No Twitter, Rodrigo Maia diz que Bolsonaro quis promover atentando à saúde pública no Brasil, com manifestações fora de época em meio ao Coronavírus
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), usou as redes sociais neste domingo (15) para repreender o presidente da República, Jair Bolsonaro, por seu apoio e participação em manifestações.
Maia afirmou que Bolsonaro "fez pouco caso da pandemia" do novo coronavírus em uma atitude que classificou como "atentado à saúde pública".
O presidente da Câmara dos Deputados também ressaltou a crise econômica que acompanha a pandemia e a necessidade de ações do governo para conter tais efeitos. Maia disse ainda que Bolsonaro "deveria estar no Planalto" coordenando respostas para a crise.
Por aqui, o Presidente da República ignora e desautoriza o seu ministro da Saúde e os técnicos do ministério, fazendo pouco caso da pandemia e encorajando as pessoas a sair às ruas. Isso é um atentado à saúde pública que contraria as orientações do seu próprio governo.— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) March 15, 2020
A economia mundial desacelera rapidamente; a economia brasileira sofrerá as consequências diretas. O Presidente da República deveria estar no Palácio coordenando um gabinete de crise para dar respostas e soluções para o país.— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) March 15, 2020
Mas, pelo visto, ele está mais preocupado em assistir às manifestações que atentam contra as instituições e a saúde da população.— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) March 15, 2020
A situação é preocupante e exige de todos nós serenidade, racionalidade, união de esforços e respeito. Somos maduros o suficiente para agir com o bom senso que o momento pede.— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) March 15, 2020
O presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP), também se manifestou a respeito. Em nota publicada pela Agência Senado, Alcolumbre criticou Bolsonaro, citou afronta à democracia e pediu "responsabilidade" ao presidente. Um trecho da nota foi publicado na conta do líder do Senado no Twitter.
Convidar para ato contra os Poderes é confrontar a Democracia. É tempo de trabalharmos iniciativas políticas que, de fato, promovam o reaquecimento da economia, criem ambiente competitivo para o setor privado e, sobretudo, gerem bem-estar, emprego e renda para os brasileiros.— Davi Alcolumbre (@davialcolumbre) March 16, 2020
Bolsonaro apoia manifestações
Mais cedo neste domingo, Bolsonaro deixou o isolamento ao qual foi submetido devido às precauções com o novo coronavírus e cumprimentou manifestantes em Brasília após circular de carro pela capital. A manifestação a favor do governo vinha sendo chamada há semanas e tinha tom de ataque ao Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF).
Os organizadores da manifestação chegaram a cancelar o ato devido às recomendações em torno da pandemia da COVID-19, mas mesmo assim manifestantes foram às ruas em diversas cidades do país. Nas redes sociais, o presidente Bolsonaro demonstrou apoio às manifestações, compartilhando diversas imagens e vídeos dos manifestantes nas ruas das cidades brasileiras. Em algumas das imagens compartilhadas é possível ler ofensas a Rodrigo Maia e ataques aos outros Poderes.
O presidente brasileiro deu apoio anteriormente às manifestações divulgando vídeos em seu WhatsApp chamando a população às ruas. O apoio foi reiterado em um discurso oficial em Roraima, há pouco mais de uma semana. Alguns dias depois, após casos do novo coronavírus serem detectados no Planalto, Bolsonaro chegou a pedir que os manifestantes não fossem às ruas. O presidente também chegou a ser testado para o novo coronavírus, mas o exame deu negativo.- São Paulo -SP: pic.twitter.com/VtzALcLDo6— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 15, 2020
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o surto do novo coronavírus como pandemia. Diversos países do mundo, em especial na Europa, estão fechando suas fronteiras e impondo isolamento aos seus cidadãos para conter o avanço da COVID-19. No Brasil, o Ministério da Saúde confirmou 200 casos na atualização mais recente neste domingo. A maioria dos casos confirmados são em São Paulo e Rio de Janeiro.