Josep maria bartolomeu novo presidente do barcelona
Bartomeu na sala presidencial: dirigente atendeu os canais ESPN por meia-hora e falou sobre vários temas
Josep Maria Bartomeu, presidente do Barcelona desde o fim de janeiro, é um sujeito que sorri com facilidade. Foi assim desde sua primeira entrevista no comando do clube, mesmo em meio ao furacão do caso Neymar.
Foi assim, também, no bate-papo com os canais ESPN, um dia após a vitória do Barcelona sobre o Manchester City, no Camp Nou, em sua primeira entrevista exclusiva a um meio de comunicação brasileiro.
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Durante meia-hora, Bartomeu respondeu a todas as perguntas. Em uma delas, pediu para responder de novo pois havia repetido o nome de um jogador; no fim da entrevista, acrescentou detalhes a uma resposta que não havia sido suficientemente completa.
Em quase trinta minutos de conversa, Bartomeu falou dos principais temas que envolvem o clube - tanto atualmente quanto em termos históricos. O presidente mostrou-se confiante em Neymar, a quem aponta como futuro candidato a melhor do mundo; comentou sobre o plano de reformular o Camp Nou; falou a respeito da renovação do elenco.
Bartomeu também respondeu, é claro, sobre toda a polêmica envolvendo o contrato do brasileiro. Para ele, houve uma interpretação equivocada da questão fiscal, o que levou o clube a pagar impostos duas vezes. E diante da pergunta inevitável sobre a saída de Sandro Rosell, seu amigo e antecessor, ele disse que o ex-presidente saiu por motivos que nada têm a ver com Neymar.
Leia, abaixo, a entrevista completa com o presidente do Barcelona:
Presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu, em entrevista à ESPN Brasil, na sede do clube catalão
ESPN.com.br - Evaristo, Ronaldinho, Rivaldo, Ronaldo, Romário... O Barcelona tem uma relação especial com o futebol brasileiro. O que o senhor acha desta relação, e como Neymar pode fazer parte disso?
Josep Maria Bartomeu - É verdade que o Barça e o Brasil têm tido, desde há muito tempo, uma relação muito estreita. Nós gostamos disso, sempre vemos o futebol do Brasil, o ‘jogo bonito', e é isso que tentamos praticar aqui, um jogo bonito, que agrade à torcida. Eu me lembro muito bem de Rivaldo, Romário, Ronaldo... Mas sobretudo de Ronaldinho. Ronaldinho foi um jogador que mudou a história deste clube. Devemos muito do que somos hoje em dia a ele - também aos demais, mas sobretudo a ele. Hoje em dia temos aqui o Neymar. Ele é um jogador jovem, um jogador que nossos técnicos pediram que contratássemos com urgência, porque tem um futebol diferente, um futebol alegre, um futebol muito descontraído, e é um estilo que agrada muito aos torcedores do Barcelona. Ele está em seu primeiro ano, e como um jogador que ainda está se adaptando à equipe, vai entrando pouco a pouco no estilo de jogo. Ele tem feito isso muito bem, estamos muito satisfeitos com ele até agora, ele teve má sorte com uma lesão um pouco grave. Mas dá para ver quando ele joga, da forma como pega na bola, que é um jogador diferente, um jogador que dá espetáculo, e além disso um grande companheiro para sua equipe.
Bartomeu e o contrato de Neymar: presidente assumiu em meio ao caos e, um dia depois, mostrou os valores
ESPN.com.br - Além da má sorte com a lesão, Neymar também passou por toda essa polêmica referente ao contrato. Agora que o assunto parece estar ficando para trás, qual é a avaliação que o senhor, como presidente do Barcelona, faz do que aconteceu? Quem errou nessa história?
Bartomeu - Acho que sobre esse assunto do contrato do Neymar, alguém não estava com boas intenções com o nosso clube. Não sabemos quem. Porque o contrato de Neymar foi totalmente legal, um contrato perfeitamente ajustado aos padrões que a Fifa e a Uefa determinam. Então foi um contrato perfeito. Mas o fato é que tivemos um problema com um juiz na Espanha e com a receita, porque nos solicitaram que pagássemos impostos na Espanha. Só que nós já havíamos pago impostos no Brasil, junto da família de Neymar. E agora também pagamos impostos na Espanha. Tivemos de pagar impostos em dois países diferentes, quando Brasil e Espanha têm um acordo para que não se pague impostos em dois lugares diferentes. Esperamos agora que este assunto se resolva rapidamente, e que os dois governos - de Brasil e Espanha - cheguem a um acordo e que apenas um deles cobre os impostos. Estamos muito tranquilos e agimos perfeitamente. Mas é um assunto fiscal, de interpretação. Neste caso, acredito que o problema foi esse. Tudo agora está menos tumultuado e estamos falando quase que somente de futebol, de competições, de esporte. Esse assunto está esquecido, até o dia em que se tome a decisão final das duas fazendas públicas.
ESPN.com.br - Se não houve nenhum erro do clube, então por que Sandro Rosell deixou a presidência?
