EUA dizem que irão financiar e trabalhar com governo de unidade palestino
Por Lesley Wroughton e Patricia Zengerle
WASHINGTON
(Reuters) - Os Estados Unidos informaram nesta segunda-feira que
planejam financiar e trabalhar com o governo de unidade palestino
formado após um acordo entre os partidos Fatah e Hamas, e Israel
expressou imediatamente a sua frustração com a decisão norte-americana.
O presidente
palestino, Mahmoud Abbas, deu posse ao governo de unidade nesta
segunda-feira com os islâmicos do Hamas, que pregam a destruição de
Israel.
Os EUA veem o
Hamas como uma organização "terrorista", e o Congresso impôs restrições
ao financiamento norte-americano para a Autoridade Palestina, que
normalmente chega a 500 milhões de dólares por ano, no caso de um
governo de unidade.
Parlamentares
veteranos dos EUA disseram também nesta segunda-feira que Washington
deveria suspender a ajuda ao novo governo até ter certeza do
comprometimento do grupo islâmico com a paz com Israel.
Entretanto,
no seu primeiro comentário desde a posse do governo palestino, o
Departamento de Estado destacou que considera o novo gabinete um grupo
de tecnocratas e que está disposto a negociar.
“A esta
altura, parece que o presidente Abbas formou um governo interino
tecnocrata que não inclui ministros ligados ao Hamas", declarou a
porta-voz do departamento, Jen Psaki, no seu encontro diário com
jornalistas.
“Com base no
que sabemos agora, pretendemos trabalhar com este governo, mas iremos
observar atentamente para ter certeza de que ele mantém os princípios
que o presidente Abbas reiterou hoje”, disse ela, referindo-se ao
compromisso assumido por Abbas de honrar acordos de paz anteriores e os
princípios do processo de paz com Israel.
Em
Jerusalém, uma autoridade israelense, falando sob anonimato, afirmou em
um comunicado: “Estamos profundamente decepcionados que o Departamento
de Estado cogite trabalhar com o governo de unidade palestino”.
A declaração
afirmou que Washington pode levar adiante o processo de paz exortando
Abbas "a encerrar o seu pacto com o Hamas e retomando as conversas de
paz com Israel".
Indagada se
seus comentários significam que a ajuda dos EUA continuará a chegar à
Autoridade Palestina, Psaki respondeu: “Sim, mas continuaremos a avaliar
a composição e as políticas do novo governo e calibrar nossa abordagem
de acordo”.
Por lei, a
ajuda dos EUA aos palestinos não pode beneficiar o Hamas "ou qualquer
entidade efetivamente controlada pelo Hamas, ou qualquer governo de
partilha de poder do qual o Hamas faça parte, ou que resulte de um
acordo com o Hamas e sobre o qual o Hamas exerça influência indevida".
Reuters