De olho nas eleições 2022; Sergio Moro pede demissão do cargo de Ministro no Governo Bolsonaro
O ministro da Justiça Sergio Moro anunciou a pessoas próximas nesta sexta-feira (24) que está deixando o cargo, depois de um conflito com o presidente Jair Bolsonaro em relação ao comando da Polícia Federal. Considerado um homem de confiança de Moro, o delegado Maurício Valeixo foi exonerado da chefia da PF hoje. Desde ontem, a tensão entre o presidente e Moro chegou a um ápice na queda de braço pelo comando da polícia. A informação é da Folha de S. Paulo.
Assista a coletiva de Moro:
O ex-juiz enviou uma carta formalizando o pedido de demissão a Bolsonaro. Ele não telefonou ao presidente, preferindo comunicar por escrito a saída, segundo a assessoria de Moro.
Moro deve comunicar ao público sua decisão em coletiva marcada para às 11h de hoje. De acordo com a colunista Bela Megale, de O Globo, o ex-juiz fará um discurso contundente ao anunciar a saída. Ele dirá que acima de tudo "tenho que preservar a autonomia da Polícia Federal". Também deve negar que Valeixo pediu exoneração.
No Diário Oficial, a demissão de Valeixo tem assinatura de Bolsonaro e Moro, mas segundo fontes isso acontece porque é uma formalidade e o ex-juiz não concorda com a saída. O governo publicou que que a exoneração foi “a pedido”, quando é desejo do próprio servidor, mas fontes confirmam que Valeixo não pediu demissão. Ontem, Moro afirmou a Bolsonaro que iria entregar o cargo se Valeixo saísse.
Em 2018, quando anunciou Moro como seu ministro, Bolsonaro afirmou que ele teria "carta branca". "Parabéns à Lava Jato. O recado que eu estou dando a vocês é a própria presença do Sergio Moro no Ministério da Justiça, inclusive Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), para combater a corrupção. Ele pegou o Ministério da Justiça, é integralmente dele o ministério, sequer influência minha existe em qualquer cargo lá daquele ministério. E o compromisso que eu tive com ele é carta branca para o combate à corrupção e ao crime organizado", disse o presidente na época.
Desejo antigo
Bolsonaro tenta desde agosto do ano passado retirar Valeixo do cargo. Naquela ocasião, Moro e outros membros do governo conseguiram convencer o presidente a manter o diretor-geral da PF.
Fontes próximas acreditam que a troca de comando está ligada ao desconforto em relação à investigação sobre uma rede de criação e disseminação de fake news contra desafetos do governo.
Valeixo era considerado homem de confiança de Moro (Foto: ABr) |
Por volta das 10h desta sexta-feira, Bolsonaro postou em uma rede social a imagem de trecho do Diário Oficial da União em que aparece o decreto com a exoneração de Valeixo. Escreveu uma mensagem junto: “Art. 2º-C. O cargo de Diretor-Geral, NOMEADO PELO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, é privativo de delegado de Polícia Federal integrante da classe especial.”
Entre os mais cotados para substituir Valeixo estão Anderson Torres, atual secretário de Segurança do DF. Ele é policial federal, mas é considerado pouco experiente por pessoas da instituição - dos dezesseis anos na PF, passou 10 anos fora dela, ocupando cargos.
Outro nome é o do diretor da Abin, Alexandre Ramagem, nome forte entre os filhos de Bolsonaro. Ele é visto na PF como um bom policial, apesar de também jovem - são 15 anos como policial.