Obama nomeia Rússia e China como principais adversários potenciais dos EUA
“As
agressões regionais que ficam impunes, aconteça isso no sul da Ucrânia
ou no mar da China Meridional, poderão acabar por atingir nossos aliados
e por envolver nossas forças armadas”, declarou Barack Obama no seu
discurso perante os graduados da Academia de West Point. Esta foi a
primeira vez nas últimas décadas que um presidente norte-americano
aponta a Rússia e a China, em conjunto, como sendo a origem de uma
ameaça militar.
O fato de
essas declarações serem proferidas ao mais alto nível é uma prova do
caos e da desorientação em que se encontra a liderança norte-americana.
Durante muitos anos, o objetivo dos EUA foi não permitir uma grande
aproximação entre a Rússia e a China, e muito menos o surgimento de uma
aliança militar.
Contudo
agora, numa situação em que tanto Moscou como Pequim continuam, pelo
menos nas palavras, a negar seu interesse em formar um bloco
político-militar, é o próprio presidente norte-americano que os une na
qualidade de potenciais adversários militares dos EUA.
É possível
que esse discurso apenas reflita a lógica do desenvolvimento das
relações internacionais na forma como a entendem os Estados Unidos. Os
norte-americanos praticaram durante décadas uma política de contenção da
Rússia na Eurásia e da China na Ásia Oriental, apesar de o negarem
verbalmente. Ao levar a cabo essa política, os EUA também tentaram de
todas as formas criar um distanciamento entre Moscou e Pequim. Neste
momento já é evidente que essa estratégia fracassou. Com a sua política,
os norte-americanos apenas tornaram inevitável a aproximação
russo-chinesa.
Ainda
estamos longe da formação de uma aliança formal. Mas, se ela surgir, os
EUA e seus aliados irão enfrentar uma ameaça que fará a antiga
confrontação com a URSS parecer uma brincadeira de crianças.
A China e a
Rússia são a segunda e a quinta economias mundiais e ambas fazem parte
das três maiores potências militares. Entretanto, a Rússia continua a
possuir o maior arsenal nuclear do mundo, composto por armas nucleares
estratégicas e táticas, e a China – as maiores forças terrestres
convencionais. Suas economias se complementam e a extensão de suas
fronteiras comuns permite realizar trocas comerciais por via terrestre e
em segurança.
A Rússia e a
China possuem gigantescas reservas em ouro e divisas e são grandes
credores dos países ocidentais. Com uma estreita cooperação militar e
econômica, Moscou e Pequim serão quase invulneráveis a pressões
ocidentais.
Os EUA são a
potência mais poderosa do mundo, e muitos pensam que cada passo que
eles dão segue algum plano complexo. Na realidade, os atos dos EUA se
baseiam numa percepção deturpada da realidade. Frequentemente eles
resultam de simples incompetência, de previsões erradas e de simples
erros táticos. Um desses erros foi a pressão exercida simultaneamente
sobre Moscou e sobre Pequim, o que acaba por aproximá-los ainda mais. Ao
juntar uma aliança anti-chinesa na região da Ásia e Pacífico e ao
reforçar as sanções contra a Rússia, Washington praticamente não deixa
outra alternativa à Rússia e à China.
Uma aliança
política e militar russo-chinesa tem, por enquanto, apenas um caráter
hipotético, mas os próprios Estados Unidos aceleram a criação desse
cenário, que para eles será de pesadelo.
Numa
perspectiva de longo prazo, o reforço de uma parceria russo-chinesa
conduz à perda pelos EUA da sua liderança global. Mesmo nos países
aliados dos Estados Unidos suas ações provocam uma crescente irritação
mal disfarçada.
Contudo,
numa perspectiva a curto prazo, a política dos EUA irá provocar
periodicamente uma inútil desestabilização e caos, como temos tido a
oportunidade de observar na Síria e na Ucrânia.
Voz da Russia
DeOlhOnafigueira