O tigre é o culpado. A maioria das notícias que li sobre o pai que ajudou seu menino a se aproximar da jaula para provocar o tigre destaca o ataque do animal.
Mas será realmente que a culpa foi do tigre?
Eu já fui a zoológicos com minhas crianças, onde havia umas duas proteções e placas com avisos. Mesmo que não houvesse, até um analfabeto sabe que um tigre representa perigo.
Mas no caso do pai irresponsável, ele e seu filho de 11 anos levaram, preparados desde casa, coxinhas e carnes, num plano premeditado de se aproximar das feras.
Outros visitantes alertaram o pai sobre o perigo de seu menino enfiando o braço na jaula para provocar um leão e um tigre. Mas o pai ficou à vontade fazendo as vontades do filho.
Um pai prudente jamais ajudaria seu filho a se aproximar de uma jaula. Pais prudentes castigam os filhos que ultrapassam esses limites perigosos e, desde casa, seus filhos aprendem que se provocarem ou baterem nos animais domésticos, apanham dos pais. Provocar animais de grande porte traz consequências maiores — vindo das próprias fontes provocadas.
O real perigo, ao contrário da insinuação das notícias feitas por jornalistas despreparados, não foi o tigre. Um pai que não respeita limites e encoraja os filhos a desrespeitá-los provoca riscos desnecessários.
Talvez sentindo que não pode mais legalmente dar umas palmadas, cintadas ou varadas de correção, o pai fez o que os Dez Mandamentos do ECA ordenam: liberdade, liberdade e total liberdade!
O problema é: ninguém explicou para o tigre que as crianças são seres que podem fazer o que quiserem, com quem quiserem, a hora que quiserem!
O tigre então é o culpado. Se não for o tigre, é a sociedade, é o trauma que o menino teve, é a experiência má que o pai teve na infância, é o dono do zoológico, é o guarda, é o faxineiro — é tudo, menos o irresponsável que, conscientemente ou não, seguiu a Lei da Xuxa, a Lei do ECA, a Lei da Libertinagem, que deixa a criança à vontade como dona de seu próprio nariz, provocando os gatos pequenos, até encontrar um felino grande, que não compreende nada das libertinagens legais do reino do ECA.
No reino do ECA, a criança (qualquer menor de dezoito anos) nunca é culpada de nada, nem de provocar tigres, nem de violar limites, nem de matar, nem de estuprar.
O pai só seria culpado se tivesse dado umas palmadas, cintadas ou varadas.
A culpa então só pode ser do tigre.
Atualização em 4 de agosto de 2014: A culpa agora é do médico! De acordo com a revista Veja, o menino que havia sido “atacado” pelo tigre primeiro havia enfiado o dedo na boca do animal. Em seguida, enfiou num olho. Como depois de toda essa provocação o tigre continuava manso (haja mansidão!), o garoto ficou determinado a quebrar a mansidão do bicho: ele enfiou então o dedo no outro olho… Resultado: o braço dele ficou tão estraçalhado que o médico precisou amputar. Agora o pai anormal, que incentivou o menino a provocar o animal, vai processar o médico. Brasil absurdo: tem lei onde não precisa (contra pais que disciplinam os filhos) e não tem lei onde se precisa (pais animalescamente irresponsáveis, que acham que os filhos mimados podem judiar a vontade dos animais). Se esse tigre fosse um gatinho doméstico, já estava sem olhos e se a criatura indefesa reagisse, só Deus sabe o que o pai faria com ele. Um pai normal surraria um filho por judiar dos animais. Mas um pai animal permite tudo. Pobre médico! Agora, está sendo processado pela estupidez de pai e filho. Se eu fosse esse médico, saía do Hospício Brasil. Aliás, se eu fosse o tigre faria a mesma coisa. Há mais animais descontrolados fora das jaulas do que dentro.
Fonte: www.juliosevero.com
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