BRASIL PODE GANHAR EM BREVE 30 NOVOS “SANTOS”
Em breve, o Brasil poderá ganhar 30 novos santos. E todos serão canonizados ao mesmo tempo. O pedido partiu do arcebispo de Natal, dom Jaime Vieira Rocha. Ele trabalha para que o papa Francisco canonize dois padres e 28 fiéis que morreram em Cunhaú e Uruaçu, no Rio Grande do Norte.
As mortes são atribuídas a soldados holandeses em 1645 e o motivo seria religioso. “O papa manifestou interesse na canonização, que poderá ser feita por decreto, sem exigência de milagres, porque os mártires foram mortos por confessarem a fé católica”, asseverou dom Jaime na saída de uma audiência com o pontífice em Roma.
Conhecidos como “os mártires de Cunhaú e Uruaçu”, os 30 foram beatificados por João Paulo II em 2000. Na ocasião, o papa insistiu que eles eram ‘protomártires’ e defensores da fé católica.
As mortes ocorreram em 15 de julho de 1845 em Cunhaú, que é a atual cidade de Canguaretama, e também no dia 3 de outubro, em Uruaçu, o moderno município de São Gonçalo do Amarante. O nome dos padres eram André de Sandoval e Ambrósio Ferro. Apenas 28 leigos são conhecidos pelo nome. Segundo relatos da época, foram assassinadas outras 70 pessoas, mas o Vaticano “só reconhece o martírio daqueles cujos nomes foram identificados”, justifica o arcebispo de Natal ao Estadão.
Segundo dom Jaime, o processo de canonização está em andamento e deve ser feita em outubro de 2017. Na ocasião, o Papa Francisco virá ao Brasil celebrar os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida nas águas do Rio Paraíba.
Chama atenção essas escolhas, uma vez que o número de católicos no país continua diminuindo e o de evangélicos aumentando. Os calvinistas holandeses estão entre os primeiros representantes em solo pátrio do grupo religioso que hoje é conhecido como evangélico.
Atualmente existem 6 santos brasileiros, embora somente Frei Galvão tenha nascido aqui, os demais eram missionários estrangeiros. O Vaticano também reconheceu 81 beatos brasileiros, incluindo os 30 que serão canonizados.
Calvinistas x católicos
Os relatos históricos dão conta que durante o período que a Companhia das Índias Ocidentais tentou estabelecer um domínio holandês no Nordeste (1630-1654), havia uma aproximação deles com os índios Tapuias. Um dos homens que fazia essa “ponte” entre indígenas e europeus chamava-se Jacob Rabbi, um alemão que chegou ao Brasil com o Conde Maurício de Nassau.
O padre Júlio César Souza Cavalcante, da Arquidiocese de Natal, afirma que a história dos massacres foi pesquisada na Torre do Tombo, em Portugal, e no Museu de Ajax, na Holanda. “Segundo documentos sobre o episódio, os holandeses sob o comando de Jacob Rabbi ofereceram aos católicos a opção de salvar a vida, se eles se convertessem ao calvinismo, mas eles se recusaram”, relata.
Sabe-se que os católicos foram mortos por índios tapuias e potiguares e tropas holandesas dentro da igreja após uma missa em Cunhaú. Tempos depois, e outra vez sob as ordens de Jacob Rabbi, cerca de 80 católicos foram mortos em Uruaçu.
Contudo, muitos relatos são contraditórios e parciais, e isso dificulta a apuração do que realmente aconteceu e, consequentemente, a beatificação e canonização. Naquele período havia constantes embates entre brasileiros e portugueses contra os holandeses, que resultaram em mortes em ambos os lados. Os portugueses acabaram vencendo e expulsando os holandeses, que foram para o caribe e para a América do Norte, onde fundaram Nova Amsterdã (atual Nova York).
Via: Gospel Prime - Jarbas Aragão