Aécio diz que Dilma usou discurso na ONU para fazer campanha política
Candidato Aécio Neves, do PSDB, concedeu entrevista ao Grupo RBS nesta quinta (Foto: Maria Polo/G1)
O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, criticou
nesta quinta-feira (24) o tom do discurso de Dilma Rousseff durante a
abertura da 69ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU),
na quarta-feira (24). Para ele, a presidente usou o espaço para fazer
campanha eleitoral e afirmou que a história se lembrará do fato. O
tucano está no Rio Grande do Sul para cumprir agenda de campanha em
Porto Alegre, Santa Maria e Caxias do Sul."A história se lembrará do discurso da presidente na ONU. Ela esqueceu onde estava e para quem falava para fazer propaganda para o horário eleitoral. Um dia triste para o Brasil", afirmou a jornalistas após participar do Painel RBS especial de eleições, promovido pelo Grupo RBS, no qual foi sabatinado por uma hora.
Aécio ainda fez críticas à política externa que vem sendo exercido pelo Brasil.
"Em especial, a manifestação da presidente em relação à postura das negociações, da postura dos Estados Unidos e da coalisão que se formou em relação às ações dos estados islâmicos. A presidente trocou diálogo com um grupo que está decapitando pessoas. Realmente essa não é a política externa que consagrou o Brasil ao longo de séculos. Infelizmente, em relação também à política externa, a presidente da República deixa péssimos exemplos para os seus sucessores", disse.
Durante o discurso, Dilma condenou o uso de intervenções militares para tentar solucionar conflitos bélicos, como os que ocorrem atualmente na Síria, no Iraque e na Ucrânia. Segundo ela, o uso da força, em vez da diplomacia, gera o acirramento dos conflitos e a multiplicação de vítimas civis. Em tom duro, Dilma enfatizou que a comunidade internacional não pode aceitar "manifestações de bárbarie".
Críticas a Marina e Dilma marcam entrevista ao Painel RBS
As críticas as adversárias Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) dominaram boa parte da entrevista. O candidato do PSDB afirmou que o governo do PT "fracassou" e que deixou um legado perverso aos brasileiros. Ele também citou o escândalo de corrupção na Petrobras e se apresentou como o candidato que lutará pela renegociação da dívida dos estados.
Aécio Neves, candidato à presidência da
República, em entrevista ao Painel RBS
(Foto: Maria Polo/G1)
Apresentando-se como o candidato da ética, o tucano prometeu "devolver"
a Petrobras aos brasileiros e falou sobre o escândalo na empresa.
"Expresso aqui a minha indignação. O que aconteceu com a Petrobras é o
inimaginável. Quem diz isso não sou eu, é a PF. Tem uma organização
criminosa atuando no seio da maior empresa brasileira. Quero ser
presidente para encerrar esse ciclo de desrespeito ao dinheiro público.
Quero devolver a Petrobras aos brasileiros", afirmou.República, em entrevista ao Painel RBS
(Foto: Maria Polo/G1)
Questionado sobre se não havia nada que destacasse durante o governo do PT, Aécio citou duas questões: a mudança na gestão econômica do governo Lula e o abandono do Fome Zero, afirmando que o programa não era compreeendido.
"Lula manteve os pilares macroeconômicos que nos trouxeram até aqui. Isso foi positivo no boom econômico. Outro ponto, quando ele abandonou o Fome Zero, unificou os programas de bolsa escola, alimentação e vale gás e transformou no Bolsa Família. Para mim, o Bolsa Família é um ponto de partida. Para o PT é quase um ponto de chegada”, afirmou.
Fator previdenciário
A exemplo do que já disse anteriormente, Aécio voltou a afirmar que buscará alternativas ao fator previdenciário e negou que tenha recuado em sua proposta original.
"A nossa proposta não mudou um milímetro sequer. Eu parto do pressuposto de admitir que o fator previdenciário pune de forma extremamente violenta os aposentados. Vamos substuir por outro mecanismo que puna menos", salientou sem, no entanto, apresentar que mecanismo seria. Vamos discutir frente a frente com as centrais sindicais", resumiu. "É possível, necessário, e é esse o meu compromisso com os aposentados brasileiros", prometeu.
Investimentos
Novamente criticando o governo do PT, o candidato do PSB acusou a gestão de Dilma de fazer mau uso das verbas públicas em obras de infraestrutura. “Não existe maior desperdício de dinheiro do governo público do que obras que começam e não terminam”, ponderou. “Nós vamos restabelecer um planejamento do Brasil. Obras licitadas serão feitas pelo preço da licitação. E não como hoje, em que as obras duplicam de preço e não são realizadas”, completou.
Quando perguntado sobre propostas específicas para o Rio Grande do Sul, Aécio sustentou que as obras anunciadas pelo PT sempre são adiadas e que as propostas de Dilma são as mesmas apresentadas há quatro anos. “As obras em andamento são prioritárias. Lamentavelmente o governo do PT teve 12 anos para estar aqui entregando a segunda ponte do Guaíba, o metrô, e as obras são sempre postergadas”, disparou. “O sonho de boa parte dos brasileiros é morar na propaganda do PT”, ironizou.
