Grupo de Lima prepara guerra contra Venezuela para tirar Nicolás Maduro do poder, diz ativista
O Grupo de Lima se reuniu nesta segunda-feira em Ottawa, no Canadá, para planejar um ataque militar contra a Venezuela, disse um membro da coalizão Hands Off Venezuela (Tirem as Mãos da Venezuela) ao site durante uma manifestação em rejeição ao encontro organizado pelo Canadá.
O grupo está preparando "uma guerra estúpida e mortal (contra a Venezuela) por trás desses muros", declarou Pierre LeBlanc enquanto se manifestava com outras pessoas fora da sede da chancelaria canadense, onde foi realizada a décima reunião do Grupo de Lima, uma instância de 14 países americanos criada em 2017 para acompanhar e buscar uma solução "democrática" para a crise venezuelana.
O ativista explicou que a manifestação buscava "apoiar a Venezuela" e deixar claro ao governo do Canadá que a reunião do Grupo de Lima "não é legal, porque é uma violação das leis do direito internacional e de todas as regras das Nações Unida" de respeito pela integridade do território dos países e pelo direito do povo de escolher seu governo e seu sistema econômico por conta própria".
O Grupo de Lima é composto por Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, Guiana e Santa Lúcia.
O México não participou de reuniões recentes desde que um novo governo tomou posse em dezembro, e a Guiana e Santa Lúcia não participaram da reunião em Ottawa.
LeBlanc acrescentou que os EUA, o Canadá e o resto dos países do Grupo de Lima querem "destruir o sistema de organização e governo da Venezuela".
LeBlanc acrescentou que os EUA, o Canadá e o resto dos países do Grupo de Lima querem "destruir o sistema de organização e governo da Venezuela".
"A Venezuela é um exemplo de outra maneira de organizar a vida e os serviços [da população], com muito mais sucesso, e isso é muito perigoso para os países que querem manter as coisas", afirmou o ativista.
LeBlanc também acolheu as posições do Uruguai e do México, que não reconheciam Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, como o legítimo presidente da Venezuela e estão pedindo o diálogo no país caribenho.
"É uma boa alternativa, um bom caminho que pode dar esperança para encontrar uma solução", pontuou.
Ele também enfatizou que "os interesses" da Rússia e da China sobre a Venezuela "não são os mesmos que os dos EUA", então pode haver "uma possibilidade de solidariedade entre essas regiões e a Venezuela, a Nicarágua e também a Bolívia".
No domingo, o governo uruguaio anunciou que vai sediar nesta quinta-feira, juntamente com a União Europeia (UE), a reunião inaugural do Grupo Internacional de Contato com a Venezuela, cuja primeira instância, em Montevidéu, "será realizada em nível ministerial".
Em 31 de janeiro, a UE decidiu levar adiante a criação deste grupo de contato, com o objetivo de promover as condições para um "processo político e pacífico que permita aos venezuelanos determinar seu próprio futuro, através da realização de eleições livres, transparente e credível, em consonância com a Constituição do país", de acordo com a declaração conjunta emitida pelos anfitriões da reunião.
O grupo de contato será composto por oito países da UE: Alemanha, Espanha, França, Itália, Holanda, Portugal, Reino Unido e Suécia, e latino-americanos, Bolívia, Costa Rica, Equador e México, que se juntam ao Uruguai.
Em 23 de janeiro, Guaidó, proclamou-se "presidente encarregado" do país. Já o líder venezuelano Nicolás Maduro descreveu a declaração de Guaidó como uma tentativa de golpe de estado e culpou os EUA por orquestrá-la.
Vários países do continente americano, com os EUA à frente, ignoraram Maduro e expressaram seu apoio a Guaidó. Por sua parte, Cuba, Bolívia, Rússia, China, Irã e Turquia expressaram seu apoio a Maduro.
Na segunda-feira, 16 Estados-membros da UE expressaram seu agradecimento a Guaidó – vários deles participarão da conferência de Montevidéu.
Canadá descarta intervenção militar
O Canadá rejeitou totalmente a possibilidade de uma intervenção militar na Venezuela, disse em uma entrevista coletiva a ministra canadense de Relações Exteriores, Chrystia Freeland, depois que o Grupo de Lima se reuniu em Ottawa e emitiu uma declaração sobre a Venezuela.
"Eu li o ponto 17 de nossa declaração, que fala sobre a importância de um processo de transição política usando meios políticos e diplomáticos sem o uso de força ou coerção", disse Freeland a repórteres nesta segunda-feira. "O Canadá absolutamente descarta a intervenção militar".
Por outro lado, autoridades dos EUA disseram repetidamente que todas as opções estão em discussão em relação à crise na Venezuela.
Em outro ponto da declaração, o Grupo de Lima pediu aos militares venezuelanos que reconheçam Guaidó como presidente interino do país.
"Estamos, de fato, convocando as Forças Armadas da Venezuela ao apelarmos a todos os venezuelanos e pedimos a todos os governos do mundo que reconheçam Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela", destacou Freeland.
Além disso, os membros do grupo e Guaidó discutiram os esforços para reconstruir e restaurar a economia do país, acrescentou Freeland.
"Dedicamos muito do nosso tempo hoje a falar sobre como o Grupo de Lima e a comunidade internacional podem apoiar a eventual reconstrução e reconstrução da Venezuela", ponderou Freeland a repórteres nesta segunda-feira.
"Ouvimos de especialistas em economia, também ouvimos de representantes do presidente interino, Juan Guaidó, sobre os planos muito avançados que a oposição tem", complementou.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse no começo da reunião que Ottawa planejava fornecer US$ 53 milhões em ajuda humanitária para apoiar o povo da Venezuela.