Ministério da Saúde libera hidroxicloroquina para casos leves de Coronavírus
O Ministério da Saúde liberou hoje (20) um novo protocolo de uso do medicamento cloroquina desde os sintomas iniciais da Covid-19, atendendo a exigência do presidente Jair Bolsonaro de ampliar o uso do remédio, apesar de não haver estudos que comprovem sua eficácia.
O novo protocolo lista a dosagem para o uso de cloroquina ou hidroxicloroquina, associada ao antibiótico azitromicina, no caso de sintomas leves em duas fases da doença, do primeiro ao quinto dia e do sexto ao 14º dia e também para casos moderados.
Até agora, o uso da cloroquina tinha um protocolo do ministério apenas para casos graves, adotado ainda pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. Apesar da falta de comprovação científica, o fato de não haver tratamento adequado para a Covid-19 ainda, levou Mandetta a aceitar a criação de um protocolo para o caso de outras alternativas não darem resultado.
Junto com o protocolo de hoje, o ministério divulgou um termo de consentimento que deve ser apresentado ao paciente alertando para possíveis efeitos colaterais do uso da cloroquina, como redução dos glóbulos brancos, disfunção do fígado, disfunção cardíaca e arritmias, e danos na retina.
Além disso, o termo ainda alerta que “não existe garantia de resultados positivos, e que o medicamento proposto pode inclusive agravar a condição clínica, pois não há estudos demonstrando benefícios clínicos.”
A ampliação para casos leves, proposta pela oncologista Nise Yamaguchi, foi uma das causas da demissão de Mandetta, que se recusava a fazê-lo sem comprovação de resultados científicos, e também levou ao pedido de demissão do comando do Ministério da Saúde de Nelson Teich, na semana passada.
Teich foi pressionado por Bolsonaro para alterar o protocolo depois que os grupos bolsonaristas nas redes sociais começaram a cobrar o ministro por ter dito que não havia evidências científicas da eficácia da cloroquina. O então ministro preferiu então pedir demissão.
O novo protocolo foi publicado sob o comando do ministro interino, general Eduardo Pazuello. A decisão do Planalto foi atender a exigência de Bolsonaro antes que um novo ministro seja nomeado para não ressuscitar novamente o problema. (com Reuters)