Antes das Eleições de 2022: Luciano Huck defende doações privadas em campanha eleitoral e parlamentarismo
Cotado para concorrer à Presidência da República em 2022, o apresentador Luciano Huck despistou sobre seus planos, mas falou muito de eleições e política em um evento nesta sexta-feira (25) em São Paulo. Ele defendeu mudanças no financiamento de campanhas, disse apoiar o voto distrital e demonstrou simpatia pelo parlamentarismo.
Acho
que a gente tem que rever doações. Com critérios, mas não pode ser
única e exclusivamente um fundo público que vá sustentar os partidos e
as eleições, afirmou em seminário da Comunitas, organização
independente que atua em parceria com governos e iniciativa privada.
Você
limitar o financiamento político-partidário e eleitoral só a um fundo
público, no montante que ele está hoje, gerido e administrado por quem
está dentro dele, eu não acho que seja o sistema mais eficiente e
democrático, disse.
Para
ele, o que existia no passado, de você poder doar para todo mundo, a
qualquer tempo, independentemente da sua ideologia e da sua crença, não
funcionou. Tem que trazer isso para o debate de novo. As doações
privadas foram proibidas em 2015.
O
apresentador da TV Globo, que não está filiado a nenhum partido,
afirmou ter ressalvas sobre a possibilidade de autorização para
candidaturas independentes no Brasil. O STF (Supremo Tribunal Federal)
fará audiência pública sobre o tema em dezembro e julgará uma ação sobre
a possibilidade de permitir a candidatura de pessoas sem filiação.
Não
sei se candidaturas independentes, neste momento, com mais de 30
partidos, iriam contribuir, considerou Huck. Ele apontou a necessidade
de uma reforma política ampla, para instituir o sistema de voto
distrital puro ou misto e fortalecer os partidos.
Para
que [as legendas] sejam em menor número, para que não sejam plataformas
fisiológicas de venda de tempo na televisão, ou de pura e simplesmente
negociações políticas, argumentou. O parlamentarismo, analisou, também
poderia ser um modelo viável no Brasil, para aperfeiçoar "a relação do
Poder Executivo com o Legislativo e com sociedade como um todo".
Huck
evitou comentar o governo Jair Bolsonaro (PSL), depois que o presidente
rebateu críticas anteriores dele e o acusou de ser parte do caos por
ter comprado um jatinho com financiamento do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social).
Sem
citar o nome do presidente, o apresentador afirmou que os eleitores em
2018 depositaram muita esperança em um salvador da pátria, no que a
gente está vivendo neste momento, e falou que promessas exageradas
foram feitas no último ciclo eleitoral.
Huck
ainda opinou sobre o risco de eclodirem manifestações de rua no Brasil
como as que têm atingido países na América Latina e em outras regiões,
com espírito semelhante ao das jornadas de junho de 2013.
Para
ele, o risco imediato é baixo, mas há possibilidade de protestos a
longo prazo se a vida não melhorar para valer e a população sentir um
distanciamento entre o que governos e políticos prometem e o que
entregam concretamente.
Nesse
ponto, ele insistiu na necessidade de enfrentar a crescente
desigualdade no país e disse que o ex-presidente Lula (PT) é muito
respeitado, sobretudo no Nordeste, onde muitas das melhorias de vida
para a população pobre ocorreram nos anos do petista.
Contando
o exemplo de uma viagem que fez ao Piauí para gravar seu programa de
TV, disse que o Lula é muito respeitado lá, mas muito respeitado. Mas
pontuou que os avanços na região foram frutos de duas gestões: a do PT e
a de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Muito
da política que veio da dona Ruth [Cardoso]. Tem uma herança de dois
governos que trabalharam de maneira contínua nos projetos de proteção
social.
Apoiador
dos grupos RenovaBR e Agora!, ele repisou o discurso de que tem buscado
atuar politicamente por meio dos movimentos cívicos e se disse contra
antecipar o debate sobre sucessão presidencial.
Estou
me colocando como um cidadão ativo. Entrar nesse ringue agora do debate
personificado eu acho, de verdade, que não contribui, declarou,
cobrando um foco maior sobre a solução dos problemas mais imediatos do
país no lugar da especulação eleitoral.
Instado
a falar sobre redes sociais, o apresentador disse ser vítima de ataques
em massa e compartilhou a impressão de que o ambiente virtual está mais
agressivo que a vida real.