Autor de atentado na avenida Champs Elysées era ex-prisioneiro e ameaçava policiais
A campanha para o primeiro turno da eleição presidencial francesa termina nesta sexta-feira (21) sob o impacto de um novo atentado terrorista.
O tiroteio aconteceu a 800 metros do Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa. Além dos policiais, uma turista sofreu ferimentos no joelho provocados por estilhaços de bala, mas passa bem.
Karim Cheurfi tem longo passado judicial. Descrito como um marginal violento, em 2005, ele foi condenado a 15 anos de prisão por várias tentativas de homicídios de policiais. Ele deixou a prisão em 2015 e morava com a mãe na cidade de Chelles, na região metropolitana de Paris. Em fevereiro passado, o criminoso chegou a ser detido por ter feito ameaças contra policiais. No entanto, ele foi solto por falta de provas.
Até o ataque dessa quinta-feira, as autoridades não consideravam Cheurfi suspeito de radicalização islâmica. Mas os policiais encontraram com ele um bilhete manuscrito no qual o criminoso defende o grupo Estado Islâmico. No carro usado para o ataque, a polícia encontrou um fuzil automático, munições e duas facas, além de um exemplar do Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos. Nesta manhã, os investigadores fizeram buscas na casa da mãe do agressor, onde ele morava. Três membros da família Cheurfi foram detidos para interrogatório.
Estado Islâmico reivindica o ataque mas cita um belga
O grupo Estado Islâmico reivindicou o atentado felicitando "Abu Yussef, o Belga", o que lança dúvidas sobre eventuais cúmplices. Nesta manhã, as autoridades francesas emitiram um mandado de busca de um outro suspeito, depois de receber um alerta do governo da Bélgica. Logo depois, o homem assinalado se entregou à polícia da Antuérpia.
As lojas da avenida Champs-Elysées reabriram nesta manhã, sob alta segurança. O presidente francês, François Hollande, reuniu o Conselho de Defesa no Palácio do Eliseu. Em seguida, Hollande visitou a sede da polícia de Paris para manifestar a solidariedade do governo e da população aos policiais. Ao final da reunião, o primeiro-ministro Bernard Cazeneuve convervou com a imprensa e fez um apelo pela união dos franceses. O primeiro-ministro declarou que "nada deve impedir a realização da eleição presidencial, cujo primeiro turno acontece neste domingo.
O ataque aconteceu no momento em que os candidatos à presidência eram entrevistados em um programa na televisão francesa. Todos eles reagiram e condenaram o incidente, fazendo menção, especialmente ao policial morto e aos dois outros feridos. As autoridades francesas informaram que os dois policiais sobreviventes seguem internados nesta manhã, mas não correm risco de morte.
Le Pen e Fillon condenam imobilismo do governo
A candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, esteve na RFI nesta manhã. Ela comentou o atentado e prometeu, se for eleita, "combater o mal pela raiz". Marine criticou a política de segurança dos dois últimos governos franceses, de Nicolas Sarkozy e François Hollande, defendeu o fechamento das fronteiras, a retirada da nacionalidade dos condenados por terrorismo e a expulsão de todas as pessoas cadastradas por radicalismo islâmico nos serviços de inteligência.
O conservador François Fillon defendeu praticamente as mesmas medidas duras contra os envolvidos com o islamismo radical. Já o centrista Emmanuel Macron, que lidera as pesquisas de intenção de voto, afirmou que os franceses não devem ceder à intimidação. Ele prometeu proteger os franceses e ser implacável contra aqueles que inspiram ações terroristas.
Devido ao atentado da última noite, todos os candidatos cancelaram eventos que estavam previstos nesta sexta-feira. Para garantir a segurança dos eleitores, a vigilância será reforçada nas 67 mil seções eleitorais com a ajuda de 50 mil policiais, incluindo 7 mil militares da operação antirerrorismo Sentinela.