Papa Francisco declara: 'fake news' começaram com a serpente que enganou Adão e Eva no paraíso
O Papa Francisco condenou as chamadas "fake news" ("notícias falsas") como um trabalho do diabo em uma mensagem a jornalistas antes do Dia Mundial das Comunicações.
O pontífice, que na semana passada se desculpou por sugerir que vítimas de abuso no Chile eram caluniosas, lembrou aos repórteres o dano que pode ser feito quando os dados distorcidos ou a desinformação são amplamente compartilhados.
Comentando o fenômeno da "notícia falsa", o chefe da Igreja Católica Romana descreveu que disfarçar falsidades como notícias legítimas é um trabalho do diabo.
Ele sugeriu que "notícias falsas" se originam da serpente do conto do pecado original, em que Adão e Eva são enganados ao comer o fruto proibido no Jardim do Éden.
"Esta é a estratégia usada pela 'serpente astuta', mencionada no Livro do Gênesis, que, no início da humanidade, tornou-se o autor da primeira notícia falsa", disse o pontífice.
O assunto de "notícia falsa" é controverso, com um recente estudo do Gallup e da Fundação Knight com 19 mil americanos descobrir que 66% das pessoas não pensam que a mídia faz um trabalho bom o suficiente para separar o fato da opinião.
Dias depois de voltar atrás em comentários em que ele acusou vítimas abusivas de terem difamado o bispo chileno Juan Barros, que alegadamente cobriu um escândalo sexual envolvendo o reverendo Fernando Karadima, o Papa Francisco pesou os seus pensamentos sobre "notícias falsas".
"A eficácia da notícia falsa deve-se principalmente à sua natureza mimética, ou seja, a capacidade de parecer plausível", disse ele em um documento intitulado "A verdade o libertará".
"O resultado desta lógica de desinformação é que, em vez de ter uma comparação saudável com outras fontes de informação, que poderia colocar positivamente os preconceitos em questões e abrir um diálogo construtivo, corremos o risco de nos tornarmos involuntários na divulgação de opiniões tendenciosas e infundadas", o pontífice acrescentou.
Ele elogiou iniciativas voltadas para o ensino de pessoas, "para não serem divulgadores", de informações falsas online.
"Gostaria, portanto, de abordar um convite para promover um jornalismo de paz […] um jornalismo sem pretensões, hostil a falsidades, slogans e declarações bombásticas; um jornalismo formado por pessoas para as pessoas", concluiu.
O Dia Mundial das Comunicações foi criado em maio de 1967 pelo Papa Paulo VI, como meio para que a Igreja Católica avalie a mudança de postura dos meios de comunicação de massa.