SÉRGIO MORO REAGE, E IMPEDE MANOBRA DO STF PARA TIRAR LULA DA CADEIA
O juiz federal Sérgio Moro declarou que os processos contra o ex-presidente Lula vão permanecer na 13.ª Vara Federal, em Curitiba, sob sua jurisdição. A afirmação ocorre um dia após a decisão dos ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, da Segunda Turma do STF, de retirar das mãos de Moro trechos das delações da Odebrecht sobre os processos contra Lula nos casos do sítio em Atibaia e recebimento de vantagens indevidas da empreiteira.
Moro afirmou que os processos não dependem dos trechos das delações, pois já estão em fase adiantada, com acúmulo de outras provas, depoimentos e demais diligências. No caso do sítio em Atibaia, Lula responde por ter recebido propina das construtoras OAS e Odebrecht por meio da realização de reformas.
Na ação sobre o terreno do Instituto Lula, o ex-presidente foi acusado de ter sido beneficiado pela Odebrecht por meio da compra de um terreno que serviria para a futura instalação da entidade que leva o nome do petista. Nos dois casos, Moro já colheu depoimentos de cúmplices nos esquemas de corrupção, como Léo Pinheiro, Marcelo Odebrecht e Antonio Palocci, que confirmaram que os esquemas de corrupção envolveram desvios na Petrobras. O juiz lembrou ainda que, no caso do sítio de Atibaia, a Odebrecht não é a única envolvida, já que as obras tiveram participação também da OAS e do pecuartista José Carlos Bumlai, amigo de Lila.
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De qualquer forma, Lula já está devidamente preso em Curitiba após ter sua condenação no processo do tríplex do Guarujá (SP) confirmada pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região). Trata-se de um processo finalizado, onde dificilmente haverá alguma reversão em favor do condenado. A defesa de Lula já apresentou recursos contra a prisão do petista, mas todos já foram negados pelo STJ e pelo STF. Contar com a conivência de Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli não adianta nada ao petista. Dificilmente qualquer um destes ministros terá justificativas ou mesmo coragem de livrar Lula da cadeia, ou mesmo livrá-lo de algum processo das mãos de Moro. Lula segue preso.
Sutil, Moro lembrou que o próprio ministro Dias Toffoli evitou cruzar a linha ao ousar votar favoravelmente a remessa dos trechos da delação da Odebrecht para a Justiça de São Paulo:
"Pelas informações disponíveis, porém, acerca do respeitável voto do eminente Relator Ministro Dias Toffoli, redator para o acórdão, não há uma referência direta nele à presente ação penal ou alguma determinação expressa de declinação de competência desta ação penal. Aliás, o eminente ministro foi enfático em seu respeitável voto ao consignar que a decisão tinha caráter provisório e tinha presente apenas os elementos então disponíveis naqueles autos", escreveu Moro no despacho em que decidiu manter em Curitiba o processo em curso contra Lula.