Em Portugal, cientistas criam Biobanco com amostras de sangue de doentes pelo COVID-19
Cientistas de Portugal iniciaram os trabalhos para criação do Biobanco COVID-19, um repositório que vai guardar amostras biológicas de pacientes diagnosticados com a doença no país.
O objetivo é ter uma "coleção" disponível para realização de futuros estudos sobre o novo coronavírus. "Não se trata, nesta fase, de análises. Trata-se de criar uma coleção de amostras de sangue de pacientes com COVID-19, dos quais obteremos plasma, soro e células circulantes", explica à Sputnik Brasil Sérgio Dias, codiretor do Biobanco e pesquisador do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, unidade científica, ligada à Universidade de Lisboa, que é a responsável pela iniciativa.
As amostras de sangue vão ser recolhidas com apoio de unidades de saúde de várias regiões do país. A objetivo é armazenar o material biológico de pelo menos 200 pessoas na fase inicial do projeto, que teve início na semana passada.
Os doadores são selecionados de acordo com quatro grupos: pacientes que foram hospitalizados com a COVID-19, mas se recuperaram; pacientes internados em UTI, com quadro clínico mais complicado; pessoas que tenham ficado curadas da doença quase sem apresentação de sintomas e ainda médicos que tiveram contato com doentes positivos.
"Sabemos tão pouco sobre este vírus e da forma como este interage com o seu hospedeiro humano, que o acesso a amostras clínicas, como soros, plasma, células do sangue de doentes, é, científica e clinicamente, extraordinariamente relevante", diz o pesquisador Sérgio Dias.
Futuro e cooperação
As amostras do Biobanco vão ficar disponíveis para estudos não apenas dos cientistas do Instituto de Medicina Molecular, mas de toda a comunidade científica internacional. No entanto, os pesquisadores que desejem ter acesso ao material vão precisar submeter um projeto para avaliação. "Uma comissão científica determinará a relevância e pertinência das questões científicas e clínicas levantadas. Os resultados dos estudos realizados com estas amostras serão apresentados à comunidade científica sob a forma de publicações e outras, como sempre fazemos em ciência. Ficarão, assim, acessíveis mundialmente", diz o codiretor do Biobanco.
A utilização das amostras vai facilitar a criação de "perfis imunológicos resultantes da exposição à COVID-19", explica Sérgio Dias, o que vai permitir uma melhor compreensão sobre as dúvidas que ainda intrigam a comunidade científica.
A equipe portuguesa se mostra aberta à cooperações internacionais. "Sabemos que outros países estão a criar Biobancos semelhantes, por exemplo, Espanha e Luxemburgo, entre outros, com quem colaboramos frequentemente. Estamos em condições de poder partilhar o nosso know-how com esses parceiros e partilhar inclusive amostras, se for de mútuo interesse."
Portugal está no segundo período de estado de emergência por causa da pandemia, que entrou em vigor no último dia 3 e deve ser renovado por mais 15 dias. Atualmente, o país registra 629 mortes pela COVID-19 e 18.841 casos confirmados da doença.