O que a mídia não mostra: Serial killer diz que teve relações com homens e afirma ter sofrido abuso sexual
Ao
confessar os crimes, o vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 26
anos, revelou também que praticava os assassinatos após consumo de
bebidas alcoólicas
Dos 25
delegados que compõe a força-tarefa, oito colheram depoimento do suposto
serial killer que atuava nas ruas de Goiânia e vitimou ao menos 39
pessoas. Durante o depoimento, que durou mais de sete horas, o suspeito
afirmou que foi abusado sexualmente e que mantinha relações
homoafetivas. “Ele teve relacionamento sexual com homens e, inclusive,
matou um dos seus parceiros”, disse o delegado titular da Delegacia
Estadual de Investigação de Homícidios (DIH), Murilo Polati.
No
depoimento, o vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 26 anos,
confessou os crimes e revelou que praticava os assassinatos após consumo
de bebidas alcoólicas. Além disso, o suspeito declarou que foi abusado
sexualmente na infância por um vizinho. O suspeito também salientou à
polícia que, após os homicídios, acompanhava os noticiários na televisão
para descobrir o nome das vítimas, que eram tratadas por ele como
números.
O depoimento
do vigilante foi colhido na Delegacia Estadual de Repressão a
Narcóticos (Denarc), onde segue preso. Ele afirmou que assassinava as
vítimas porque “era tomado por uma raiva tremenda, emoção esta que lhe
fazia acreditar que ele precisava matar, sendo que depois dos homicídios
ele sentia remorso, contudo a raiva ia embora”.
Ainda de
acordo com o depoimento, o vigilante Tiago Gomes da Rocha assaltava
loterias, farmácias e roubava placas de outras motocicletas para alterar
seu próprio veículo com o intuito de continuar praticando os crimes.
Aversão a mulher
Durante a
apresentação do suspeito nessa quinta-feira (16), o assessor de imprensa
da Polícia Civil, o delegado Norton Luiz Ferreiro, orientou que as
jornalistas (mulheres) não se aproximassem do vigilante ao fazerem
perguntas, especialmente por ele ser “arredio ao gênero”.
A aversão
por mulheres também foi frisada nos depoimentos, inclusive uma escrivã
teve que se retirar da sala para que Tiago Gomes da Rocha continuasse
depondo. “Com a presença de mulheres ele retrai. Então, só ficaram
homens na sala. E, às vezes, isso pode ser sintoma da psicopatia”, disse
Murilo Polati.
Crimes confirmados
No momento
da prisão, que ocorreu nessa terça-feira (14), a polícia encontrou com o
suspeito uma arma e uma moto preta utilizadas nos crimes. Na
quarta-feira (15), a arma foi analisada pela superintendente da Polícia
Técnico-Científica de Goiás, Itatiana Pires, que confirmou, durante
coletiva de imprensa nessa quinta-feira, o nome de seis jovens que foram
assassinadas “efetivamente” por essa arma: Ana Lídia Gomes, 14 anos;
Isadora Cândido, 15; Juliana Dias, 22; Rosirene Alberto, 29; Thaynara da
Cruz, 13; Thamara Conceição, de 17.
A série de
homicídios de mulheres e a polêmica de um suposto serial killer iniciou
no dia 19 de janeiro deste ano com a morte de Beatriz Oliveira, de 23
anos, no Setor Nova Suíça. Nos últimos meses, os crimes ganharam
repercussão da mídia nacional e internacional e foram descritos como
feminicídio.
Jornal Opção