Imprensa inglesa diz que o governo brasileiro perdeu o rumo e agora joga o povo contra o povo
Até os ingleses já sabem que a coisa está feia no Brasil. Uma matéria do
The Guardian, traz uma análise crítica, um visão de alguém de fora
sobre a situação do Brasil, onde se vê claramente um governo que se
perdeu política e economicamente, e agora, tenta distrair as atenções
com a copa do mundo, colocando ainda as classes sociais umas contra as
outras, e, assim, tirar o foco dos reais problemas.
The Guardian - um ano de protesto frustrado contra um governo
intransigente lançou uma onda de reprimida violência entre classes. “No
Brasil há um ditado que diz:”. “Ladrão bom é ladrão morto” Estas
palavras não são mais relevantes na paisagem dominada pelas guerra de
classes brasileira de hoje, onde o preconceito, a violência e o racismo
correm livres.
A última semana foi cheia de atos de violência no Rio de Janeiro. Mais
uma vez, a polícia e manifestantes entraram em confronto durante um
protesto no centro da cidade. Alguns dias antes, um adolescente foi
espancado, despido e amarrado a um poste de luz por um grupo de
vigilantes por supostamente assaltar pessoas na rua. Os confrontos não
são mais pessoas contra autoridade, eles se tornaram pessoas contra
pessoas, são do povo contra o próprio povo.
E figuras da mídia tradicional têm apoiado os 'justiceiros/vigilantes'
que fazem justiça com as próprias mãos. Esta semana Rachel Scheherazade,
a âncora do SBT, disse que suas ações foram "compreensíveis”, e que se
as pessoas fossem a favor dos direitos humanos que deve "fazer um favor
ao Brasil e adotar um ladrão". Ela fez estas declarações na televisão
nacional em horário nobre. Para muitos, as estatísticas justificam a
reação violenta: em 2013 mais de 33.000 pessoas foram assassinadas no
Rio, 1070, como consequência de assalto. Ainda mais assustadoramente,
5.412 pessoas morreram em conflitos com a polícia. Como o governo
concentrado na Copa do Mundo para agradar a comunidade internacional,
tem se negligenciando mais ainda as pessoas do que o normal, e as coisas
ficaram piores. Brasil já é o quarto país mais desigual do mundo (de
acordo com a Organização das Nações Unidas). A onda de crimes recentes,
em particular no bairro do Flamengo, onde o adolescente negro foi
atacado, e o resultado direto da raiva da população que foi deflagrada
em junho passado. A tentativa do governo de elevar tarifas de ônibus
mais uma vez atuou como um lembrete de que, desde os protestos do ano
passado, as coisas ficaram piores, não melhores.
Talvez, as pessoas já tenham percebido que protestando não chegam a
lugar nenhum, exceto para a obtenção de mudança em curto prazo.
O governo está enviando uma mensagem clara: vamos fazer o que queremos e
os seus protestos não podem nos parar. Esta mensagem tornou-se
perigosa, porque as pessoas agora se sentem no direito de roubar, de
usar a violência para torturar os autores em qualquer situação que a
polícia, toda desestruturada e implorando ajuda à nação, (veja aqui),
não esteja a atuar. E sempre haverá pessoas inocentes que sofrem. Na
quinta-feira, um cinegrafista foi atingido na cabeça por um explosivo,
supostamente uma bomba da polícia, depois de um protesto que se tornou
violento. Ele está em coma.
A guerra é de alta renda versus baixa renda.
Enquanto as pessoas das favelas são levadas ao crime por causa de sua
falta de oportunidades, pessoas de classe média se sentem cada vez mais
com medo da violência e se preocupado com sua segurança. A raiva contra o
governo está colocando uns contra os outros e, apesar do glorioso sol
do Rio de Janeiro, o ambiente é de medo e tristeza para uma cidade de
tal potencial.
Em última análise, embora o suporte para a tortura e violência seja
horrível, os problemas sociais no Brasil são muito mais profundos que
vigilantes/justiceiros fazendo o que acham que é certo. Não é uma
simples questão de matar um criminoso, porque ele é inerentemente mau;
centenas de anos de opressão, do racismo e negligência do governo não
podem ser camufladas com uma simples decisão de não aumentar as tarifas
de ônibus. “As coisas podem piorar".
Com informações da Folha Centro Sul e The Guardian