O psicólogo Takhir Bazarov, professor da Universidade Estatal de Moscou
Lomonossov, dá conselhos, em uma entrevista concedida à Voz da Rússia,
como não entrar em pânico e deixar de pensar na possibilidade do início
da terceira guerra mundial.
– Como não ceder à histeria em massa e por que é que semelhantes ideias
surgem na véspera do centenário da primeira guerra mundial?
– Depois de cem anos do início da primeira guerra mundial, o
pressentimento da ameaça crescente de uma terceira guerra torna-se
particularmente evidente.
Há cem anos atrás, a
humanidade (a civilização europeia, antes de tudo) confrontou-se pela
primeira vez com o fenómeno da “guerra mundial”. O que significa
isso?Principalmente, a mudança radical da forma de vida de milhões de
pessoas. Embora, para os habitantes da Europa, o tempo que antecedeu a
guerra não tivesse sido particularmente feliz ou relaxante, era um tempo
de esperanças e expectativas de um futuro previsível. E, de súbito,
milhões de vítimas humanas, a mudança radical da organização do mundo.
E, o principal, a impossibilidade de influir nos acontecimentos. As
preferências individuais, a existência de opinião própria tornaram-se
insignificantes perante o rosto da ideia nacional de grupo.
Depois, veio a segunda guerra mundial, que, ainda em maior grau, reduziu
o preço da vida humana. Foi precisamente esta guerra que mostrou de que
forma a violência de um homem contra outro pode ser fácil, até que
ponto é difícil resistir a essa violência. Essa é a primeira causa do
medo das pessoas. Estas conservaram a memória histórica de guerras
anteriores.
A base do medo é, antes de tudo, o receio pela própria vida e pelo
destino dos seus parentes. Mas, além disso, o medo de se tornar cruel
para enfrentar a crueldade. No que respeita às formas de não se deixar
cair na histeria de massas, há apenas duas. Primeira, trata-se da
orientação para a compreensão racional da situação. Segunda, a atividade
no que depende de nós.
Do ponto de vista da primeira, é completamente claro que não pode haver
qualquer terceira guerra mundial. Qualquer confronto militar global
será, hoje, uma catástrofe universal. Trata-se de uma guerra onde não
haverá vencedores, nem vencidos. Pode-se imaginar quem ousará lançar-se
em semelhante loucura? Do ponto de vista da segunda, quando aumenta a
tensão, é importante garantir para si e os seus próximos as condições
maximamente seguras de vida.
– Segundo o senhor, como se deve comportar uma pessoa preocupada com o
seu futuro e o futuro dos seus próximos? Deve preparar-se para um
possível conflito militar ou colocar de lado a ideia da possibilidade de
uma guerra e continuar vivendo como sempre?
– Antes de tudo, a pessoa deve manter-se realista e com atenção. Toda a
sua preparação para possíveis excessos é a garantia de um lugar de
residência seguro e a criação de um mundo circundante viável. Se
disparam sobre você mísseis e minas, é preciso ter um refúgio que o
defenda. Se existe a possibilidade de abandonar esse lugar, é preciso
fazer isso. Fazem parte da zona de segurança também os vizinhos com quem
é preciso estabelecer boa comunicação e boas relações, que pressupõem
confiança e ajuda mútua.
– Quando a mídia mostra diariamente dezenas de imagens dos locais de
ações armadas na Ucrânia e na fronteira de Israel com a Palestina, o que
podemos fazer para evitar o sentimento opressor de ameaça eminente?
Antes de tudo, é minimizar o caráter traumatizante da influência dos
mídia, prestar-lhes menos atenção, ver programas com temas positivos. É
preciso deixar de ser um recetor passivo de tudo o que a mídia propõe.
Uma análise própria, mesmo que curta e não muito profunda, do que se lê
ou se ouve na TV, pode ter um efeito positivo. A algumas pessoas ajudam o
trabalho ou a ocupação preferida, a que se podem dedicar com paixão.
Além disso, resta sempre uma receita absolutamente garantida para
ultrapassar o medo ou a depressão: prestar ajuda aos que dela
necessitam.
Opinião: Voz Da Rússia