estava de férias no Brasil, acompanhei de longe. Mas a Turquia se parece muito com o Brasil, isso de estar bem economicamente, mas você não vê isso nas coisas sociais. No nordeste tem seca, quando começa a chover as casas caem, famílias perdem tudo. Na Turquia eu não vejo muito isso, porque não acompanho, não vejo televisão, mas a gente escuta muito falarem sobre isso.
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lembrando que ele entregou o ouro pra holanda,esse cara e muito ruim e falso isso define felipe melo mascarado
- Eu não tenho vontade alguma de ver a taça. Eu quero tocá-la e beijá-la. Quero ser campeão mundial pelo Brasil - afirmou.
Felipe Melo abre sua casa ao GloboEsporte.com e diz que ainda sonha com a Seleção (Foto: Felipe Schmidt)
Apontado
por parte da opinião pública como um dos vilões da eliminação do Brasil
em 2010, quando foi expulso na derrota por 2 a 1 para a Holanda nas
quartas de final, Felipe garante que superou o episódio. Admite o erro,
mas diz que nunca se sentiu culpado pelo revés. E ainda mantém a
esperança em retornar à Seleção. Afinal, como ele mesmo diz, "quem não
quer um pitbull em seu time?"
saiba mais
- Por que não (voltar à Seleção)? É difícil ser
convocado, como tudo na vida. Mas não deixo de sonhar. A minha esperança
nunca morre. Não vou negar, não posso fugir do erro da Copa do Mundo.
Aquilo foi um erro, mas não aconteceu mais. Os erros servem para a gente
aprender. Hoje tenho 30 anos, e a tendência é você melhorar e crescer,
no aspecto mental também - completou o volante.Ídolo do Galatasaray, Felipe Melo recebeu a reportagem do GloboEsporte.com em sua casa, em Istambul, e falou abertamente sobre o episódio de 2010 e seu desejo de retornar à Seleção. A convivência com Drogba e Sneijder no time turco, a vida no país - com direito a carro adaptado para suportar o trânsito pesado - e até os protestos no Brasil e na Turquia foram temas da conversa. Confira a entrevista:
Yuichi Nishimura dá cartão vermelho para Felipe Melo após lance com Arjen Robben (Foto: agência Getty Images)
GLOBOESPORTE.COM: A Taça da Copa do Mundo está em Istambul. Você ficou com vontade de ir vê-la?Felipe Melo: Não tenho vontade alguma de ver a taça. Tenho vontade de levantá-la e dar um beijo nela como campeão. Ver a taça... Isso não me seduz.
Você ainda pensa em voltar à Seleção? Está resolvido quanto a isso?
Bom, eu fui eleito há pouco tempo o melhor meio-campista brasileiro na Europa. Por falta de qualidade é que o Felipão não tem me chamado. É por opção dele. Respeito a opção dele, mas não deixo de sonhar. A minha esperança nunca morre. Eu sou daquele que crê que a porta que Deus abre ninguém fecha. No momento que Deus achar que tenho que voltar à Seleção, ele vai abrir a porta. O que tenho que fazer eu tenho feito: trabalhando com muita seriedade, respeitando o próximo e os companheiros.
Acha que ainda dá para disputar a Copa de 2014?
Por que não? É difícil como tudo na vida, mas para Deus não é impossível. Se tiver que ser vai ser. Eu tenho que estar bem preparado, continuar trabalhando, mas nunca deixar de sonhar.
Alguém chegou a te procurar para falar sobre a Seleção, saber como você está?
Não, nunca.
A Copa de 2018 também não é impossível.
Com certeza não. A ideia é a Copa do Mundo. Se não, tem a Copa América.
Sua ideia é voltar à Seleção?
Minha ideia é ser campeão mundial com o Brasil. Independentemente se é no Brasil ou na China. Eu quero ser campeão mundial com o Brasil. Fui campeão da Copa das Confederações, e a sensação é incrível. Você poder realizar um sonho de criança. Ser titular da Seleção e levantar um caneco... É muito mais do que sonhei.
A história de 2010 ainda te incomoda?
Nunca me incomodou, porque foi coisa criada pela imprensa. Sou tranquilo quanto a isso. As pessoas criticam, e logo depois sai na Fifa que Felipe Melo foi eleito o jogador mais versátil, com maior índice de passes. Ou seja, eu trabalho com números. Se quiser me criticar, pode me criticar, sem problema algum. A gente não vai agradar a todos. O importante é estar bem comigo mesmo e com a minha família.
Então, você acha que não foi por isso que você está fora da Seleção?
Não sei por que estou fora. Mas não posso crer que um treinador como o Felipão possa deixar de convocar um jogador porque ele foi expulso. Ainda mais o Felipão, que é um camarada que, falando um palavreado bem claro, ele tem c... Lembro que ele deixou o Romário fora de uma Copa do Mundo quando todo mundo tava em cima dele. O Felipão não é isso não, é campeão mundial, é um camarada que, se tiver que chamar, vai chamar. Acho que é por opção, e respeito a opção dele. Mas não deixo de trabalhar e sonhar com meu objetivo.
