Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã da Jovem Pan nesta quarta (18), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), do PSDB, disse não ser a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff neste momento, mas reconhe: "Nós temos que respeitar as instituições democráticas e a presidente Dilma foi eleita (...), mas ela está perdendo as condições políticas de governar".


A frase foi em razão de pesquisa Datafolha divulgada ainda nesta quarta que mostra substancial queda na avaliação do governo Dilma, com 62% de péssimo/ruim. "Esses números expressam o descrédito do governo", disse FHC. "A presidente Dilma tem que enfrentar a realidade (...) e é uma realidade de desaprovação."

FHC entende que o PSDB deve "apertar o cerco" da presidente. "Não está em jogo no Brasil a democracia, pelo contrário, nós queremos mais democracia, e a democracia exige que a lei se cumpra", disse o ex-presidente, garantindo, que, se aparecerem provas de envolvimento de Dilma com os desvios investigados pela Operação Lava Jato, será a favor da retirada dela.

Sobre os ajustes fiscais que o governo federal tem realizado pelas mãos do ministro da Fazenda Joaquim Levy, FHC comparou dizendo que Dilma está fazendo uma "operação sem anestesia" e deveria se explicar melhor ao povo e ao parlamento. "O que está acontecendo agora é que existe perda de popularidade e de credibilidade política", afirmou.

Quem eu?

Fernando Henrique também rebateu fala do deputado federal e presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que disse que o ex-presidente teria "aberto a porteira" para a corrupção que se instaurou na Petrobras. Isso teria acontecido, na visão de Cunha, quando FHC baixou decreto com o qual a Petrobras não precisava mais passar todas suas compras por licitações. Cardoso disse não se sentir culpado, defendeu o decreto, dizendo que é "inviável" uma empresa de grande porte agir no mercado apenas com licitações, e alfinetou: "O governo do PT está aí há 12 anos (...). Era só mudar o decreto". Veja mais detalhes e ouça apenas essa parte da entrevista aqui.

Redes sociais

Em outro trecho, FHC comentou o papel das redes sociais nas manifestações apartidárias contra o governo do último domingo (15). "Você tem um agente político novo, que é a rua articulada pelas redes sociais", considerou. Ele também disse que, por ser independente de filiações com partidos, esse tipo de protesto gera pedidos "absurdos", como a intervenção militar. Ouça e leia mais detalhes desse trecho aqui.