Bartomeu - O presidente não saiu por esta questão. O presidente renunciou por assuntos pessoais, ele explicou isso no anúncio de sua saída. Foram assuntos estritamente pessoais, que nada têm a ver com Neymar. O que aconteceu nessa história do Neymar é que houve um sócio do nosso clube que solicitou mais informações sobre o contrato, e nós não podíamos dá-las porque havia um acordo de confidencialidade. Mas agradecemos ao pai de Neymar que nos permitiu explicar os detalhes do contrato e assim o fizemos. Explicamos perfeitamente e à exaustão esses detalhes, e ficou claro que o contrato estava dentro da lei. Nosso presidente não renunciou pelo Caso Neymar, foram motivos pessoais, que respeitamos muitíssimo. Em quatro anos no clube, Rosell fez um trabalho excelente.
Segundo Bartomeu, Rosell deixou o clube por motivos pessoais
ESPN.com.br - E por que o clube pagou os 13,5 milhões de euros à Receita espanhola?
Bartomeu - Quando contratamos Neymar, pagamos os impostos no Brasil, juntamente com a família de Neymar. Era o que tínhamos de fazer, pelo que estava previsto nos contratos. Depois dessa possível interpretação que fez o juiz aqui na Espanha, o que fizemos foi depositar os 13,5 milhões dos impostos da Espanha, para não correr riscos. Pagamos impostos duas vezes, no Brasil e na Espanha. Na Espanha, repito, fizemos isso por prudência, por sermos prudentes e evitar possíveis multas no futuro. Agora as duas Fazendas têm de chegar a um acordo, porque como clube não podemos pagar impostos duas vezes. Estamos tranquilos porque pagamos os dois países, mas agora esperamos que cheguem a um acordo e, então, o país que nos deve terá de devolver o dinheiro.
ESPN.com.br - Falando de Neymar dentro de campo. Hoje o Barcelona tem Messi, que é o craque do presente. Quando Messi chegou ao time principal, Ronaldinho era o protagonista. Então, com o tempo, houve uma transição deste protagonismo de Ronaldinho para Messi. O senhor acha que o mesmo pode acontecer de Messi para Neymar?
Bartomeu - É certo que em 2005, 2006 e 2007 vivemos essa transição Ronaldinho-Messi e, bem, depois o Messi transformou-se no melhor jogador do mundo. Agora ele está há quatro anos ganhando a Bola de Ouro, este ano não conseguiu, mas poderá ganhar no próximo e no outro... Messi é um jogador diferente, é um jogador espetacular, como Neymar, mas aí entra a questão da idade: Messi é mais velho, mais experiente. Neymar, pelo que está jogando e pelo que ainda vai jogar, é um jogador que tem pela frente um futuro esplêndido, um futuro espetacular, também. Eu me atreveria a dizer que, nos próximos anos, Neymar será um jogador ainda mais admirado em todo o mundo. É possível que tenhamos essa transição, mas isso é algo que não posso dizer. O que posso dizer é que hoje temos um jogador que tem nos deixado muito feliz e que tem dado passos gigantescos para ser um jogador ainda melhor no futuro.
Novo Camp Nou: se aprovado, projeto será concluído em 2017
ESPN.com.br - No dia 5 de abril, os sócios votarão em um referendo para decidir sobre o projeto de construção de um novo estádio. É difícil convencer um sócio que pretende votar "não" de que, mesmo em um país em crise, o clube precise gastar 600 milhões de euros em um estádio?
Bartomeu - O Barcelona é um clube diferente da maioria dos clubes do mundo. Temos 164 mil sócios, e são 164 mil proprietários, então eles votam e eles decidem o futuro do clube. Neste caso, nós, como junta diretiva, lançamos esta votação do dia 5 de abril para os sócios, os proprietários, decidam que futuro queremos para o clube nesse âmbito de um novo Camp Nou, de um novo ginásio para basquete e de outras coisas que queremos construir. Já fizemos uma exposição itinerante, uma exposição permanente, e os sócios estão muito animados. Nosso clube tem o Camp Nou, que tem mais de 50 anos de história e temos que fazer uma renovação: uma renovação muito profunda, uma melhora das cadeiras, do sistema de circulação, acessos, alimentação, uma melhora nos estacionamentos. Mudar todo o estádio, ampliá-lo, cobri-lo para que nos dias de chuva e vento o sócio não se sinta prejudicado. O sócio que talvez esteja em dúvida sobre essa proposta certamente está com dúvidas econômicas. É justo perguntar que em um país em que temos uma certa crise econômica, como o Barcelona pode gastar tanto? Bem, o país está melhorando. A Espanha como país está melhorando suas condições econômicas. E também nosso clube, como um dos maiores do mundo e com um faturamento muito alto, fizemos um plano de financiamento em que um terço do valor será adquirido por empréstimo junto a um banco, um terço sairá dos cofres do clube e o terço final será negociado com naming rights. Vamos colocar um sobrenome no Camp Nou. Vamos seguir respeitando o nome de Camp Nou, mas daremos um nome a mais para ele.
ESPN.com.br - Ainda neste ano, haverá outro referendo, a consulta popular sobre a independência da Catalunha. Qual é a posição do clube com relação a isso e qual seria a postura esportiva do Barcelona: disputaria um campeonato catalão ou a Liga Espanhola?
