Ato contra Copa tem novo confronto com PM; duas jornalistas já foram feridas
Protesto anti-Mundial se dispersa na Zona Leste; manifestantes se concentram agora na estação Tatuapé do metrô
Após embates com policiais militares nas imediações da estação Carrão do metrô, manifestantes do Sem Direitos Não Vai ter Copa agora se encontram na estação Tatuapé do metrô, que permanece fechada.No momento, policiais militares bloqueiam a entrada de manifestantes e torcedores. Em nota sobre os embates que aconteceram mais cedo, a Polícia Militar informa que “agiu para impedir que baderneiros fechassem a Radial Leste, o que afetaria o direito de ir e vir de milhares de pessoas, inclusive aquelas que vão assistir à abertura da Copa do Mundo”.
Após confronto, quando lixo foi atirado nas ruas e placas e outras estruturas públicas, como postes e lixeiras, foram depredados e transformados em barricada numa das vias, black blocks se dispersaram e tentaram ocupar a Radial Leste. A via é a principal conexão entre as delegações e a Arena Corinthians, que em algumas horas sedia o evento de abertura da Copa.
Até o momento, há registro de duas jornalistas da rede norte-americana CNN feridas - a repórter Shasta Darlington sofreu um pequeno corte no braço e a produtora Barbara Arvanitidis foi atingida no pulso. Ambas foram socorridas por homens do Corpo de Bombeiros. Militantes da manifestação foram presos. A estação Carrão e ruas no entorno dos protestos estão fechadas.
A manifestação pacífica do sindicato dos metroviários, iniciada na manhã desta quinta-feira (12) pela reintegração dos funcionários demitidos na última segunda-feira (9), foi encerrada mais cedo por líderes da categoria por conta do tumulto gerado pelo ato que acontecia em paralelo.
"Não queremos ser escudo contra polícia para ninguém", disse um dos representantes sindicais desde o carro de som.
Os confrontos entre homens da Polícia Militar e militantes
de movimentos contra a realização do Mundial no Brasil começaram cedo.
Pouco depois das 10h, quando tinha início o protesto, manifestantes
foram impedidos por uma ampla barreira da Tropa de Choque da Polícia
Militar de acessar a Radial Leste, principal via de ligação à Arena
Corinthians, onde ocorre a abertura do Mundial, às 17h. A intenção dos
protestantes era chegar ao estádio.
Foi neste momento de
tensão inicial que as jornalistas da CNN ficaram feridas. Um vídeo da
rede mostra a exata hora em que uma repórter é atingida por estilhaços
enquanto narrava os conflitos no local. Para dispersar os manifestantes,
homens da PM avançaram com escudos e lançaram bombas de efeito moral.
Adeptos da tática black bloc queimaram sacos de lixo, jogaram pedras e
arrancaram postes como resposta.
Os manifestantes pretendiam
fazer a passeata pela Radial mas foram impedidos pelos militares, que
procuram isolar toda a região onde a Seleção Brasileira enfrenta a Croácia para evitar tumultos e cenas de violência nas proximidades do estádio.
Apesar
da tensa movimentação, o número de manifestantes, algumas dezenas, era
ínfimo se comparado ao de policiais e de trabalhadores da imprensa,
incluindo fotógrafos, câmeras e repórteres de veículos internacionais.
Convocado
na véspera já com itinerário definido até o cordão de isolamento criado
para garantir a segurança no entorno do estádio, o ato é organizado
pelo coletivo Se Não Tiver Direitos, Não Vai Ter Copa.Concomitante ao ato anti-Mundial, perto dali, na rua do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, localizada ao lado do Metrô Tatuapé, houve outro ato, no qual a categoria reivindicava a readmissão dos 42 funcionários demitidos devido à greve da categoria, encerrada na noite de segunda-feira (9). A intenção era fazer uma passeata apenas na rua da sede.
Pela proximidade dos dois locais, no entanto, manifestantes do ato contra o Mundial acabaram correndo em direção ao sindicato, enquanto a polícia agia com bombas. Segundo pessoas no local, adeptos da tática black bloc chegaram a jogar pedras contra o prédio dos sindicalistas.
A violência na rua levou a categoria a pedir aos manifestantes para entrar no prédio a fim de evitar feridos. Na via, ocorreram, além dos confrontos com a polícia, tensas discussões entre a ala mais radical do movimento anti-Copa e alguns trabalhadores do Metrô. Sindicalistas pediam o fim dos confrontos e das atitudes de vandalismo.
Na quadra do sindicato, representantes da categoria afirmaram: "Fomos agredidos pela Tropa de Choque, pela Polícia Militar. Nosso sindicato está sitiado da mesma forma que o dos metalúrgicos esteve na ditadura militar."
fonte ig