Spencer: Chefe da Marinha dos EUA é demitido após divergência com Donald John Trump
O comandante da Marinha dos Estados Unidos, Richard Spencer, foi demitido neste domingo 24 devido à maneira como tratou o caso de um soldado americano condenado por má-conduta em batalha no Iraque e que, mais tarde, conquistou o apoio do presidente Donald Trump.
Spencer, que recebeu um pedido do secretário de Defesa Mark Esper para que deixasse o cargo, confirmou sua saída em uma carta aberta na qual criticou Trump, comandante em chefe das Forças Armadas americanas.
“Já não compartilho a mesma visão que o comandante em chefe que me nomeou”, escreveu na mensagem publicada pela imprensa americana. “Reconheço, pela presente, o cessar de minhas funções como secretário americano da Marinha”, completou.
Esper “solicitou a renúncia do secretário da Marinha Spencer depois de perder a confiança nele por sua falta de franqueza sobre as conversas com a Casa Branca a respeito da administração do caso do marinheiro Seal Eddie Gallagher”, afirmou o Departamento de Defesa em um comunicado.
O soldado da força de elite da Marinha americana foi julgado por crimes de guerra em um caso que recebeu muito destaque nos Estados Unidos. Em 2 de julho ele se declarou inocente da acusação de assassinato de um prisioneiro no Iraque em 2017 e foi absolvido de duas tentativas de assassinato de civis iraquianos.
Mas o soldado de elite foi declarado culpado por posar ao lado do corpo com outros militares, uma foto que poderia prejudicar as Forças Armadas, de acordo com a acusação.
A Marinha rebaixou sua patente, uma punição que reduzia seu salário e sua pensão de aposentadoria. Mas em 15 de novembro Trump revogou a punição e posteriormente decidiu restaurar o cargo do soldado.
O Departamento de Defesa acusou o comandante da Marinha de ter tentado interferir na decisão da Casa Branca, sem comunicar suas ações ao secretário de Defesa, que afirmou ter ficado “profundamente preocupado com a conduta”.
Em sua carta aberta, Spencer cutucou Trump e defendeu a necessidade de preservar a “boa ordem e disciplina nos escalões” – algo que autoridades da Marinha acreditavam que uma revisão interna ajudaria a assegurar. “O Estado de Direito é o que nos diferencia de nossos adversários”, escreveu Spencer.
(Com AFP e Reuters)