Bartomeu - Temos 164 mil sócios e é claro que há todo tipo de opinião entre eles. Nós somos um time de futebol, então falamos de futebol. Ainda que sejamos um clube catalão, catalanista e que defende suas raízes, sempre, não nos posicionamos politicamente. Isso não vamos fazer, porque em nossos sócios há muitas tendências políticas, e o clube tem de ser o clube de todos eles. Somos um clube transversal, global, estamos no mundo todo. E por isso sempre respeitaremos o que a maioria dos sócios catalães decida democraticamente. Sempre respeitaremos a maioria. Quanto ao que aconteceria com o resultado do referendo e o que faríamos, acho que agora seria entrar em especulações. A votação será em novembro, e nós por enquanto jogamos a Liga Espanhola, a Champions League, a Copa do Rei. Até que se decida, não temos nenhuma opinião a este respeito.
ESPN.com.br - Falando um pouco da rivalidade com o Real Madrid. Ela existe só dentro do campo ou é algo que vai além do futebol?
Bartomeu - A rivalidade está no gramado, no campo de jogo. É claro que a rivalidade existe, e é uma rivalidade forte. [Real] Madrid e Barcelona são os dois maiores clubes da Espanha e possivelmente os maiores clubes da Europa em relação a seu faturamento e ao número de torcedores, por exemplo. O Barcelona tem, nas redes sociais, mais de 100 milhões de seguidores, por isso há sim muita rivalidade. No campo. Fora do campo também competimos, porque no fim das contas, somos um clube que busca patrocinadores, jogos amistosos, excursões... E também nisso competimos com o Madrid. Há uma rivalidade dentro do campo e uma competição fora do campo. Isso é algo que existe, sim. Mas sempre com fair play, sempre da melhor forma possível, respeitando a ética de qualquer relação esportiva. Mas no clássico de domingo vamos levar a rivalidade para o campo, para o futebol. Nós queremos desfrutar de um bom futebol, agradar a nossos torcedores, nossos sócios, e esperamos que eles vejam um bom jogo de futebol. Será um jogo muito importante, estamos a uma altura do campeonato em que nada está decidido, mas este jogo poderá representar uma mudança no campeonato.
ESPN.com.br - Historicamente, a rivalidade também se deu por outras questões. Políticas, por exemplo. Pode-se dizer que, historicamente, Barcelona e Real Madrid estão em lados opostos politicamente?
Bartomeu - O Barcelona não se envolve em política. Não nos envolvemos em política, mas, como eu disse antes, somos um clube catalão, catalanista, muito apegado a esta terra... Mas não entramos em política. O que posso dizer, como sócio do Barça e como presidente, é da rivalidade esportiva: na última década, o Barcelona teve uma hegemonia muito importante no futebol espanhol, lideramos os campeonatos, ganhamos muitos títulos... Isso nos dá a sensação de que o Barcelona fez seu trabalho muito bem, tivemos muitos grandes jogadores, grandes técnicos e isso nós queremos que perdure. Nosso objetivo é que essa excelência que tivemos em nosso trabalho nos últimos dez anos siga por mais dez.
Messi e Neymar: para o presidente, a dupla ainda dará muitas alegrias à torcida do Barcelona
ESPN.com.br - Voltando ao tema da rivalidade fora de campo: nos anos 1950, o Barcelona poderia ter feito uma dupla com Kubala-Di Stéfano, mas o Real Madrid contratou Di Stéfano. Agora, o Real Madrid estava perto de contratar Neymar, mas ele veio para o Barcelona. O senhor acha que a dupla Messi-Neymar, caso dê certo, poderia ser uma chance de viver o que não foi possível com Kubala-Di Stéfano?
Bartomeu - Eu não era nascido quando aconteceu a história toda de Di Stéfano, mas meu avô, que era sócio do clube, e também o meu pai me explicaram que, injustamente, Di Stéfano acabou não jogando no Barcelona e foi para o Real Madrid. Mas isso é algo que aconteceu há muito tempo, nos anos 1950, e vemos com uma perspectiva histórica. Hoje em dia é diferente, o futebol tem relações muito mais modernas e espero que essa dupla Messi-Neymar cause furor nos próximos anos, e que seja uma dupla que nos proporcione um bom futebol, bons jogos, que aproveitemos muito o futebol que eles nos dão. Afinal, o que dizer? Messi é o número 1 do mundo, e Neymar tem uma juventude que nos dá a certeza de que fará uma carreira excepcional no Barcelona.
Puyol deixará o Barcelona, que precisará contratar
ESPN.com.br - Carles Puyol já disse que não ficará no clube. Victor Valdés não renovará seu contrato. Muito se fala no fim de uma era. É essa a impressão que o clube tem? Já existe um plano mais ousado de contratações?