Por ironia do destino, você reencontrou o Sneijder no Galatasaray.
Não creio que foi ironia. Sinceramente, é uma alegria muito grande poder atuar com um jogador que vai te dar bicho. Um cara muito bom. Nós não perdemos para o Sneijder na Copa, e sim para a Holanda.
Ele é seu amigo?
Eu sou um cara muito fechado, tenho amigos de infância. No clube, tenho alguns colegas mais próximos, e o Sneijder é um deles. A gente vem jogando contra desde a época da Espanha, quando ele jogava no Real, depois no dérbi da Itália. A gente tem uma afinidade grande, ele fala espanhol e italiano, assim como eu. A gente está sempre junto no clube, mas fora é um pouco difícil, porque ele mora no centro de Istambul, e aqui as coisas são muito distantes. Mas somos mais próximos do que apenas colegas de trabalho.
Ele já falou com você sobre aquele jogo em 2010?
Não, nunca falamos disso. Ele me conhece bem, e eu nunca dei intimidade para ele brincar com isso, até porque foi uma coisa que me marcou muito. Não a expulsão, mas a derrota. A derrota me marcou muito, porque foi injusta. Mas o futebol não tem lógica.
Felipe Melo comemora o aniversário de 1 ano do filho Luke ao lado da família (Foto: Reprodução / Instagram)
Foi a maior decepção da sua carreira?
Decepção? Não. Foi uma tristeza muito grande, mas que já foi superada. Apesar de eu nunca ter visto o jogo e nunca ter tido vontade de assistir, porque é uma coisa que eu não gosto de lembrar. Mas acontece, bola para frente.
Vocês confiavam muito no título?
Muito. Internamente nós éramos muito fechados. Se pegarem as outras Copas, sempre teve problema de comportamento, mas naquela Copa não teve nada. Era todo mundo muito fechado. Vencemos tudo o que poderíamos. Tenho muito orgulho de ter feito parte daquele grupo. Tenho foto da Copa do Mundo, coisas da Copa das Confederações.
Felipe Melo relaxa em casa (Foto: Felipe Schmidt)
Ainda pensa em voltar ao Flamengo?O amor que tenho pelo Flamengo é tão grande que é difícil pensar em voltar, porque são muitas coisas que envolvem... Não quero voltar para o Flamengo e brigar para não cair. Quero voltar e brigar pelo título da Libertadores. É difícil falar do futuro, não sei. Todo mundo sabe que sou torcedor do Flamengo, mas sou profissional. Gosto muito do São Paulo, já agradeci várias vezes à torcida do São Paulo pelo carinho, é um clube que eu jogaria fácil também. Mas sou flamenguista. Por que não no futuro? Também não queria voltar para o Flamengo com 36 anos. Se eu tiver que voltar, vai ser para dar um caldo ainda.
Você pensa em voltar para o Brasil após o fim do contrato com o Galatasaray?
Não. Hoje eu penso em vencer a Liga dos Campeões, tenho condições para isso.
No Galatasaray?
Na Europa, né (risos)? O Galatasaray é o clube onde eu tenho feito história, e isso é muito bacana. Se tiver que ficar aqui para continuar essa história, sem problema, mas a gente não sabe do futuro. Não sabe se vem uma compra, se o Galatasaray vende, se tem renovação. O pensamento é continuar fazendo história aqui.
Você já recebeu sondagens de outros clubes da Europa?
Depois do meu primeiro ano aqui, eu recebi uma oferta do Bayern de Munique, mas por pouco dinheiro não fechei, e eles compraram o Javi Martínez. Esta foi a oferta séria que recebi.
Você não fechou, e a partir dali o Bayern ganhou tudo.
Na verdade, o Galatasaray já estava apalavrado comigo. O Galatasaray estava demorando para exercer a compra, e eu realmente pensei em sair, porque o Galatasaray tinha que se mover. Mas, aí, o pessoal do clube me ligou, na época ainda era o (técnico) Fatih Terim, disse que queria que eu ficasse. Ali já deu uma esfriada na situação com o Bayern. No Galatasaray não venci a Champions, mas ganhei tudo o que podia na Turquia, sou ídolo nacional. Estou muito honrado aqui.
Conversei com muitos torcedores do Galatasaray, e todos eles disseram gostar de você. Como você explica esta admiração?
