União daqui união dali vamos vendo: Quirguistão dá passos rumo à União Aduaneira
O
Quirguistão deu primeiros passos para entrar na União Aduaneira (UA). O
governo aprovou um plano de adesão e no parlamento decorreram primeiras
audiências sobre o assunto.
Essas ações
foram precedidas por uma longa preparação: a assinatura do plano de
adesão foi adiada, provocando discussões acesas em Bishkek. Mesmo agora,
quando as autoridades mostram uma firme vontade em relação à integração
eurasiática, as elites políticas do país não são unânimes nesta
questão.
O
Quirguistão começou a avançar rumo à UA há três anos, quando as
autoridades do país anunciaram a vontade de se juntar da troika da
Rússia, Bielorrússia e Cazaquistão.
Assim
o país poderá desenvolver sua indústria e elevar o grau de atração de
investimentos. No fim do ano passado, as autoridades já deviam assinar o
plano de entrada na União Aduaneira, mas Bishkek decidiu que o
documento deveria ser “redigido” para incluir preferências que poderiam
diminuir a pressão exercida na economia do Quirguistão, diz o chefe da
Seção da Ásia Central e do Cazaquistão do Instituto de Países da CEI,
Andrei Grozin:
“Os mais
frequentes foram três votos. Primeiro, foi destacada a ajuda na
reorientação de supermercados gigantes e a criação de um regime especial
para eles. Segundo, Bishkek solicitou que Moscou, Astana e Minsk pensem
na possibilidade de formar um fundo especial que ajudaria o Quirguistão
a reduzir as perdas e, terceiro, criar um regime especial para
migrantes laborais. Mas nem Astana nem Moscou estão interessadas em
constituir à margem da UA quaisquer zonas econômicas especiais em
condições específicas”.
A Rússia,
Cazaquistão e Bielorrússia não recusam a ajuda, mas o Quirguistão também
deve assumir uma responsabilidade. Ao intervir em dezembro do ano
passado em reunião do Supremo Conselho Econômico Eurasiático, o
presidente do Cazaquistão, Nursultan Nazarbaev, fez lembrar que “a
integração não oferece doces gratuitos a ninguém”. Os participantes dão
esse passo voluntariamente no interesse dos próprios Estados. Nazarbaev
ressaltou ainda que a integração eurasiática não apenas não ameaça a
soberania de antigas repúblicas soviéticas, mas, pelo contrário, vem
reforçando seu regime nacional de Estado, continua Andrei Grozin:
“Para muitas
pessoas, a perspetiva de participar da UA não é uma questão da vida e
da morte da economia nacional, mas são as questões de caráter pessoal:
como será a vida, se uma pessoa concreta ocupar uma ou outra posição.
Este é um sério elemento de risco para a futura participação do país da
tentativa de reestruturar a economia. Mais de 20 anos do desenvolvimento
soberano do Quirguistão levaram à estagnação econômica, ainda bem que
não ao retrocesso. Esta estagnação pode ser superada só no quadro da
UA”.
O
primeiro-ministro Dzhoomart Otorbaev declarou que o Quirguistão tem
pouca escolha: ou entrar na UA e construir uma economia aberta ou
começar a armar cercas nas fronteiras. O ministro da Economia Temir
Sariev adverte que se o Quirguistão renunciar à entrada na UA, ele só
prejudicará sua economia, perderá fornecimentos sem impostos de produtos
energéticos da Rússia, reduzirá reexportações de artigos chineses e
perderá mercados de venda. Mas, além disso, o Quirguistão tem ainda
“parceiros ocidentais” e uma rede de organizações não governamentais que
são financiadas por Washington e deitam lenha no fogo de discussões
políticas, diz o colaborador científico do Instituto de Países da CEI no
Quirguistão, Grigori Mikhailov:
“Não estão
interessadas na entrada na UA tanto uma parte de habitantes locais que
vivem à conta de reexportações de artigos chineses ou graças ao
contrabando, como uma certa parte de pessoas que colaboram com
organizações financiadas pelos EUA. Estes elementos efetuam uma campanha
informativa ativa para desacreditar a UA e fazem propaganda entre
habitantes locais. Há muito que se assiste à atividade das ONGs
pró-ocidentais no Quirguistão. Agora começou mais uma fase dessas ações
que se pagam sistematicamente e em grandes volumes”.
Mas,
felizmente, como sempre acontece no caso de contradições políticos, são
cada vez mais altas as vozes dos partidários da integração eurasiática,
inclusive de empresários quirguizes, que não duvidam que o país não
poderá ultrapassar a estagnação econômica sem contatos com parceiros
históricos.
Voz Da Rússia