Bartomeu - Nós não temos a impressão de que seja o fim deste ciclo vitorioso. Ao contrário, esse ciclo continua. Temos em nossa primeira equipe alguns jogadores ainda jovens e que estão muito bem, como Busquets, Iniesta, Cesc, Piqué, Neymar, que é um jogador muito jovem, e Messi, que é o melhor jogador do mundo e tem apenas 26 anos atualmente. Portanto o ciclo vitorioso da nossa equipe vai continuar. É claro que às vezes há que se fazer certas mudanças, por exemplo no goleiro: Victor Valdés já anunciou que não fica na equipe, então temos que buscar um novo goleiro que possa ter uma trajetória como a de Victor no futuro. E também há o caso de Puyol, nosso capitão e um zagueiro que foi muito importante, que agora fará sua despedida. Isso faz com que a equipe tenha que ir se renovando, pouco a pouco, com tranquilidade... Precisamos que chegue um goleiro, precisamos de um zagueiro para suprir a falta de Puyol... Mas isso é dentro de uma renovação tranquila. Por quê? Porque há uma base de jogadores muito jovens, com muito talento e que têm contrato com o clube. Portanto, o futuro está assegurado, a excelência esportiva está assegurada, e os êxitos continuarão chegando como estão chegando até agora.
ESPN.com.br - Nas últimas semanas surgiram especulações sobre uma proposta que o clube teria recebido por Lionel Messi. Isso, aliado à renovação de contrato dele, que ainda não aconteceu, aumenta os rumores sobre uma possível saída. O Barcelona recebeu alguma proposta por Messi?
Bartomeu - Não, não houve. Não houve nenhuma proposta porque todos os clubes sabem que o Barcelona não venderá Messi. Leo Messi é um jogador do nosso clube, é um jogador-chave tanto no jogo quanto na imagem do nosso clube, é um jogador que chegou a Barcelona com apenas 13 anos, que passou aqui toda a sua carreira esportiva e queremos que ele fique com a gente. É um jogador que faz a diferença. Ontem [12 de março, contra o Manchester City], por exemplo, ele deu mais uma demonstração de seu talento, de seu compromisso. Não chegou nenhuma oferta e não pensamos em vender Messi.
Bartomeu: Messi ficará no Barcelona e terá novo contrato
ESPN.com.br - E sobre um novo contrato para Messi, já existe alguma definição?
Bartomeu - Messi tem contrato assinado até 2018. Mas é certo que queremos atualizar seu salário para que seja, também, o jogador mais bem pago do mundo. Isso é algo que acontecerá quando for para acontecer. Falaremos disso nas próximas semanas, mas não temos nenhuma pressa. Mas queremos que Leo Messi tenha uma melhora salarial para adequá-lo à sua posição de melhor jogador do mundo.
ESPN.com.br - Na exposição sobre o novo estádio há um banner que diz: todos os nossos competidores têm novos estádios. Fazer um estádio novo é uma forma, também, de competir com os adversários?
Bartomeu - Nossa proposta de renovação do estádio também tem a ver com nossos rivais. Vemos o que eles fazem e nossos adversários na Europa têm melhorado seus estádios nos últimos anos. Para nós, além de ter melhores acessos e comodidade para nossos sócios, também é algo que geraria mais receita. Sobretudo porque há áreas VIP, camarotes de empresas... E nesse aspecto o Barcelona precisa fazer uma melhora substancial, que nos permitiria ter mais faturamento. No fim das contas, no futebol, é preciso ter dinheiro para fazer as renovações necessárias. Nós temos como filosofia trabalhar o futebol de base, e trazer o talento que aparece ali para nosso time principal. Quando isso não acontece, temos de ir ao mercado trazer jogadores. Para isso, precisamos ter a capacidade financeira suficiente para investir na contratação de novos jogadores. Neste caso, com um estádio mais moderno, com instalações melhores e maiores, nossa ideia é ter 35 ou 40 milhões de euros a mais por ano, para poder competir no mercado global de futebol.
ESPN.com.br - Já que o senhor falou em competir no mercado: o Barcelona pagaria 100 milhões de euros por um jogador, como o Real Madrid fez no caso de Gareth Bale?
Bartomeu - O Barcelona tem a política de formar jogadores, de buscar o talento na base, de formar jovens que pouco a pouco vão crescendo como jogadores. Quando não encontramos esse tipo de talento em casa, temos que buscá-lo fora. Neste caso, nossa obrigação sempre é tentar contratar os melhores jogadores possíveis, obedecendo aos pedidos dos nossos treinadores, que nos dizem de que tipo de jogadores precisamos. Quando temos que trazer talentos para o clube, temos que fazer o máximo possível. Não falaria de valores, não quero entrar nessa discussão sobre cifras, mas deve-se fazer o máximo esforço sempre para sermos competitivos e trazermos os melhores jogadores do mundo para nosso clube.
ESPN.com.br - Recentemente, Franz Beckenbauer fez uma crítica ao estilo do Bayern de Guardiola, dizendo que, se continuarem jogando assim, ninguém mais vai querer vê-los. O senhor vê os jogos do Bayern?
Bartomeu - Sim, claro. Sou um admirador de Guardiola, desde que ele era jogador, pela forma como ele jogava. Mas como treinador, foi espetacular como ele comandou o Barcelona e os feitos que ele alcançou. Cada treinador tem seu jeito de jogador e deve adaptá-la aos jogadores que tem. No Barcelona, Guardiola jogava com muito tiki-taka, porque tinha jogadores que tinham esse talento; no Bayern ele joga em outro estilo, muito parecido com o do Barcelona, mas com outros jogadores. Acho que ele fez uma adaptação perfeita do estilo ao Bayern de Munique, e acho que os torcedores estão gostando do que ele fez.