Primeiro, pelos títulos conquistados. Ganhei tudo que podia ganhar na Turquia. Segundo, é o profissionalismo que tenho, sempre treinando e jogando em alto nível, sendo o pitbull que eles me conhecem. Lembro que quando perdemos por 6 a 1 para o Real em casa eu saí aplaudido, porque sempre corro e quero vencer. Quando saio nas ruas vejo o carinho que todos têm por mim, não só o torcedor do Galatasaray. Hoje me considero ídolo nacional. Existe respeito pelo profissional. Acho que falta isso no Brasil. Contra o Chelsea, joguei com duas costelas fraturadas, se tiver que jogar com 40 graus de febre, vou jogar. As pessoas aqui sabem enxergar isso.
Felipe Melo comemora a vitória do Galatasaray sobre o Juventus em partida válida pela Liga dos Campeões (Foto: AP)
Você acha que no Brasil não é assim?
No Brasil, se você está bem, beleza. Se faz um jogo mal, tacam dinamite, esquecem do profissional. Existem críticas e críticas. Tudo bem criticar o profissional quando não vai bem no jogo, mas as pessoas passam do limite.
Essa imagem de jogador violento que você tem no Brasil te incomoda?
Imagem de jogador violento por causa de uma expulsão? Isso é piada dentro da minha casa. Nunca quebrei perna de ninguém, nunca mandei ninguém pro hospital. Tenho poucas expulsões na carreira. Sou viril, corro dentro de campo, mas foi isso que me fez chegar onde estou. A verdade é: quem não quer um pitbull dentro do seu time? Um cara para lutar, correr, para dar aquela gana. Não vou negar, não posso fugir do erro da Copa do Mundo. Aquilo foi um erro, mas não aconteceu mais. Os erros servem para a gente aprender. Hoje tenho 30 anos, e a tendência é você melhorar e crescer, no aspecto mental também.
Você falou que todo time precisa de um pitbull. Não está faltando um desses no Flamengo?
Lá até tem um pitbull. O Amaral, né? Acho isso bacana. Ele é um jogador que corre, luta bastante, todo time precisa de um jogador assim. Pitbull que eu digo é aquele capitão, líder dentro de campo.
Você pensa em ser capitão do Galatasaray?
Mas eu já sou capitão. Capitão não é só o que usa a braçadeira (contra o Chelsea, o meia Selçuk Inan a utilizou). Já usei a braçadeira, mas isso não me seduz. Se eu tiver que falar com o Drogba ele vai me escutar, porque ele sabe que, se o treino começa às 9h, eu vou estar lá, com sol, chuva, treinando sempre 100%.
Como são essas conversas com o Drogba?
Ah, acontecem em vários jogos. Como ele também já falou comigo várias vezes. Às vezes é uma bola que ele poderia ter ganhado, mas não foi nela. Eu o chamo no canto e digo que ele poderia ter ganhado a bola, e ele diz: "Com certeza, na próxima eu vou". Como ele já me chamou e pediu para eu fazer as coisas mais fáceis. Dentro de campo é desta maneira. Time de mudo não vai chegar a lugar algum.
Ele é gente boa?
Gente finíssima, da melhor qualidade. Um cara que já ganhou tudo que podia... É um camarada fora de série. Eu aprendi no futebol uma coisa: quando você joga contra uns b... que acham que são alguma coisa, eles metem uma marra do caramba. Quando joga contra pessoas que já ganharam tudo, elas são de uma simplicidade incrível. Acho que esse é o diferencial entre as pessoas que chegam e as que não chegam.
Como é a sua vida na Turquia? Que lugares você gosta de visitar?
Na realidade, nunca visitei lugar algum. Tenho muita vontade de ir no Grande Bazar, mas nunca fui. Gosto muito da vida que tenho aqui, é muito tranquila. Os restaurantes são magníficos, onde se come muito bem. As pessoas te respeitam, te tratam bem.
Felipe Melo comemora o gol marcado na vitória sobre o Copenhague, pela Liga dos Campeões (Foto: Reuters)
No ano passado, a exemplo do Brasil, a Turquia também teve muitos protestos. Conversei com algumas pessoas, e elas disseram que a Turquia é muito parecida com o Brasil, porque teve um crescimento econômico, mas isso não se reflete na parte social nem nos serviços. O trânsito é ruim...Isso. Eu fiz um carro para mim, que chamo de minha sala sobre rodas, porque o trânsito de Istambul é estressante. Botei uma televisão, uma cama. Tive que fazer isso. Contratei um motorista, então dentro do carro tenho computador, internet, videogame. Quando vejo, já cheguei aonde queria. Quando aconteceram as manifestações, eu estava de férias no Brasil, acompanhei de longe. Mas a Turquia se parece muito com o Brasil, isso de estar bem economicamente, mas você não vê isso nas coisas sociais. No nordeste tem seca, quando começa a chover as casas caem, famílias perdem tudo. Na Turquia eu não vejo muito isso, porque não acompanho, não vejo televisão, mas a gente escuta muito falarem sobre isso.
© Copyright 2014Globo Comunicação e Participações S.A
lembrando que ele entregou o ouro pra holanda,esse cara e muito ruim e falso isso define felipe melo mascarado