A população está refém da criminalidade

Por Bispo Domingos Siqueira



O Brasil está entre os países mais violentos do mundo. A impressão que temos é que estamos vivendo em uma guerra civil, aliás, há mais mortes provocadas pela violência urbana do que em algumas guerras em certos lugares do mundo.
O envolvimento avassalador de menores de 18 anos na criminalidade tem contribuído muito com esses altos índices. São quadrilhas formadas por menores que promovem sequestros de pessoas em bairros de classe média alta nos grandes centros como São Paulo, e que têm, inclusive, a participação de meninas, com idades que variam entre 13 anos e 17 anos.
As estatísticas são alarmantes: a cada três horas um cidadão morre assassinado por um menor. A sensação que o brasileiro tem é de que foi total e completamente abandonado pelo poder público.
Há duas vertentes no Brasil: os que apoiam e defendem a redução da maioridade penal de 18 anos para 16 anos e os que são totalmente contra.
No dia 19 de fevereiro, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado Federal rejeitou a proposta de mudanças nas regras atuais, que possibilitava o julgamento e a condenação, já a partir dos 16 anos, de pessoas acusadas de crimes hediondos, tráfico de drogas, tortura e terrorismo. O projeto voltará à pauta do Senado no mês que vem para ser discutido e votado, segundo o senador Renan Calheiros.
Convém salientar que em muitos países que, diga-se de passagem, não têm a violência em níveis tão elevados como no Brasil, a exemplo dos Estados Unidos, da Inglaterra, do Japão e outros, adolescentes entre 11 e 16 anos respondem na Justiça por seus atos.
Mais de 90% dos brasileiros querem a redução da maioridade penal, segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), de 18 anos para 16 anos. De fato, alguma coisa tem que ser feita, pois as medidas adotadas até aqui não têm surtido nenhum efeito. A população está refém da criminalidade.
Todos têm que fazer a sua parte. Não bastam discussões que não levam a nada. O governo tem que agir: investir na educação, em projetos que incentivem os jovens e que os faça acreditar no futuro.  Vidas não podem continuar se perdendo e desculpas sendo apresentadas. Quem está de luto pela perda do marido, da esposa, do filho ou da filha, do pai ou da mãe, do irmão ou da irmã, não quer saber de discursos, mas de atitudes.
Será que não é algo completamente sem nexo um adolescente de 16 anos ser considerado apto para decidir o futuro de uma nação com o seu voto e não poder responder criminalmente por seus atos? Será que as crianças e os adolescentes de hoje são como os de duas ou três décadas atrás? Como eram suas mentes outrora e como são hoje nesse mundo dominado pela internet? Que Deus nos ajude. 
fonte:Folha Universal
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