Ter Stegen: goleiro alemão é nome certo no Barcelona
ESPN.com.br - O Guardiola aprendeu a falar alemão de forma muito rápida. O senhor acha que seu novo goleiro vai aprender a falar espanhol tão rápido?
Bartomeu - (risos) Bem, nós temos que substituir a Victor Valdés, porque ele vai sair. Mas temos algumas opções de goleiros. Talvez um deles até já fale espanhol... Até agora não temos um goleiro confirmado, mas há alguns que estão muito perto de um acerto. Vamos esperar um pouco mais para anunciar quem será. Estamos muito perto, mas ainda não sabemos ainda que idioma ele fala, nem qual ele falará.
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Josep Maria Bartomeu, presidente do Barcelona desde o fim de janeiro, é um sujeito que sorri com facilidade. Foi assim desde sua primeira entrevista no comando do clube, mesmo em meio ao furacão do caso Neymar.
Foi assim, também, no bate-papo com os canais ESPN, um dia após a vitória do Barcelona sobre o Manchester City, no Camp Nou, em sua primeira entrevista exclusiva a um meio de comunicação brasileiro.
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Em quase trinta minutos de conversa, Bartomeu falou dos principais temas que envolvem o clube - tanto atualmente quanto em termos históricos. O presidente mostrou-se confiante em Neymar, a quem aponta como futuro candidato a melhor do mundo; comentou sobre o plano de reformular o Camp Nou; falou a respeito da renovação do elenco.
Bartomeu também respondeu, é claro, sobre toda a polêmica envolvendo o contrato do brasileiro. Para ele, houve uma interpretação equivocada da questão fiscal, o que levou o clube a pagar impostos duas vezes. E diante da pergunta inevitável sobre a saída de Sandro Rosell, seu amigo e antecessor, ele disse que o ex-presidente saiu por motivos que nada têm a ver com Neymar.
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Presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu, em entrevista à ESPN Brasil, na sede do clube catalão
ESPN.com.br - Evaristo, Ronaldinho, Rivaldo, Ronaldo, Romário... O Barcelona tem uma relação especial com o futebol brasileiro. O que o senhor acha desta relação, e como Neymar pode fazer parte disso?
Josep Maria Bartomeu - É verdade que o Barça e o Brasil têm tido, desde há muito tempo, uma relação muito estreita. Nós gostamos disso, sempre vemos o futebol do Brasil, o ‘jogo bonito', e é isso que tentamos praticar aqui, um jogo bonito, que agrade à torcida. Eu me lembro muito bem de Rivaldo, Romário, Ronaldo... Mas sobretudo de Ronaldinho. Ronaldinho foi um jogador que mudou a história deste clube. Devemos muito do que somos hoje em dia a ele - também aos demais, mas sobretudo a ele. Hoje em dia temos aqui o Neymar. Ele é um jogador jovem, um jogador que nossos técnicos pediram que contratássemos com urgência, porque tem um futebol diferente, um futebol alegre, um futebol muito descontraído, e é um estilo que agrada muito aos torcedores do Barcelona. Ele está em seu primeiro ano, e como um jogador que ainda está se adaptando à equipe, vai entrando pouco a pouco no estilo de jogo. Ele tem feito isso muito bem, estamos muito satisfeitos com ele até agora, ele teve má sorte com uma lesão um pouco grave. Mas dá para ver quando ele joga, da forma como pega na bola, que é um jogador diferente, um jogador que dá espetáculo, e além disso um grande companheiro para sua equipe.
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Bartomeu - Acho que sobre esse assunto do contrato do Neymar, alguém não estava com boas intenções com o nosso clube. Não sabemos quem. Porque o contrato de Neymar foi totalmente legal, um contrato perfeitamente ajustado aos padrões que a Fifa e a Uefa determinam. Então foi um contrato perfeito. Mas o fato é que tivemos um problema com um juiz na Espanha e com a receita, porque nos solicitaram que pagássemos impostos na Espanha. Só que nós já havíamos pago impostos no Brasil, junto da família de Neymar. E agora também pagamos impostos na Espanha. Tivemos de pagar impostos em dois países diferentes, quando Brasil e Espanha têm um acordo para que não se pague impostos em dois lugares diferentes. Esperamos agora que este assunto se resolva rapidamente, e que os dois governos - de Brasil e Espanha - cheguem a um acordo e que apenas um deles cobre os impostos. Estamos muito tranquilos e agimos perfeitamente. Mas é um assunto fiscal, de interpretação. Neste caso, acredito que o problema foi esse. Tudo agora está menos tumultuado e estamos falando quase que somente de futebol, de competições, de esporte. Esse assunto está esquecido, até o dia em que se tome a decisão final das duas fazendas públicas.
ESPN.com.br - Se não houve nenhum erro do clube, então por que Sandro Rosell deixou a presidência?
