Fantástico vai até o ONS - o sistema nacional que controla a energia do brasil
Depois do apagão ocorrido no mês passado, o que que pode acontecer daqui pra frente? A repórter do Fantástico Cristina Serra foi até o ONS, o Operador Nacional do Sistema, para saber se o Brasil está preparado para ter energia mesmo em uma época de muita estiagem. Essa é a primeira vez que uma equipe de TV entra na sala de controle do operador do sistema.
Faz duas semanas que Henrique abriu esse bar no Rio. Já nos primeiros dias de funcionamento, ele percebeu que o ar-condicionado central não estava dando conta.
Fantástico: As pessoas chegavam e reclamavam?
Henrique: É. Elas chegavam aqui, já reclamavam, sentiam calor, e queriam sair.
Henrique: É. Elas chegavam aqui, já reclamavam, sentiam calor, e queriam sair.
Resultado: Henrique comprou mais aparelhos de refrigeração.
“A gente teve que instalar às pressas ar-condicionados Split.
O cliente não quer ficar num ambiente que tá quente, que tá desagradável pra ele,” explica o comerciante Henrique Rodrigues.
O cliente não quer ficar num ambiente que tá quente, que tá desagradável pra ele,” explica o comerciante Henrique Rodrigues.
“Se tiver calor, vou embora. Não tenho dúvidas. Aqui, no Rio de Janeiro, não tem jeito, diz um dos clientes.
“Sem ar-condicionado não dá,” conclui outro.
Karina é prestadora de serviço. Faz quase três anos que ela é dona de um salão de depilação. Trabalha com uma técnica chamada fotodepilação, que usa um tipo de luz potente para remover os pelos.
“A máquina de fotodepilação, pra ser ligada, ela precisa estar num ambiente refrigerado a pelo menos 19 graus Celsius, senão a gente não pode ligar porque danifica a máquina”, diz a dona do salão Karina Sá.
O consumo de energia elétrica por todos os Henriques e Karinas do Brasil, assim como pelas indústrias e por apartamentos e casas é acompanhado de perto pelo chamado Operador Nacional do Sistema, o ONS.
O Fantástico entrou na sala de decisão do Operador Nacional do Sistema, que é o órgão que monitora todo o sistema elétrico brasileiro. É a primeira vez que uma equipe de televisão entra no centro de controle, onde os técnicos detectam se há risco de apagão no país.
Às 15h, mesmo horário do apagão que aconteceu no dia 19 de janeiro, na sala silenciosa trabalham sete técnicos por turno, 24 horas por dia, todos os dias da semana. O painel mostra em tempo real quanta energia elétrica está sendo gerada e quanto está sendo consumida em cada estado.
Os técnicos sabem quais são as fontes de energia mais usadas: a hidráulica, a térmica, a nuclear e também a eólica, produzida a partir do vento, como mostram os números da Região Sul. Já outro gráfico tem o resumo de todo o consumo no país. A linha vermelha confirma o horário de pico.
Hermes Chipp, diretor-geral da ONS: “Nós estamos aqui praticamente às 15h30, não é? E essa carga tá atingindo um valor próximo a 77 mil megawatts.
Fantástico: Então esse é o máximo do consumo de energia durante o dia hoje no Brasil.
Hermes Chipp: Hoje no Brasil.
Fantástico: Então esse é o máximo do consumo de energia durante o dia hoje no Brasil.
Hermes Chipp: Hoje no Brasil.
Até pouco tempo atrás, o horário de pico no verão acontecia quando as pessoas chegavam em casa depois do trabalho e ligavam tudo em casa, incluindo o ar-condicionado. Agora é diferente.
Fantástico: E isso se deve a quê? Por que esse horário de pico agora nessa nova faixa de horário, entre 14h e 16h, entre 15h e 16h?
Hermes Chipp: Isso eu atribuo a uma mudança de perfil de consumo do nosso consumidor brasileiro, tanto no segmento residencial como no comercial.
Hermes Chipp: Isso eu atribuo a uma mudança de perfil de consumo do nosso consumidor brasileiro, tanto no segmento residencial como no comercial.
Hoje a economia tem mais empreendimentos como os citados no início da reportagem. Eles fazem parte do chamado setor de serviços, que inclui o comércio.
No ano passado, esse setor consumiu 7,3% a mais de energia que em 2013. Mas o consumo também subiu nas residências: Segundo a Empresa de Pesquisa Energética, o aumento foi de quase 6% em 2014 em relação ao ano anterior. Esse aumento no consumo coincide agora com uma situação de estiagem na Região Sudeste do Brasil. Mas, para o ONS, ainda é cedo para se falar em racionamento.
“Março e abril são meses de muita chuva. Então nós estamos aguardando, fazendo análises permanentes, a cada semana com o Instituto de Meteorologia e Comitê de Monitoramento se reunindo a cada mês, pra avaliar esses riscos.”, explica Hermes Chipp.
O diretor-geral do ONS acha também que não é provável que aconteça um apagão como o que ocorreu no dia 19. Naquele dia, a geração de energia não foi capaz de segurar o pico de consumo.
“Eu acho que a chance de se repetir é muito baixa” diz o diretor-geral do ONS.
Alguns especialistas acham que faltou planejamento por parte do governo.
“Simplesmente tivemos problemas de gestão nos anos anteriores que nos deixaram em uma situação de absoluta falta de reserva. Se esse problema não for resolvido, não for equacionado, nós corremos o risco de ele se repetir,” diz o consultor de energia Mário Veiga.
“Tudo o que você faz pra aumentar a segurança do atendimento, você aumenta a tarifa. Será que é isso que a sociedade quer pagar ou a sociedade poderia dizer assim: ‘não, por favor: deixa que eu economizo’”, questiona o diretor-geral do ONS.
O governo já vem estudando os reajustes que vai praticar nas tarifas e outras medidas, como a extensão do horário de verão até o fim de março. Pelo sim, pelo não, tem gente que está economizando. É o jeito.
“A gente tá dormindo tudo num quarto só, os dois filhos e mais o casal. Ligam um aparelho num quarto só”, conta uma mulher.
VEJA NO VÍDEO ABAIXO :
FAN1 - 0802 por maistvonline
Momento do ONS 19 minutos e 54 segundos.