Não há nada encoberto que não haja de ser revelado: Esqueletos de 800 bebês são achados em convento Católico irlandês
Local servia como lar para jovens mães solteiras entre 1926 e 1961
DUBLIN, Irlanda. Quase
800 esqueletos de recém-nascidos foram encontrados em uma cuba de
cimento ao lado de um antigo convento católico da cidade de Tuam, na
Irlanda, que abrigou jovens mães solteiras entre 1925 e 1961. “Alguém
havia mencionado a existência de um cemitério para recém-nascidos, mas o
que encontrei é muito mais que isso”, declarou a historiadora Catherine
Corless, responsável pela descoberta.
Ao
investigar os arquivos de um antigo convento de Tuam, no oeste do país,
atualmente transformado em condomínio, a historiadora descobriu que 796
bebês foram enterrados sem caixão ou lápide. Ela descobriu a extensão
da vala comum quando pediu os registros de mortes de crianças. O
secretário da província deu quase 800 e ela ficou chocada. As mortes
ocorreram ao longo de 35 anos, entre 1926 e 1961.
Em
1944, o governo irlandês inspecionou o local e registrou que as 271
crianças que viviam no local apresentavam sinais de desnutrição. Os
recém-nascidos mortos teriam sido enterrados de maneira secreta pelas
freiras. As mortes têm causas incertas: desnutrição, pneumonia,
tuberculose e, sem dúvida, maus-tratos.
De
acordo com Corless, a taxa de mortalidade para crianças no convento era
quatro a cinco vezes maior que a da população em geral.
Parentes. William
Joseph Dolan, parente de uma criança que nasceu na instituição, entrou
com uma ação na Justiça para entender o que aconteceu no período. “Não
podemos julgar o passado do nosso ponto de vista, mas sim lembrá-lo de
forma adequada e garantir que as pessoas possam vir e homenagear os
bebês mortos”, declarou o padre Fintan Monaghan, também secretário da
arquidiocese de Tuam.
A
descoberta recorda outro escândalo que também envolveu mães solteiras.
Entre 1922 e 1996 mais de 10 mil jovens trabalharam de maneira gratuita
em lavanderias exploradas comercialmente por religiosas católicas na
Irlanda. As internas, conhecidas como as “Irmãs Madalenas”, eram jovens
solteiras grávidas ou que haviam demonstrado um comportamento
considerado imoral no país de forte tradição católica.
O tempo