A chance de Giggs
Desde a
demissão de David Moyes, diversos nomes surgiram como prováveis
candidatos ao comando técnico do Manchester United. Todos com currículo
chamativo: Jürgen Klopp, Louis van Gaal, Antonio Conte, Carlo
Ancelotti... Entretanto, nenhum destes treinadores parece talhado para o
trabalho nos Diabos Vermelhos. Talvez por causa do longo reinado de
Alex Ferguson, ainda parece fora do comum pensar nestes profissionais em
Old Trafford. Ao contrário de Ryan Giggs.
O veterano jogador – ele ainda não pendurou as
chuteiras – vai comandar interinamente o United nas últimas quatro
rodadas do Campeonato Inglês. Será uma chance de mostrar se tem
condições de se tornar de fato o técnico dos Diabos Vermelhos, se não
imediatamente, num futuro próximo. Mas, caso vá realmente bem, não seria
o caso de a diretoria dar uma chance ao galês?
Claro, quatro jogos são uma amostragem ínfima para
saber se Giggs pode segurar a pressão de um clube como o United por
anos, como seria o ideal. Ainda não sabemos como ele trabalha nem suas
ideias de jogo. A julgar pela primeira entrevista coletiva, ele vai
apostar mais na motivação dos atletas do que propriamente numa forma de
atuar, até por causa do pouco tempo. Mas, supondo que ele deixe uma boa
impressão, o galês seria imediatamente o nome perfeito para o cargo.
Num clube que ficou 26 anos com o mesmo treinador, a
tendência é que as coisas sejam feitas de forma diferente. O United de
Ferguson reforçou uma imagem de clube familiar, mais tradicional, ao
contrário do turbilhão de especulações e contratações de Manchester City
e Chelsea, por exemplo.
Por isso, Giggs seria o nome ideal: é um dos
maiores ídolos da história do United, conhece perfeitamente os
bastidores de Old Trafford e o atual elenco, além de estar diretamente
ligado a Fergie. Além do mais, é uma opção mais barata e valiosa para a
imagem do clube, além de provavelmente contar com mais paciência da
diretoria.
Por outro lado, seu passado como ídolo do United
certamente complicaria as coisas se o trabalho não saísse como
planejado. Por mais que seja este clube familiar e tradicional, a
diretoria já deixou claro com a demissão de Moyes que os tempos mudaram:
no atual patamar dos Diabos Vermelhos, não é mais possível esperar oito
anos para o primeiro troféu. O prazo para vencer é mais imediato, e uma
possível dispensa de Giggs não seria tão fácil de ser efetuada. Outra
questão: como o galês procederia na tão necessária tarefa de reformular
um elenco repleto de jogadores com os quais ele atuou?
Giggs sempre foi tido como futuro técnico do
United, mas talvez não imaginasse que teria tal oportunidade tão cedo.
Ainda não sabemos como será seu estilo ou seu desempenho, mas o futebol
seria mais legal se um ídolo como o galês desse certo no clube que ama.