Ao fim, citou a renegociação da dívida, um dos principais temas da campanha eleitoral ao governo gaúcho. "Fui governador por oito anos e sempre defendi a renegociação da dívida dos estados. Eu próprio defendo que uma parcela do pagamento fique nos estados para investimento em áreas acordadas com a União", defendeu. "Darei prioridade absoluta a agenda da federação".
Pesquisas eleitorais
Embora em terceiro colocado nas principais pesquisas de intenção de voto, Aécio seguidamente reforça a confiança no pleito. “Estou absolutamente confiante que estarei no segundo turno. Eu tenho muita confiança que está chegando a onda da razão, onde as pessoas estão refletindo o que significa cada candidatura", observou.
E voltou a fazer críticas aos concorrentes: para ele, Dilma perdeu a capacidade de governar e Marina não as tem. "Temos uma que nos deixará de herança o crescimento baixo, inflação saindo do controle e perda da credibilidade do Brasil, na questão ética e moral. E outra candidatura que não se preparou. Agora nos percebemos que única candidatura que cresce em todas as pesquisas é a nossa", analisou.
Aécio Neves também afirmou que Marina Silva não está preparada para governar o país e lembrou a passagem da candidata pelo PT. "A Marina esteve 24 anos no PT e agora critica. Não foram 24 horas, foram 24 anos. A Marina é muito dura com o PT. Eu posso ser porque não acredito em nada que o PT promete", disse, em seguida fazendo a analogia com um torcedor de Grêmio ou Inter que muda de time. "Governar não é você ir ao supermercado, pegar na prateleira esse produto ou aquele. Governar não é para amadores".
As críticas, entretanto, são apenas políticas, conforme o candidato do PSDB. "Cabe a mim não fazer ataques pessoais a candidatura marina, como não faço a Dilma. Meus ataques são políticos", sustentou.
Composição do governo
Aécio Neves reafirmou a proposta de redução para quase a metade do número de ministérios, atualmente em 39 e criticou a criação de partidos que, segundo ele, se beneficiam facilmente.
“Vou enxugar o estado, acabar com metade desses ministérios que estão aí. Eu não vou fazer o governo do PSDB, dos meus aliados, vou fazer o governo dos brasileiros mais qualificados”, anunciou.
Sobre ter anunciado a intenção de nomear o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga como ministro da Fazenda, repetida mais de uma vez durante a sabatina, disse que o ato foi uma forma de sinalizar a equipe que formará, caso seja eleito.
“Meu anúncio foi para sinalizar a qualidade do time que nós temos. Temos hoje mais de 30 economistas que estão debruçados, para quando nós vencermos a eleição e assumirmos. Ninguém faz nada sozinho na política. Precisamos de time, de gente. Sinalizei o nível do nosso time”, explicou.
Aécio não confirmou o ministro Joaquim Barbosa como ministro da Justiça, mas fez elogios ao magistrado. “Tenho o privilégio de poder dizer que ele é meu amigo pessoal, mas ele opta nesse momento ficar longe. Temos que aguardar ano que vem. Mas quero dizer que o ministro Joaquim Barbosa prestou enorme contribuição ao Brasil de acabar com essa sensação que tínhamos e ainda temos em parte de que cadeia no Brasil é só pra pobre e preto”, disparou, sobre a condenação aos envolvidos no esquema do mensalão.
Fim da reeleição
O tucano disse também defender o fim da reeleição, com a fixação de mandatos de cinco anos. “Propus o fim da reeleição e mandato de cinco anos para todos os cargos eletivos. Defendo o voto distrital misto e defendo com muito vigor pela minha experiência que não se governa com esse número de partidos que temos hoje”, alfinetou.
“Nessa eleição estão disputando 32 partidos. Quatro partidos estão com seu processo em aprovação no TSE. Na verdade, isso virou um mercado. Tem que ser ter coragem pra enfrentar isso. Vejo com muita preocupação a posição da candidata Marina de criar mais um partido”, voltou a criticar a candidata do PSB. “Não sou contra registar partido, mas para ter os benefícios, precisa ser mais do que um conjunto de amigos se reunindo”, ironizou.
Durante cerca de uma hora, o presidenciável tucano respondeu a perguntas dos jornalistas Rosane de Oliveira, Carolina Bahia e Moacir Pereira. A sabatina foi dividida em dois blocos. O ex-governador foi o quarto entrevistado da série de painéis do Grupo RBS com os presidenciáveis. Dilma Rousseff foi a primeira a ser sabatinada. Luciana Genro e Marina Silva participaram na sequência.
Campanha no interior
De Porto Alegre, o candidato do PSB seguiu para Santa Maria, na Região Central do estado. O tucano desembarcou na cidade por volta das 12h30, acompanhado de uma comitiva composta pela candidata ao governo gaúcho Ana Amélia Lemos e a candidata ao Senado Simone Leite.
A jornalistas, Aécio falou rapidamente sobre como o fator previdenciário e sobre como pretende aumentar a distribuição de recursos aos municípios. Disse que Santa Maria tem tradição em apoiar o partido e tem demandas como os acessos no contorno da cidade para serem resolvidas.
Junto da comitiva, o presidenciável caminhou, tirou selfies com eleitores e discursou em um caminhão de som. À tarde, ele faz campanha em Caxias do Sul, na Serra gaúcha.
Aécio Neves fez caminhada e conversou com eleitores nas ruas de Santa Maria (RS) (Foto: Vanessa Backes/RBS TV)
FONTE G1