EUA impõem sanções a aliados de Putin; violência continua na Ucrânia
DONETSK/SLAVIANSK,
Ucrânia, 28 Abr (Reuters) - Os Estados Unidos impuseram novas sanções
contra aliados do presidente russo, Vladimir Putin, nesta segunda-feira,
o que levou o governo russo a denunciar o uso de táticas da "Guerra
Fria" enquanto continuam os atos de violência no leste da Ucrânia.
A decisão de
proibir a concessão de vistos e congelar ativos de amigos de Putin,
como Igor Sechin, dirigente da gigante russa de petróleo Rosneft, também
atraiu a fúria dos críticos internos do presidente norte-americano,
Barack Obama, que a qualificou de "puxão de orelhas", mesmo enquanto os
aliados europeus dos EUA discutiam sobre como seguir o exemplo sem
afetar gravemente as suas economias.
A nova
rodada de sanções, seguindo as impostas no mês passado, quando a Rússia
anexou a Crimeia, mal foi notada no leste da Ucrânia, onde os rebeldes
pró-Moscou mantêm refém um grupo de alemães e de observadores militares
da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) há quatro
dias.
Apesar da
operação militar ucraniana para conter a ação dos insurgentes, os
militantes pró-Rússia ampliaram seu raio de ação, ocupando edifícios
públicos importantes em outra cidade na região de Donetsk. Na capital
regional, os ativistas armados com bastões puseram fim a uma
manifestação de partidários do governo central ucraniano, apoiado pelo
Ocidente.
E o prefeito
de Carcóvia, segunda maior cidade da Ucrânia, foi gravemente ferido por
um homem armado, o que provocou o temor de que distúrbios possam
irromper nessa região de população de língua russa, que estava mais
calma do que as províncias vizinhas de Donetsk e Luhansk.
As sanções
norte-americanas têm como alvo, segundo o governo em Washington, os
"camaradas" de Putin. Sete homens, incluindo Sechin, foram alvo de
proibições de concessão de vistos e congelamento de quaisquer bens nos
Estados Unidos, e 17 empresas também foram enquadradas na punição. Os
países da UE adicionaram 15 nomes à sua lista negra, a ser revelada na
terça-feira.
"O objetivo
não é ir atrás de Putin pessoalmente", disse Obama. "O objetivo é mudar o
seu cálculo no que diz respeito à forma como as ações nas quais ele
está se envolvendo na Ucrânia poderão ter um impacto negativo sobre a
economia russa em longo prazo."
Havia poucos
sinais de uma mudança rápida nas estratégias de Putin, que os críticos
acusam de estar estimulando o medo entre os russos étnicos a fim de
redesenhar as fronteiras pós-soviéticas e reconstruir o império sob o
controle de Moscou.
"Washington
está revivendo... um método antigo de restringir a cooperação normal,
desde os tempos da Guerra Fria, essencialmente se enfurnando em um
armário escuro, empoeirado, de eras passadas", disse o vice-chanceler
Sergei Ryabkov, descrevendo as sanções como ilegítimas, não civilizadas e
em violação ao direito internacional.
As sanções
não vão ajudar a resolver os problemas na Ucrânia, afirmou ele, e foram
baseadas em uma visão dos eventos do país "absolutamente distorcidas".
Ambos os
lados continuam a apresentar versões diametralmente opostas dos
acontecimentos na Ucrânia. Países ocidentais veem como legítimos os
líderes que tomaram o poder depois que o presidente Viktor Yanukovich,
apoiado pelos russos, fugiu para a Rússia em fevereiro e acreditam que
Putin está tentando minar seus esforços para realizar uma eleição.
Para Moscou,
no entanto, eles são "fascistas" e "golpistas", nacionalistas
ucranianos antirrussos contra os quais a população de língua russa na
Crimeia e no leste da Ucrânia se revoltou em defesa própria, visão que
transmite para a Ucrânia por meio da mídia estatal da Rússia.
Agência Reuters