Julio cesar nos eua

Goleiro da Seleção joga primeira partida oficial pelo Toronto F.C. neste sábado
à noite, contra o Seattle Sounders. Outros 14 brasileiros disputam a temporada 

São quase cinco décadas, com um hiato entre os anos 80 e 90. A Major League Soccer nasceu com a força de craques como Pelé, Eusébio e Johan Cruyff. Caiu com a aposentadoria deles e voltou para ficar após a realização da Copa do Mundo de 1994. De lá para cá, franquias nasceram e outros astros do futebol passaram pela Terra do Tio Sam. De Lothar Matthaus ao técnico Carlos Alberto Parreira. De David Beckham a Thierry Henry. Todos marcaram seus nomes na história da competição. Agora, em 2014, o brasileiro da vez é o goleiro Julio César, que vai fazer a sua estreia oficial na MLS neste sábado, às 20h30m (de Brasília), contra o Seattle Sounders, no CenturyLink Filed.
Foram apenas três jogos - um pelo Queens Park Rangers e dois pelo Toronto F.C - e seis amistosos pela seleção brasileira desde a Copa das Confederações. Há dois meses o goleiro não sabe o que é disputar uma partida valendo três pontos. Chegou a hora de pegar ritmo para chegar bem à Copa do Mundo.
- Eu tinha chegado num limite em que tinha de ajudar a comissão técnica da seleção brasileira. Eu sei, pelas críticas, que não era o que as pessoas esperavam, mas o importante é que estou em atividade - disse o goleiro.

Julio César com a camisa 30 do Toronto F.C. ao lado do técnico Ryan Nelsen (à direita) (Foto: Felipe Schmidt)

E a missão de Julio César será bem parecida com a que viveu no Queens Park Rangers. O goleiro vai defender uma equipe que está em desenvolvimento, que tem apenas oito anos de vida. O investimento para a temporada atual foi alto. Chegaram o volante Michael Bradley, ex-Roma, e o atacante Jermain Defoe, ex-Tottenham. Mesmo com os três, o time passou por dificuldades na pré-temporada e não teve bom desempenho nos amistosos.
- Antes de aceitar eu falei com (o técnico da Seleção, Luis Felipe) Scolari e com (o coordenador técnico Carlos Alberto) Parreira. O Parreira trabalhou aqui e conhece bem a liga, que está crescendo. Foi o que ele me falou quando conversamos. Estou muito feliz em chegar ao Canadá e agradeço ao Toronto. Quero começar a trabalhar com os colegas em meu novo clube. É uma nova experiência, um novo país, uma nova cidade, e espero aprender rápido sobre o clube e sobre a liga.
No ano passado, o Toronto ficou na penúltima colocação da Conferência Leste na temporada regular. Em 34 jogos, o time obteve seis vitórias, 17 derrotas e 11 empates. Além de Julio César, o técnico Ryan Nelsen, ex-jogador que atuou com o goleiro no Queens Park Rangers, conta com outros dois brasileiros: o meia Jackson, revelado pelo Inter de Limeira, e o atacante Gilberto, ex-Portuguesa. Eles são a esperança de um desempenho melhor do time canadense.

franquia de Beckham, e Henry, o astro da mls

David Beckham durante apresentação de sua franquia nos EUA (Foto: Agência Reuters)

A MLS está crescendo. Se em 2014 conta com poucos nomes de peso, as próximas temporadas prometem ser ainda melhores. Duas novas franquias vão entrar na competição: o Orlando City, em 2015, e o Miami, recém-adquirido pelo astro inglês David Beckham, que se aposentou no ano passado, e começa a jogar em 2016 ou 2017. O time do astro britânico ainda não tem um nome escolhido. Tudo será definido nos próximos meses.
- Eu já vi o que acontece com times quando você traz grandes jogadores. Falo do Miami Heat. Quando você vê um time como este, uma franquia como esta, você quer ter sucesso, quer ver as pessoas falando do seu time. E, sim, nós vamos trazer grandes jogadores para esta equipe - afirmou Beckham na apresentação de sua franquia.
Sem Beckham nos gramados desde 2012, a MLS tem como principal astro o francês Thierry Henry. Aos 36 anos, o jogador está no New York Red Bulls desde 2010 e é um defensor do desenvolvimento da liga. Em entrevista recente à TV americana, o ex-goleador do Arsenal criticou quem fala mal da competição.
- As pessoas na Europa acham que a MLS é fácil. Que basta chegar aqui e fazer vários gols, mas não é assim que funciona. É certo que pode conseguir, que pode fazer boas partidas e ganhar respeito. É uma competição bem disputada, mas a principal dificuldade no início foram as viagens (longas). E jogar 90 minutos no verão de Houston ou Dallas não é fácil.

