Rússia está pronta para cortar relações com a União Europeia se houver sanções que criem riscos para economia, diz Lavrov
Moscou está pronta a romper suas relações com a União Europeia (UE) se o bloco introduzir sanções que coloquem em risco esferas sensíveis da economia russa, declarou o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.
"Partimos do princípio de que estamos prontos, caso vejamos novamente (como já sentimos mais de uma vez) sanções em certas esferas, criando riscos para nossa economia, incluindo as áreas mais sensíveis. Não queremos nos isolar do mundo, mas devemos estar prontos para isso. Se você quer a paz, prepare-se para a guerra", afirmou Lavrov no canal de Youtube Solovyev Live.
"Estou convencido de que agora nos tornamos totalmente autossuficientes no plano militar. Precisamos alcançar a mesma posição na economia", acrescentou o chanceler.
Declarações de chanceler russo sobre a UE foram distorcidas, diz Peskov
Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, disse por sua vez que o sentido das declarações de Lavrov, relativamente a Moscou estar pronta a cortar as relações com a União Europeia, foi distorcido. A Rússia quer desenvolver as relações com a UE e não será a parte iniciadora desse processo.
"A mídia [coloca] a manchete, que se tornou sensacionalista, sem contexto, e isto é um grande erro da mídia, é um erro que muda o significado. O sentido aqui é que nós não queremos isso, queremos desenvolver as relações com a UE, mas, se a UE enveredar por este caminho, então sim – estaremos prontos. Porque temos de estar preparados para o pior", disse Peskov aos jornalistas.
Na semana passada, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, visitou Moscou e conversou com Sergei Lavrov. O diplomata espanhol afirmou que as relações com Rússia "estão longe de ser satisfatórias" mas reiterou a necessidade de manter abertos os canais diplomáticos.
Após a sua visita, Borrell disse que a União Europeia pode impor novas sanções à Rússia, acrescentando que faria algumas "propostas concretas" na próxima reunião do bloco.
Josep Borrell acrescentou que a UE está preocupada com a situação dos direitos humanos na Rússia, condenando a sentença decretada contra o blogueiro opositor russo Aleksei Navalny e apelando à sua libertação.
Em 2 de fevereiro a Justiça russa deu cumprimento à pena de três anos e meio de prisão, que estava suspensa, contra Navalny.
A sentença inclui os dez meses que o blogueiro passou em prisão domiciliar, ou seja, se seu recurso não prosperar, o opositor poderá pegar dois anos e oito meses de prisão.