Netanyahu anuncia vitória, e já começa a falar com parceiros de coalizão; Pesquisas apontam empate e uma possível quinta eleição
As eleições legislativas israelenses concederam "uma imensa vitória para a direita", declarou na noite desta terça-feira (23) o primeiro-ministro em fim de mandato, Benjamin Netanyahu, cujo partido, Likud, estaria na liderança, segundo as primeiras projeções.
"Cidadãos de Israel, obrigado! Vocês deram uma imensa vitória para a direita e para o Likud sob a minha direção (...) É evidente que uma maioria esmagadora de cidadãos israelenses é de direita e quer um governo de direita, forte e estável", tuitou Netanyahu.
O partido direitista Likud liderava nesta terça-feira as eleições legislativas, as quartas em dois anos, embora sem maioria suficiente para formar um governo sozinho, segundo pesquisas de boca de urna.
O Likud obteria entre 31 e 33 assentos dos 120 do Knesset (Parlamento), seguido do partido Yesh Atid (Há Futuro), do centrista Yair Lapid, com 16 a 18 assentos, segundo as projeções iniciais de três veículos de comunicação.
Os resultados do Likud, junto com os de seus aliados religiosos de direita, dariam ao bloco pró-Netanyahu 53 ou 54 assentos, segundo estas projeções. A maioria para formar o governo é de 61 assentos.
O primeiro-ministro poderia, no entanto, formar uma coalizão majoritária de direita com o apoio do líder conservador radical Naftali Bennett, que obteria sete ou oito assentos, segundo as pesquisas.
Bennett, crítico da gestão do primeiro-ministro, assinou no domingo uma declaração na qual assegura que não fará parte de um governo de Lapid, mas sem dizer se juntaria forças com Netanyahu.
Os partidos que se opõem a Netanyahu ganhariam 54 cadeiras, de acordo com as pesquisas.
Os resultados parciais oficiais serão publicados ao longo da noite, mas a comissão eleitoral deve anunciar os resultados finais na sexta-feira, véspera do início da Páscoa.
Os israelenses viveram nesta terça-feira o quarto episódio de uma saga eleitoral de dois anos sobre o futuro do primeiro-ministro, ele próprio julgado por "corrupção" e arquiteto de uma intensa campanha de vacinação contra a covid-19.
Ser a favor ou contra "Bibi", apelido de Netanyahu em Israel,continua sendo a grande questão desta novela política. Mas, neste quarto episódio, os atores mudaram.
O general Benny Gantz, rival de Netanyahu nas três eleições anteriores, perdeu popularidade depois de chegar a um pacto na primavera passada com seu ex-inimigo para formar um governo de "emergência" em face da pandemia.
Esse governo sindical nacional implodiu em dezembro e, logo depois, Netanyahu lançou uma intensa campanha de vacinação graças a um acordo com a gigante farmacêutica Pfizer.
Na verdade, Netanyahu, 71 anos, sendo os últimos 12 no poder, concentrou sua campanha no sucesso da vacinação em Israel, onde quase 50% da população recebeu as duas doses, ou quase dois terços dos eleitores.
"Espero que sejam as últimas eleições", disse Netanyahu após votar em Jerusalém, esperando que o país pudesse sair do bloqueio político.
- "Duas opções" -
Nesta ocasião, seus principais rivais eram o centrista Yair Lapid, Gideon Saar, um ex-membro da formação de Netanyahu, e Bennett, seguido por uma dezena de partidos.
"Há apenas duas opções aqui: ou Yesh Atid [seu partido] ganha força ou teremos um governo sombrio, racista e homofóbico", disse Lapid ao votar em Tel Aviv.
Para alcançar a maioria de 61 deputados e formar um governo, Netanyahu realmente espera se aliar à direita religiosa, mas também, pela primeira vez, à extrema direita. E o Lapid tem um acordo com partidos de esquerda e centro, mas também com uma parte de direita decepcionada com o primeiro-ministro.
Diante do trunfo da vacinação de Netanyahu, a oposição aproveitou o argumento do julgamento do primeiro-ministro por "corrupção", "desfalque" e "abuso de poder", iniciado há poucos meses e que alimenta um movimento de protestos em todo o país por 39 semanas.
No sábado à noite, milhares de pessoas se reuniram novamente em Jerusalém gritando "Yalla (vamos lá), Bibi" ou "Tchau, Bibi".
Quase três horas antes do fechamento das seções eleitorais, um foguete foi lançado do enclave palestino da Faixa de Gaza para o sul de Israel, uma vasta região onde estava Netanyahu.
Uma porta-voz do exército disse à AFP que este foguete, o primeiro lançado em direção a Israel desde o final de janeiro, caiu em um terreno baldio.
Pouco antes das eleições de setembro de 2019, a Jihad Islâmica - o segundo movimento armado de Gaza - disparou um foguete na direção de um comício de Netanyahu em Israel, que levou a uma escalada armada mortal dois meses depois.
PORÉM AINDA NÃO TEM NADA DEFINIDO SEGUNDO PESQUISAS
Não está claro se o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu será capaz de formar um governo pela sétima vez em sua carreira política de três décadas, de acordo com pesquisas de boca de urna nas três redes de televisão na terça-feira à noite.
Duas das três pesquisas indicaram que seu bloco de Likud, Shas, Judaísmo Da Torá Unida e o Partido Sionista Religioso receberam apoio suficiente junto com o Partido Yamina de Naftali Bennett, que disse durante a campanha que estava pronto para se juntar a uma coalizão com qualquer bloco político.