Bartomeu - O presidente não saiu por esta questão. O presidente renunciou por assuntos pessoais, ele explicou isso no anúncio de sua saída. Foram assuntos estritamente pessoais, que nada têm a ver com Neymar. O que aconteceu nessa história do Neymar é que houve um sócio do nosso clube que solicitou mais informações sobre o contrato, e nós não podíamos dá-las porque havia um acordo de confidencialidade. Mas agradecemos ao pai de Neymar que nos permitiu explicar os detalhes do contrato e assim o fizemos. Explicamos perfeitamente e à exaustão esses detalhes, e ficou claro que o contrato estava dentro da lei. Nosso presidente não renunciou pelo Caso Neymar, foram motivos pessoais, que respeitamos muitíssimo. Em quatro anos no clube, Rosell fez um trabalho excelente.
Segundo Bartomeu, Rosell deixou o clube por motivos pessoais
ESPN.com.br - E por que o clube pagou os 13,5 milhões de euros à Receita espanhola?
Bartomeu - Quando contratamos Neymar, pagamos os impostos no Brasil, juntamente com a família de Neymar. Era o que tínhamos de fazer, pelo que estava previsto nos contratos. Depois dessa possível interpretação que fez o juiz aqui na Espanha, o que fizemos foi depositar os 13,5 milhões dos impostos da Espanha, para não correr riscos. Pagamos impostos duas vezes, no Brasil e na Espanha. Na Espanha, repito, fizemos isso por prudência, por sermos prudentes e evitar possíveis multas no futuro. Agora as duas Fazendas têm de chegar a um acordo, porque como clube não podemos pagar impostos duas vezes. Estamos tranquilos porque pagamos os dois países, mas agora esperamos que cheguem a um acordo e, então, o país que nos deve terá de devolver o dinheiro.
ESPN.com.br - Falando de Neymar dentro de campo. Hoje o Barcelona tem Messi, que é o craque do presente. Quando Messi chegou ao time principal, Ronaldinho era o protagonista. Então, com o tempo, houve uma transição deste protagonismo de Ronaldinho para Messi. O senhor acha que o mesmo pode acontecer de Messi para Neymar?
Bartomeu - É certo que em 2005, 2006 e 2007 vivemos essa transição Ronaldinho-Messi e, bem, depois o Messi transformou-se no melhor jogador do mundo. Agora ele está há quatro anos ganhando a Bola de Ouro, este ano não conseguiu, mas poderá ganhar no próximo e no outro... Messi é um jogador diferente, é um jogador espetacular, como Neymar, mas aí entra a questão da idade: Messi é mais velho, mais experiente. Neymar, pelo que está jogando e pelo que ainda vai jogar, é um jogador que tem pela frente um futuro esplêndido, um futuro espetacular, também. Eu me atreveria a dizer que, nos próximos anos, Neymar será um jogador ainda mais admirado em todo o mundo. É possível que tenhamos essa transição, mas isso é algo que não posso dizer. O que posso dizer é que hoje temos um jogador que tem nos deixado muito feliz e que tem dado passos gigantescos para ser um jogador ainda melhor no futuro.
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Bartomeu - O Barcelona é um clube diferente da maioria dos clubes do mundo. Temos 164 mil sócios, e são 164 mil proprietários, então eles votam e eles decidem o futuro do clube. Neste caso, nós, como junta diretiva, lançamos esta votação do dia 5 de abril para os sócios, os proprietários, decidam que futuro queremos para o clube nesse âmbito de um novo Camp Nou, de um novo ginásio para basquete e de outras coisas que queremos construir. Já fizemos uma exposição itinerante, uma exposição permanente, e os sócios estão muito animados. Nosso clube tem o Camp Nou, que tem mais de 50 anos de história e temos que fazer uma renovação: uma renovação muito profunda, uma melhora das cadeiras, do sistema de circulação, acessos, alimentação, uma melhora nos estacionamentos. Mudar todo o estádio, ampliá-lo, cobri-lo para que nos dias de chuva e vento o sócio não se sinta prejudicado. O sócio que talvez esteja em dúvida sobre essa proposta certamente está com dúvidas econômicas. É justo perguntar que em um país em que temos uma certa crise econômica, como o Barcelona pode gastar tanto? Bem, o país está melhorando. A Espanha como país está melhorando suas condições econômicas. E também nosso clube, como um dos maiores do mundo e com um faturamento muito alto, fizemos um plano de financiamento em que um terço do valor será adquirido por empréstimo junto a um banco, um terço sairá dos cofres do clube e o terço final será negociado com naming rights. Vamos colocar um sobrenome no Camp Nou. Vamos seguir respeitando o nome de Camp Nou, mas daremos um nome a mais para ele.
ESPN.com.br - Ainda neste ano, haverá outro referendo, a consulta popular sobre a independência da Catalunha. Qual é a posição do clube com relação a isso e qual seria a postura esportiva do Barcelona: disputaria um campeonato catalão ou a Liga Espanhola?