Henry é um dos principais destaques da atual edição da Major League Soccer (Foto: Getty Images)

A declaração de Henry faz sentido. No ano passado, Juninho Pernambucano trocou o Vasco pelo New York Red Bulls. Não deu certo. Foram 13 jogos e nenhum gol. O apoiador acabou retornando a São Januário para encerrar a carreira em seguida.
 - Decidi encerrar meu contrato com o New York. Não estava me sentindo bem no campo, sem render o que poderia, e minha relação com o treinador dificultava as coisas ainda mais. Resolvi então sair agora e quero agradecer ao clube a oportunidade de desfrutar da MLS. Da mesma forma, agradecer aos funcionários e torcedores que me receberam muito bem. E aos meus companheiros de time, sucesso no restante da liga. Sobre meu futuro, vou pensar o que fazer e assim que tiver uma decisão, comunicarei - escreveu o jogador em uma rede social.
Mas não são apenas dos astros do exterior que vive a MLS. Nomes como Clint Dempsey, Landon Donovan e Michael Bradley, que recentemente trocou o Roma, da Itália, pelo Toronto F.C., são venerados nos Estados Unidos. Vale lembrar também que os três estão praticamente certos na lista de atletas que estarão no Brasil para a disputa da Copa do Mundo. 

estrelas mundiais já jogaram nos EUA

Pelé em ação pelo Cosmos (Foto: Getty Images)

A iniciativa de desenvolver a liga americana não é uma novidade. Na década de 70, nomes como Pelé, Franz Beckenbauer e Carlos Alberto Torres passaram pelo país, mas não nos moldes da Major League Soccer. Naquela época, os três defenderam o New York Cosmos. Atualmente, a equipe faz parte de uma espécie de Segunda Divisão americana, a NASL, e conta com o brasileiro naturalizado espanhol Marcos Senna.
Entre 1968 a 1984, a NASL era a Primeira Divisão nos Estados Unidos e teve seu auge no meio da década de 70, justamente com a chegada de Pelé. Além do Rei do Futebol, a liga estava recheada de outros craques internacionais: o português Eusébio, os ingleses Gordon Banks e Booby Moore, o holandês Cruyff e o alemão Gerd Muller.
Quem também atuou nos Estados Unidos foi George Best. Entre 1976 e 1982, entre passagens por Fulham e Hibernian, o jogador atuou por três equipes da NASL: Los Angeles Aztecs, Fort Lauderdale Strikes e San Jose Earthquakes. Esse último, atualmente, é uma das franquias da MLS e tem como destaque os seguintes jogadores: o zagueiro alemão Andreas Görlitz e o português Yannick Djaló.
Mas quando os craques começaram a se aposentar, o sucesso virou prejuízo, e a liga encerrou suas atividades em 1984.  Dez anos depois, nasceu a MLS, que começou de forma mais planejada e cresceu aos poucos, depois que o país foi sede da Copa do Mundo de 1994. Assim como na primeira tentativa, nomes de peso desembarcaram no país e ajudaram o esporte a crescer nos Estados Unidos.
O alemão Löttar Matthaus, os colombianos Carlos Valderrama, o búlgaro Hristo Stoichkov... Esses foram apenas alguns dos contratados para alavancar o futebol no país após a Copa do Mundo. E a iniciativa deu certo. A cada ano, um astro de peso chegava aos Estados Unidos. Somado a isso, o desenvolvimento do esporte, com a revelação de talentos. Brian McBride, Jozy Altidore, Claudio Reyna, Brad Friedel foram revelados ao longo dos anos.

Best e Pelé jogaram na década de 70 e 80 nos EUA. Matthaus, Lalas e Valderrama, nos anos 90 (Foto: Getty Images)

primeira rodada da mls

Samuel comemora o seu primeiro gol pelo Galaxy em jogo válido pela Liga dos Campeões da Concacaf (Foto: Divulgação )

A atual edição da MLS começou a ser disputada na semana passada. Apenas três equipes ainda não estrearam na competição. Além do Toronto F.C de Julio César, Colorado Rapids e San José Earthquakes vão atuar neste fim de semana.
Contando com o titular da seleção brasileira, a MLS terá 15 brasileiros em ação. O principal destaque fica para o atacante Samuel Rosa, de 23 anos. Emprestado pelo Fluminense ao Los Angeles Galaxy, o jogador já fez duas partidas oficiais pelo clube e marcou um gol.
- Claro que não é como o Brasileirão, que dez equipes brigam pelo título. Mas os jogos são muito disputados. Fizemos o primeiro jogo e perdemos em casa para o Real Salt Lake. É muito difícil.
Samuel falou ainda da diferença entre a torcida no Brasil e nos Estados Unidos. Segundo o jogador, que está emprestado ao Galaxy até o fim de 2014, um erro na Terra do Tio Sam significa, na maior parte das vezes, aplausos e incentivo.
- No Brasil, o torcedor vaia, xinga...
O Galaxy entrou no mapa do futebol por ter contado com Beckham por seis temporadas. E foi justamente um encontro com o astro inglês que chamou a atenção do brasileiro.
- Ele esteve no Galaxy há duas semanas e conversou com o pessoal. Ele tem uma boa relação com os brasileiros e deu até conselhos - contou o atacante.
Confira abaixo os resultados da primeira rodada da competição:
Seattle Sounders 1 x 0 Sporting Kansas City
DC United 0 x 3 Columbus Crew
Vancouver Whitecaps 4 x 1 New Yok Red Bulls
Houston Dynamo 4 x 0 New England Revolution
F.C. Dallas 3 x 2 Montreal Impact
Los Angeles Galaxy 0 x 1 Real Salt Lake
Portland Timbers 1 x 1 Philadelphia Union
Chivas USA 3 x 2 Chicago Fire

Saiba um pouco mais dos clubes que vão disputar a Major League Soccer na atual temporada (Foto: Editoria de Arte)

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