Em Reunião na China, devido ao BRICS; Michel Temer pensa em antecipar sua volta ao Brasil, com receio de segunda denúncia por corrupção
Michel Temer estuda antecipar o retorno da China para o Brasil em razão da possibilidade de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentar até quarta-feira (6) a segunda denúncia contra ele.
Na China, Temer discute com auxiliares se participa de toda a programação ou se retorna antes do encerramento da cúpula do Brics (bloco dos chamadois países emergentes, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que se estende de domingo (3) a terça-feira (5) na cidade de Xiamen. Nesta sexta, ele teve encontro com o presidente Xi Jinping, com quem assinou acordos bilaterais.
O presidente deixou o Brasil na manhã da última terça e, conforme o cronograma divulgado pelo porta voz da Presidência, Alexandre Parola, embarcaria de volta ao país na terça. A programação original prevê chegada na quarta-feira (6), véspera do desfile de 7 de Setembro, na Esplanada dos Ministérios, do qual Temer participará.
Mas, preocupado com o impacto político da segunda denúncia e com temas de interesse do governo na área econômica pendentes de votação no Congresso Nacional, como a mudança da meta fiscal de 2017 e 2018, Temer manifestou a assessores a disposição de estar em Brasília ainda na terça.
Janot apresentou a primeira denúncia contra Temer em junho, pelo crime de corrupção passiva. A acusação teve como base as delações dos executivos e donos do grupo J&F, que controla a JBS.
Reação
No Palácio do Planalto, auxiliares do presidente já discutem a reação à segunda denúncia. Na segunda-feira (28), o chefe Casa Civil e um dos ministros mais próximos de Temer, Eliseu Padilha, afirmou que o governo vai “enfrentar” a investida de Janot, caso ela seja confirmada.
"Se vier uma nova denúncia, por certo nós estaremos preparados para politicamente enfrentá-la, no que diz respeito ao campo político, e juridicamente enfrentá-la no campo jurídico", declarou Padilha.
Nos bastidores, apuramos, que o discurso predominante é o de que a acusação terá apenas “ilações”, sem provas contundentes do envolvimento do presidente em algum delito, mesmo com o possível uso da delação do operador Lúcio Funaro na peça assinada por Janot.
A PGR enviou na quinta ao STF a versão revisada da delação, cujo conteúdo está sob sigilo. O material foi repassado ao ministro Luiz Edson Fachin, relator do caso, na terça, porém ele devolveu para ajustes no dia seguinte.
Janot deve usar o conteúdo da delação de Funaro na denúncia contra Temer, mas para isso aguardaria a homologação do acordo. O mandato de Janot à frente da PGR termina no próximo dia 17. Ele será substituído pela subprocuradora Raquel Dodge.
Primeira denúncia
Após uma série de articulações junto à base de apoio parlamentar, com liberações de emendas e ofertas de cargos, o governo conseguiu vencer a votação que analisou a denúncia no plenário da Câmara dos Deputados.
Em 2 de agosto, a maioria dos deputados decidiu barrar o prosseguimento do caso no Supremo Tribunal Federal. Assim, a acusação será apreciada pelo Judiciário após o final do mandato de Temer, em dezembro de 2018.