Bartomeu - Temos 164 mil sócios e é claro que há todo tipo de opinião entre eles. Nós somos um time de futebol, então falamos de futebol. Ainda que sejamos um clube catalão, catalanista e que defende suas raízes, sempre, não nos posicionamos politicamente. Isso não vamos fazer, porque em nossos sócios há muitas tendências políticas, e o clube tem de ser o clube de todos eles. Somos um clube transversal, global, estamos no mundo todo. E por isso sempre respeitaremos o que a maioria dos sócios catalães decida democraticamente. Sempre respeitaremos a maioria. Quanto ao que aconteceria com o resultado do referendo e o que faríamos, acho que agora seria entrar em especulações. A votação será em novembro, e nós por enquanto jogamos a Liga Espanhola, a Champions League, a Copa do Rei. Até que se decida, não temos nenhuma opinião a este respeito.
ESPN.com.br - Falando um pouco da rivalidade com o Real Madrid. Ela existe só dentro do campo ou é algo que vai além do futebol?
Bartomeu - A rivalidade está no gramado, no campo de jogo. É claro que a rivalidade existe, e é uma rivalidade forte. [Real] Madrid e Barcelona são os dois maiores clubes da Espanha e possivelmente os maiores clubes da Europa em relação a seu faturamento e ao número de torcedores, por exemplo. O Barcelona tem, nas redes sociais, mais de 100 milhões de seguidores, por isso há sim muita rivalidade. No campo. Fora do campo também competimos, porque no fim das contas, somos um clube que busca patrocinadores, jogos amistosos, excursões... E também nisso competimos com o Madrid. Há uma rivalidade dentro do campo e uma competição fora do campo. Isso é algo que existe, sim. Mas sempre com fair play, sempre da melhor forma possível, respeitando a ética de qualquer relação esportiva. Mas no clássico de domingo vamos levar a rivalidade para o campo, para o futebol. Nós queremos desfrutar de um bom futebol, agradar a nossos torcedores, nossos sócios, e esperamos que eles vejam um bom jogo de futebol. Será um jogo muito importante, estamos a uma altura do campeonato em que nada está decidido, mas este jogo poderá representar uma mudança no campeonato.
ESPN.com.br - Historicamente, a rivalidade também se deu por outras questões. Políticas, por exemplo. Pode-se dizer que, historicamente, Barcelona e Real Madrid estão em lados opostos politicamente?
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Messi e Neymar: para o presidente, a dupla ainda dará muitas alegrias à torcida do Barcelona
ESPN.com.br - Voltando ao tema da rivalidade fora de campo: nos anos 1950, o Barcelona poderia ter feito uma dupla com Kubala-Di Stéfano, mas o Real Madrid contratou Di Stéfano. Agora, o Real Madrid estava perto de contratar Neymar, mas ele veio para o Barcelona. O senhor acha que a dupla Messi-Neymar, caso dê certo, poderia ser uma chance de viver o que não foi possível com Kubala-Di Stéfano?
Bartomeu - Eu não era nascido quando aconteceu a história toda de Di Stéfano, mas meu avô, que era sócio do clube, e também o meu pai me explicaram que, injustamente, Di Stéfano acabou não jogando no Barcelona e foi para o Real Madrid. Mas isso é algo que aconteceu há muito tempo, nos anos 1950, e vemos com uma perspectiva histórica. Hoje em dia é diferente, o futebol tem relações muito mais modernas e espero que essa dupla Messi-Neymar cause furor nos próximos anos, e que seja uma dupla que nos proporcione um bom futebol, bons jogos, que aproveitemos muito o futebol que eles nos dão. Afinal, o que dizer? Messi é o número 1 do mundo, e Neymar tem uma juventude que nos dá a certeza de que fará uma carreira excepcional no Barcelona.
Puyol deixará o Barcelona, que precisará contratar
ESPN.com.br - Carles Puyol já disse que não ficará no clube. Victor Valdés não renovará seu contrato. Muito se fala no fim de uma era. É essa a impressão que o clube tem? Já existe um plano mais ousado de contratações?
Bartomeu - Nós não temos a impressão de que seja o fim deste ciclo vitorioso. Ao contrário, esse ciclo continua. Temos em nossa primeira equipe alguns jogadores ainda jovens e que estão muito bem, como Busquets, Iniesta, Cesc, Piqué, Neymar, que é um jogador muito jovem, e Messi, que é o melhor jogador do mundo e tem apenas 26 anos atualmente. Portanto o ciclo vitorioso da nossa equipe vai continuar. É claro que às vezes há que se fazer certas mudanças, por exemplo no goleiro: Victor Valdés já anunciou que não fica na equipe, então temos que buscar um novo goleiro que possa ter uma trajetória como a de Victor no futuro. E também há o caso de Puyol, nosso capitão e um zagueiro que foi muito importante, que agora fará sua despedida. Isso faz com que a equipe tenha que ir se renovando, pouco a pouco, com tranquilidade... Precisamos que chegue um goleiro, precisamos de um zagueiro para suprir a falta de Puyol... Mas isso é dentro de uma renovação tranquila. Por quê? Porque há uma base de jogadores muito jovens, com muito talento e que têm contrato com o clube. Portanto, o futuro está assegurado, a excelência esportiva está assegurada, e os êxitos continuarão chegando como estão chegando até agora.
