Massacre do Carandiru volta a tona

Massacre do Carandiru: 15 policiais se sentarão no banco dos réus a partir desta segunda-feira 

Grupo é acusado pelas mortes de oito detentos e pela tentativa de homicídio de outros dois 

Júri acontece no Fórum Criminal da Barra Funda Marcelo Camargo/ABr/29-07-13
O 3º bloco do julgamento dos envolvidos no episódio conhecido como massacre do Carandiru começa nesta segunda-feira (31), às 9h, no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo. Originalmente, esta etapa do júri, que foi divido em quatro fases, deveria ter sido finalizada em fevereiro deste ano. Na ocasião, o julgamento foi cancelado depois que o advogado de defesa, Celso Vendramini, ficou irritado com o juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo e deixou o plenário enquanto um dos réus era interrogado pelos promotores.
Quinze policiais militares se sentarão no banco dos réus — inicialmente, seriam 16, mas um dos acusados morreu. O grupo responde pelas mortes de oito detentos e pela tentativa de homicídio de outras duas vítimas no 3º andar, o equivalente ao 4º pavimento da antiga Casa de Detenção de São Paulo, em 2 de outubro de 1992. Ao todo, 111 internos foram assassinados naquele dia.
Seis testemunhas de acusação e cinco de defesa foram convocadas, de acordo com a assessoria de imprensa do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo). Entre as arroladas pelos promotores Márcio Friggi e Eduardo Olavo, estão o perito criminal Osvaldo Negrini, já ouvido em júris anteriores sobre o caso, e dois sobreviventes do massacre, conforme a assessoria de imprensa do MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo). O Tribunal de Justiça informou que o magistrado reservou o plenário para sete dias.
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Com o fim desta etapa, terminam os julgamentos da série de homicídios na casa de detenção naquele 2 de outubro. O MP acrescentou que ainda há um crime de lesão corporal de natureza grave para ser julgado excepcionalmente pelo Tribunal do Júri, porque teria conexão com os assassinatos. Respondem pelo delito, 21 réus. Ainda não há data marcada para este julgamento.
Outros júris
No dia 19 de março deste ano, a Justiça condenou dez policiais militares pela morte de oito detentos no 5º pavimento (4º andar) do Pavilhão 9 da antiga casa de detenção. Nove deles foram sentenciados a 96 anos de reclusão, cada um, e um décimo réu recebeu pena de 104 anos de prisão.
Em 2013, 21 anos após as 111 mortes no “massacre do Carandiru”, policiais militares foram levados a júri popular em dois momentos. Em abril, 26 foram julgados. Inicialmente, o grupo era responsabilizado pelo homicídio de 15 vítimas, mas duas foram desconsideradas. Depois de sete dias de júri, 23 réus foram sentenciados a 156 anos de prisão e três acabaram absolvidos. Os condenados receberam pena mínima de 12 anos por cada uma das mortes dos 13 detentos.
No mês de agosto, o 2º bloco do julgamento terminou com a condenação de outros 25 policiais militares a 624 anos de reclusão. Eles foram responsabilizados pela morte de 52 presos no terceiro pavimento do pavilhão 9. Inicialmente, o grupo era julgado pelas mortes de 73 detentos, mas o Ministério Público pediu que 21 homicídios não fossem imputados aos militares. Nos dois casos, a defesa entrou com recurso.
Em 2001, o coronel Ubiratan Guimarães, que comandou a Tropa de Choque durante o episódio, foi condenado a 632 anos de prisão pela morte de 102 detentos. Mas em 2006, a sentença foi anulada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Guimarães morreu assassinado meses depois, naquele mesmo ano.
Em dezembro do ano passado, outro comandante da ação policial na Casa de Detenção de São Paulo, o coronel da reserva Luiz Nakaharada, morreu ao sofrer um ataque cardíaco. Ele era apontado como responsável por cinco das 78 mortes que aconteceram no segundo andar do complexo do Carandiru e teria um julgamento individual após as quatro primeiras fases do júri.
fonte: R7
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