Ebola: vírus pode sobreviver no sêmen por 90 dias, diz OMS
Organização Mundial da Saúde afirmou que o surgimento de mais casos da doença na Europa é inevitável
REUTERS
Genebra - O sexo pode manter a epidemia de Ebola viva mesmo depois que a
Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou uma área livre da doença,
disse um dos descobridores do vírus mortal nesta terça-feira.
A OMS espera
anunciar até o fim desta semana que o Ebola foi erradicado da Nigéria e
do Senegal depois de 42 dias sem infecções, período padrão para se
declarar a extinção de um surto e o dobro do período máximo de incubação
do vírus.
Entretanto, parece que a febre hemorrágica pode durar muito mais no sêmen.
“Em um homem
convalescente, o vírus pode persistir no sêmen por até 70 dias; um
estudo indica que podem ser mais de 90 dias”, afirmou a OMS em um
boletim informativo na segunda-feira.
“Certamente,
é preciso aconselhar os sobreviventes a usar camisinha, a não fazer
sexo sem proteção, durante 90 dias”, disse Peter Piot, professor de
Higiene e Medicina Tropical da London School e um dos descobridores do
Ebola em 1976.
“Se fôssemos
aplicar a regra para o dobro do período, seriam 180 dias – seis meses.
Acho que isso (90 dias) provavelmente é um compromisso a se assumir, por
questões práticas”, afirmou ele em uma entrevista coletiva em Genebra.
O Ebola é
transmitido por fluidos corporais, como sangue e saliva, mas também foi
detectado no leite materno e na urina, assim como no sêmen, disse a OMS.
Mas o vírus inteiro e vivo jamais foi isolado a partir do suor.
Mais de
3.400 pessoas tiveram suas mortes por Ebola confirmadas no pior surto já
registrado da doença, a maioria na Guiné, na Libéria e em Serra Leoa,
todos países do oeste da África.
EUROPA
Mais casos
do Ebola vão se espalhar quase que inevitavelmente pela Europa, mas o
continente está bem preparado para controlar a doença, disse nesta
terça-feira a diretora regional da OMS.
Em
entrevista à Reuters poucas horas após o primeiro caso de contágio local
de Ebola ser confirmado na Europa, em uma enfermeira na Espanha, a
diretora da OMS para Europa, Zsuzsanna Jakab, disse que mais incidentes
do tipo são "inevitáveis".
Autoridades
de saúde espanholas disseram que três pessoas foram hospitalizadas, além
da enfermeira, para tentar conter uma maior disseminação do Ebola, após
o primeiro caso de uma pessoa a contrair o vírus fora da África.
"Tais casos
importados e eventos similares ao que aconteceu na Espanha também vão
acontecer no futuro, muito provavelmente", disse Jakab à Reuters em
entrevista por telefone de seu gabinete em Copenhague.
"É algo
bastante inevitável... que tais eventos ocorram no futuro, por causa do
grande número de viagens tanto da Europa para os países afetados como no
sentido inverso", disse.
Vários
países na região europeia da OMS, incluindo França, Grã-Bretanha,
Holanda, Noruega e Espanha, trataram pacientes repatriados após
contraírem o Ebola na África Ocidental, onde a doença tem se espalhado
por Guiné, Serra Leoa e Libéria desde março, matando mais de 3,4 mil
pessoas no maior surto da doença já registrado.
Jakab disse
que os funcionários de saúde destacados para cuidar dos pacientes, assim
como seus familiares e pessoas próximas, eram os que tinham maior risco
de serem infectados.
"Vai
acontecer", disse. "Mas a coisa mais importante em nosso ver é que a
Europa ainda se encontra em risco baixo e que a parte ocidental da
região europeia em particular é a mais bem preparada do mundo para
responder a febres virais hemorrágicas, incluindo o Ebola", afirmou.
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