ESPN.com.br - Nas últimas semanas surgiram especulações sobre uma proposta que o clube teria recebido por Lionel Messi. Isso, aliado à renovação de contrato dele, que ainda não aconteceu, aumenta os rumores sobre uma possível saída. O Barcelona recebeu alguma proposta por Messi?
Bartomeu - Não, não houve. Não houve nenhuma proposta porque todos os clubes sabem que o Barcelona não venderá Messi. Leo Messi é um jogador do nosso clube, é um jogador-chave tanto no jogo quanto na imagem do nosso clube, é um jogador que chegou a Barcelona com apenas 13 anos, que passou aqui toda a sua carreira esportiva e queremos que ele fique com a gente. É um jogador que faz a diferença. Ontem [12 de março, contra o Manchester City], por exemplo, ele deu mais uma demonstração de seu talento, de seu compromisso. Não chegou nenhuma oferta e não pensamos em vender Messi.
ESPN.com.br - E sobre um novo contrato para Messi, já existe alguma definição?
Bartomeu - Messi tem contrato assinado até 2018. Mas é certo que queremos atualizar seu salário para que seja, também, o jogador mais bem pago do mundo. Isso é algo que acontecerá quando for para acontecer. Falaremos disso nas próximas semanas, mas não temos nenhuma pressa. Mas queremos que Leo Messi tenha uma melhora salarial para adequá-lo à sua posição de melhor jogador do mundo.
ESPN.com.br - Na exposição sobre o novo estádio há um banner que diz: todos os nossos competidores têm novos estádios. Fazer um estádio novo é uma forma, também, de competir com os adversários?
Bartomeu - Nossa proposta de renovação do estádio também tem a ver com nossos rivais. Vemos o que eles fazem e nossos adversários na Europa têm melhorado seus estádios nos últimos anos. Para nós, além de ter melhores acessos e comodidade para nossos sócios, também é algo que geraria mais receita. Sobretudo porque há áreas VIP, camarotes de empresas... E nesse aspecto o Barcelona precisa fazer uma melhora substancial, que nos permitiria ter mais faturamento. No fim das contas, no futebol, é preciso ter dinheiro para fazer as renovações necessárias. Nós temos como filosofia trabalhar o futebol de base, e trazer o talento que aparece ali para nosso time principal. Quando isso não acontece, temos de ir ao mercado trazer jogadores. Para isso, precisamos ter a capacidade financeira suficiente para investir na contratação de novos jogadores. Neste caso, com um estádio mais moderno, com instalações melhores e maiores, nossa ideia é ter 35 ou 40 milhões de euros a mais por ano, para poder competir no mercado global de futebol.
ESPN.com.br - Já que o senhor falou em competir no mercado: o Barcelona pagaria 100 milhões de euros por um jogador, como o Real Madrid fez no caso de Gareth Bale?
Bartomeu - O Barcelona tem a política de formar jogadores, de buscar o talento na base, de formar jovens que pouco a pouco vão crescendo como jogadores. Quando não encontramos esse tipo de talento em casa, temos que buscá-lo fora. Neste caso, nossa obrigação sempre é tentar contratar os melhores jogadores possíveis, obedecendo aos pedidos dos nossos treinadores, que nos dizem de que tipo de jogadores precisamos. Quando temos que trazer talentos para o clube, temos que fazer o máximo possível. Não falaria de valores, não quero entrar nessa discussão sobre cifras, mas deve-se fazer o máximo esforço sempre para sermos competitivos e trazermos os melhores jogadores do mundo para nosso clube.
ESPN.com.br - Recentemente, Franz Beckenbauer fez uma crítica ao estilo do Bayern de Guardiola, dizendo que, se continuarem jogando assim, ninguém mais vai querer vê-los. O senhor vê os jogos do Bayern?
Bartomeu - Sim, claro. Sou um admirador de Guardiola, desde que ele era jogador, pela forma como ele jogava. Mas como treinador, foi espetacular como ele comandou o Barcelona e os feitos que ele alcançou. Cada treinador tem seu jeito de jogador e deve adaptá-la aos jogadores que tem. No Barcelona, Guardiola jogava com muito tiki-taka, porque tinha jogadores que tinham esse talento; no Bayern ele joga em outro estilo, muito parecido com o do Barcelona, mas com outros jogadores. Acho que ele fez uma adaptação perfeita do estilo ao Bayern de Munique, e acho que os torcedores estão gostando do que ele fez.
Ter Stegen: goleiro alemão é nome certo no Barcelona
ESPN.com.br - O Guardiola aprendeu a falar alemão de forma muito rápida. O senhor acha que seu novo goleiro vai aprender a falar espanhol tão rápido?
Bartomeu - (risos) Bem, nós temos que substituir a Victor Valdés, porque ele vai sair. Mas temos algumas opções de goleiros. Talvez um deles até já fale espanhol... Até agora não temos um goleiro confirmado, mas há alguns que estão muito perto de um acerto. Vamos esperar um pouco mais para anunciar quem será. Estamos muito perto, mas ainda não sabemos ainda que idioma ele fala, nem qual ele falará.
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