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O presidente palestino, Mahmoud Abbas, pediu nesta terça-feira (20) ao Conselho de Segurança da ONU a “criação de um mecanismo multilateral” para solucionar a questão palestina por meio de “uma conferência internacional” para o meio deste ano.

Em uma longa e incomum intervenção ante o Conselho de Segurança, Abbas apresentou o que chamou de um “plano de paz” para retomar as conversas com uma nova mediação internacional, na qual os Estados Unidos teriam um papel de menos protagonismo.

A decisão no fim de 2017 do presidente americano, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel gerou preocupação global e enfureceu os palestinos, que declararam que Washington não poderia desempenhar o papel de mediador principal no processo de paz do Oriente Médio.

“Para resolver a questão palestina, é essencial estabelecer um mecanismo internacional multilateral que seja decidido em uma conferência internacional”, afirmou Abbas (uma liderança internacional).

“Nos ajudem!”, acrescentou, sendo aplaudido ao fim de seu discurso, após o qual deixou a sala sem ouvir a resposta do embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, que se queixou que o presidente palestino “fugia” do diálogo mais uma vez.

“Deixou claro, com suas palavras e ações, que não faz parte da solução, mas do problema”, lançou Danon. “Quando nós estendemos a mão, Mahmoud Abbas nos dá as costas”, continuou.


Em seu discurso, Abbas detalhou que a conferência proposta seria integrada por Israel e pelos palestinos, por atores regionais, pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e pelo quarteto diplomático composto por União Europeia, Nações Unidas, Rússia e Estados Unidos.

O mecanismo deveria desembocar na integração da Palestina como Estado-membro da ONU, no reconhecimento mútuo com Israel e na criação de um novo mecanismo internacional para chegar a um acordo final, explicou.

Desde 2012, a Palestina é “um Estado observador não membro” da ONU, o que lhe permite integrar agências da organização e se somar ao Tribunal Penal Internacional, mas sem ser integrante pleno das Nações Unidas.


Das 193 nações-membros do organismo, 138 já reconhecem o Estado palestino.

– ‘Nada de novo’ –

“Queremos que Jerusalém esteja aberta às três religiões monoteístas”, assinalou Abbas, pedindo que essa cidade seja também a capital do futuro Estado palestino.

O presidente responsabilizou Israel pelo fracasso das negociações que, segundo ele, “age acima da lei”. “Transformou a ocupação passando de uma situação temporária, de acordo com o direito internacional, para uma situação de colonização e assentamento permanentes”, considerou.

O discurso de Abbas não acrescenta “nada de novo”, declarou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, por meio de um comunicado no qual acrescentou que o presidente palestino continua “fugindo da paz”.

A saída imediata de Abbas do recinto após seu discurso também foi criticada pela embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, que participou da reunião do Conselho de Segurança acompanhada por Jared Kushner, genro de Trump e assessor nos esforços de paz entre israelenses e palestinos.

“Não vamos correr atrás”, disse a diplomata.

– Não existe plano B –

O processo de paz no Oriente Médio está paralisado desde que um importante impulso do governo de Barack Obama fracassou em abril de 2014.

Os palestinos esperam que um envolvimento da comunidade internacional no processo de paz sirva para combater o que veem como uma posição inclinada a favor de Israel, que, em contrapartida, acusa frequentemente a União Europeia e a ONU de agir contra o país e se nega a aceitar outro mediador que não os Estados Unidos.

Neste contexto, o enviado especial da ONU para o Oriente Médio, Nickolay Mladenov, pediu o fim das colônias israelenses e aproveitou a oportunidade para expressar sua inquietação com a crise de Gaza.

Mladenov disse que a comunidade internacional continuará promovendo “mudanças substanciais na política israelense” sobre os assentamentos e considerou que “não são negociações entre iguais”.

Antes da reunião do Conselho de Segurança, o secretário-geral da ONU, António Guterres, renovou suas advertências contra a criação de uma “realidade irreversível” de um Estado, em vez da solução proposta até agora de dois Estados que vivam lado a lado.

“Não há plano B”, afirmou, insistindo nessa postura, também apoiada pela Rússia.


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