Revista Veja na Visão da Folha Universal
A mídia tem o direito de se posicionar politicamente? Toda notícia deveria ser parcial? Sabemos que na teoria responder não a todas essas perguntas soa bonito, mas não condiz com a realidade. O problema não é tomar partido, apoiar o candidato X ou Y, mas sim a forma de fazê-lo. Em todo e qualquer caso, a ética é mais do que uma obrigação jornalística, é um dever.
Contudo, existem veículos que se esquecem ou fingem se esquecer disso o tempo todo e já se tornaram emblemáticos no exemplo de jornalismo a não ser seguido. É o caso da revista Veja.
Neste cenário, não é raro que o jornalismo confunda seu papel com a política, buscando impulsionar ou desestabilizar a campanha de um ou outro candidato em épocas de eleição. Na visão do professor do curso de jornalismo do Mackenzie André Santoro, isso pode ser perfeitamente normal. “Aqui no Brasil acho que essas coisas não são bem resolvidas, de um veículo assumir uma postura a favor ou contra um partido. Só seria mais honesto com o público se os veículos assumissem essa postura no lugar de manter um discurso hipócrita de isenção”, argumenta ele.
A jornalista, doutora em comunicação e professora de jornalismo Cláudia Bredarioli acredita que o problema não está no posicionamento do veículo de comunicação. “A partir do momento que um repórter escolhe uma das frases de seu entrevistado em detrimento de outra já deixou de ser completamente imparcial e essa é uma discussão bastante polêmica. O problema, na minha percepção, está na manipulação de travestir opinião em notícia”, ressalta ela.
Será que eles sabiam de tudo mesmo?
Um exemplo recente é o caso da edição 2397 da revista Veja, publicada excepcionalmente dois dias antes das eleições, no dia 24 de outubro, cuja capa traz uma revelação que poderia mudar os rumos das eleições para presidente no segundo turno: de acordo com o doleiro Alberto Youssef, delator-chave no processo do mensalão da Petrobras, Lula e Dilma sabiam de todo o esquema de corrupção da estatal. No entanto, a afirmação carece de provas e logo foi desmentida pelo advogado de Youssef, Antonio Figueiredo Bastos, em entrevista ao portal brasil.247.com.br. “Eu nunca ouvi nada que confirmasse isso (que Lula e Dilma sabiam do esquema de corrupção na Petrobras). Não conheço esse depoimento, não conheço o teor dele. Estou surpreso. Conversei com todos da minha equipe e nenhum fala isso. Estamos perplexos e desconhecemos o que está acontecendo. É preciso ter cuidado porque está havendo muita especulação”, alertou o advogado.
Um exemplo recente é o caso da edição 2397 da revista Veja, publicada excepcionalmente dois dias antes das eleições, no dia 24 de outubro, cuja capa traz uma revelação que poderia mudar os rumos das eleições para presidente no segundo turno: de acordo com o doleiro Alberto Youssef, delator-chave no processo do mensalão da Petrobras, Lula e Dilma sabiam de todo o esquema de corrupção da estatal. No entanto, a afirmação carece de provas e logo foi desmentida pelo advogado de Youssef, Antonio Figueiredo Bastos, em entrevista ao portal brasil.247.com.br. “Eu nunca ouvi nada que confirmasse isso (que Lula e Dilma sabiam do esquema de corrupção na Petrobras). Não conheço esse depoimento, não conheço o teor dele. Estou surpreso. Conversei com todos da minha equipe e nenhum fala isso. Estamos perplexos e desconhecemos o que está acontecendo. É preciso ter cuidado porque está havendo muita especulação”, alertou o advogado.
Para Cláudia, que também já trabalhou na Veja como free lancer, a atitude da revista foi irresponsável. “É exemplo de mau jornalismo a ser citado como referência antiética. Acho que há muita explicação a ser dada em relação ao momento da publicação, à pressa na edição, à inconsistência dos dados. Claro que os jornalistas têm o direito de preservar suas fontes. Mas, neste caso, a fonte aparentemente foi revelada e as comprovações das supostas denúncias não”, argumenta ela. André acredita que existia um objetivo eleitoreiro claro por trás da polêmica edição da Veja.
“Em primeiro lugar, eles tiveram acesso a alguém que está sob guarda da Justiça e dão pouca informação de como isso aconteceu. Eles já fizeram isso outras vezes em que o PT estava com chance de ganhar. Eles deram o destaque e anteciparam a edição para influenciar no segundo turno. Não dá para deixar de lado um objetivo eleitoral. A revista tem todo o direito de fazer isso, só não precisa arrumar desculpa, existe uma certa hipocrisia de não assumir os
objetivos”, afirma.
objetivos”, afirma.
Acusou sem provas, perdeu o processo e a moral
Em maio de 2006, a revista Veja publicou uma reportagem de denúncia afirmando que Luiz Gushiken, um dos fundadores do PT, mantinha uma conta bancária secreta no exterior e participaria de esquemas de corrupção no governo, mas a revista jamais mostrou provas disso. Gushiken entrou na Justiça contra a Veja e ganhou o caso em primeira instância, o que lhe rendeu o direito de receber uma indenização de R$ 10 mil.
Gushiken, que foi ministro da Comunicação no governo Lula, faleceu em 26 de maio de 2013, em decorrência de um câncer no estômago. De acordo com amigos próximos, a doença se acelerou por conta das acusações que sofreu. Foi somente após a sua morte que a Justiça decidiu, em segunda instância, aumentar em 10 vezes sua indenização e sua família recebeu R$ 100 mil. Mas dinheiro nenhum no mundo é capaz de restaurar uma reputação abalada pela imprensa. E é desse poder que falamos.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concedeu no sábado, dia 25 de outubro, o direito de resposta ao PT contra a revista Veja. O ministro Admar Gonzaga afirmou que a revista não teve “qualquer cautela” e transmitiu a acusação de “forma ofensiva” e em “tom de certeza” contra a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula. A revista cumpriu a determinação em seu site, mas a resposta nunca carrega o mesmo peso da publicação caluniosa. Por isso, o ministro determinou no domingo, dia 26, que o site da revista aumentasse o espaço destinado à divulgação do direito de resposta ao partido e, caso não o fizesse, sofreria “pena de R$ 250 mil por hora, a cada primeira hora de descumprimento, aumentada ao dobro a partir das demais”.
Como confiar?
Se sempre há um objetivo por trás de toda publicação, como é possível confiar na informação que se recebe? Para Cláudia, o segredo não está no veículo, mas no leitor: “Para alcançar a criticidade em relação aos conteúdos apresentados é preciso superar esse ‘véu’ que nos é imposto pela mídia – uma tarefa que só a educação pode cumprir”, acredita ela.
Além disso, para aqueles veículos que já perderam a credibilidade, a solução é mais simples do que se parece: basta não dar atenção para quem faz de tudo para consegui-la. O desprezo pode vir de muitas formas. Deixar de assinar uma publicação é muito mais do que parar de investir seu dinheiro em mentiras, é uma forma de protesto contra a informação manipulada.
Veja como não se faz jornalismo:
Fonte Folha Universal
ANTES DAS ELEIÇÕES 2014 NO BRASIL ELES
ACERTARAM SIM.