Ana Paula Padrão, no meio da Guerra contra o vírus Mortal

 



Uma cidade sem infraestrutura, de trânsito caótico e um sistema de saúde desastroso. Assim é Conacri, capital da Guiné, que tem dois milhões de habitantes e é um dos focos da epidemia de Ebola que assola parte da África.

Ana Paula Padrão esteve no local para produzir uma reportagem especial sobre o tema, mostrando como é o cotidiano de quem lida com a doença. Pelas ruas, ela enfrentou um clima de constante tensão não só por causa do vírus, mas pela hostilidade que parte da população mostrou. Estigmatizados pela doença, muitos guineanos não querem que ninguém grave seus rostos. 

Programa na íntegra : 




Opção 2  

É impossível não observar que a primeira atitude seria evitar lugares com aglomeração. Apesar disso, não é uma postura viável em uma cidade grande que não tem transporte público e onde mais de seis pessoas costumam dividir o mesmo táxi. 

É o que observou o diplomata brasileiro Alírio Ramos ao visitar um mercado de peixe com Ana Paula. “Se o Ebola fosse facilmente transmissível, todos estariam contaminados’, explicou.

De fato não é tão fácil contrair o vírus mortal. Para ser infectado, é necessário que a pessoa, após tocar fluidos corporais de um doente, toque em uma mucosa, como a da boca, olhos ou nariz. E o problema é justamente esse: em uma país carente de infraestrutura, como ensinar higiene às pessoas que não têm acesso à esgoto ou energia elétrica?

Por isso, as mãos se tornaram o principal inimigo para evitar o vírus. É necessário lavá-las constantemente com água clorada, o que acontece em poucos locais, já que grande parte da população nem sequer aprendeu sobre como evitar a doença.

Esperança está nos Médicos Sem Fronteiras 

Se um habitante de Conacri suspeita estar com Ebola, sua única esperança é se dirigir ao hospital improvisado montado pela organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras. Apesar da  aparência frágil – a maior parte de sua estrutura é composta de barracas - , os equipamentos e os especialistas, em grande parte franceses, são a melhor opção. Os dois hospitais públicos da cidade são paupérrimos e não conseguem tratar doentes contaminados com Ebola.

No local, o protocolo é rígido. Doentes são triados à distância pelos médicos e, se internados, têm suas roupas queimadas. É necessário lavar as mãos e os sapatos o tempo todo e nada pode tocar o chão.

Para que os médicos possam examinar os doentes, têm de vestir um verdadeira amadura, com máscara dupla, macacão e avental. Com toda a indumentária, usada sob um calor que ultrapassa os 35ºC, ele só conseguem aguentar uma hora trabalhando. Depois, têm de enfrentar outra maratona para tirar as roupas, cuja maior parte é incinerada. 

As roupas de quem é internado também são queimadas. Quando saem, eles recebem roupas nova, que são todas iguais, já que foram compradas em lotes. Por isso, quem os vê na rua sabe que venceram uma das doenças que mais assusta o mundo atualmente.

Apesar de todo o esforço da equipe médica, boatos entre a população espalham que é o hospital o arauto da morte, já que poucos que entram na instalação conseguem sair vivos.

Os mortos

O corpo de uma vítima do Ebola um dos maiores problemas para evitar a transmissão na Guiné, país de maioria muçulmana. Segundo a tradição, o cadáver de um ente querido deve ser prateado, lavado e tocado durante a cerimônia fúnebre.

Para garantir que o corpo não contamine  ninguém, porém, é preciso higienizá-lo e lacrá-lo em sacos plásticos impermeáveis antes de sepultá-lo. Para os parentes, é mais um golpe brutal após ver uma pessoa próxima morrer.

Há casos em que, após chamar a Cruz Vermelha para retirar o corpo de um parente morto e ver qual seria seu destino, a família se revoltou e os funcionários da organização tiveram que fugir para não ser agredidos. Em um episódio, após expulsar os agentes sanitários, a família seguiu os rituais tradicionais. Resultado: mais dez pessoas morreram vitimas pelo Ebola.

Por isso, quando as caminhonetes da Cruz Vermelha que fazem a remoção dos mortos chegam ao cemitério, muitas vezes os corpos são enterrados sozinhos, pois para a família é vergonhoso ter um integrante enterrado dessa maneira. 


Fonte Band.com.br 


sem dúvida uma das melhores reportagens da tv no ano de 2014, parabéns para a band e pela Ana Paula Padrão.







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