Índios bloqueiam acesso a ministério em 3° dia de protestos em Brasília
Cerca de 400 manifestantes também fecharam três faixas da via, diz PM.
Grupo quer reunião com ministro da Justiça sobre demarcação de terras.
Segundo a Polícia Militar, havia 400 pessoas no local. Testemunhas relataram que os manifestantes apontaram seus arcos e flechas para policiais e servidores do prédio. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, porém, negou hostilidade por parte do grupo. "Tem uma proposta no Ministério da Justiça para alterar o procedimento de demarcação de terras. Essa proposta significa um obstáculo democrático", disse a entidade.
Os indígenas se espalharam em volta da sede do Ministério da Justiça com faixas e cartazes e levaram uma lista das terras que querem ter como garantidas. Eles afirmaram que pretendiam ficar no local até ter uma resposta de Cardozo.
Funcionário de outro ministério, Luiz Paulo Conde dos Santos Neto disse que presenciou o início da manifestação. "Eu estava dentro do ônibus, vindo trabalhar. Eles chegaram correndo, tentaram invadir o palácio. Um policial disse que não podiam fazer isso, mas eles insistiram e apontaram o arco e flecha para ele. Aí ele recuou."
PMs diante do Congresso Nacional, em Brasília
(Foto: Vianey Bentes/TV Globo)
Na terça-feira (27), uma comissão de indígenas foi recebida pelos presidentes da Câmara Federal, Henrique Alves, e do Senado, Renan Calheiros. Eles discutiram questões relacionadas à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que transfere para o Legislativo a decisão de homologar terras indígenas e esvazia o poder da Fundação Nacional do Índio (Funai), atual responsável por elaborar estudos de demarcação.
"O deputado Henrique Alves assumiu um compromisso de não aprovar a PEC 215 enquanto não houver consenso dentro da Casa. Nós fizemos questão de ele reafirmar que deve haver consenso, e não maioria. Como a maioria da Câmara é ruralista, não se corre o risco de eles pautarem [a discussão]. Enquanto não houver consenso, não haverá PEC 215", disse a líder indígena Sônia.
Ao todo, na terça, o grupo participou de dois atos: no primeiro, pela manhã, chegou a subir na marquise do Congresso Nacional; e, no segundo, juntou-se a familiares do auxiliar de serviços gerais Antônio de Araújo, sumido há um ano após abordagem policial, e a movimentos sociais que questionam os gastos com a Copa do Mundo em uma manifestação nos arredores do Estádio Nacional Mané Garrincha.
Durante o confronto, o Batalhão de Choque da PM chegou a lançar gás lacrimogêneo contra os manifestantes. "A gente não se assustou muito com a polícia. Vivemos isso no dia a dia dos nosso estados", disse Cláudio Carmona, da etnia guarani.
Fonte G1