Governo Palestino adia eleições legislativas, anunciadas após 15 anos


O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, adiou indefinidamente nesta quinta-feira (30) de Abril de 2021. As eleições legislativas previstas para maio —ele havia anunciado em janeiro que a população poderia ir às urnas novamente depois de 15 anos.


Abbas culpou Israel pela incerteza se o processo eleitoral poderia ser realizado em Jerusalém Oriental, em Gaza e na Cisjordânia. A decisão veio três meses depois do aguardado anúncio de eleições, considerado uma resposta às críticas à legitimidade democrática das instituições palestinas, incluindo a Presidência.

O resultado das eleições poderia beneficiar o Hamas, que controla Gaza e é o principal rival doméstico de Abbas. O grupo é considerado uma facção terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.


Desde o anúncio de janeiro, não estava claro se Israel autorizaria os habitantes de Jerusalém Oriental ocupada e anexada a votar —o país proíbe qualquer atividade promovida pela Autoridade Nacional Palestina sob o argumento de quebra dos acordos de paz provisórios dos anos 1990.


Em setembro, o Fatah (de Abbas) e o Hamas haviam concordado em organizar eleições "dentro de seis meses", num diálogo entre facções palestinas para enfrentar a normalização das relações entre Israel e alguns países árabes. Assim, os grupos palestinos renovaram os esforços de reconciliação para tentar apresentar uma frente unida frente aos acordos diplomáticos israelenses no ano passado com Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos. As últimas eleições presidenciais palestinas ocorreram em janeiro de 2005, e as legislativas, em janeiro de 2006.

"Diante de uma situação difícil, decidimos adiar a data para realizar as eleições legislativas até que a participação de Jerusalém e seus moradores seja garantida", disse Abbas em pronunciamento na TV.

A campanha estava prevista para começar nesta sexta, mas também foi suspensa pelo comitê eleitoral.


Ainda não se sabe se o pleito presidencial, marcado para 31 de julho, será mantido. Em Gaza e na Cisjordânia, manifestantes pediram pela manutenção do processo eleitoral —para muitos deles, seria a primeira chance de votar. "Como cidadão palestino, peço a realização de eleições e quero meu direto de votar para poder ver rostos novos, rostos jovens e novas posições políticas", disse Wael Deys, de Hebron.


O Hamas também criticou o adiamento. "Rejeitamos essa decisão que viola o consenso nacional, e o Fatah será responsabilizado pelas consequências dessa posição", disse à agência de notícias Reuters o porta-voz Sami Abu Zuhri. Abbas vinha insinuando a possibilidade de adiar o pleito havia algumas semanas, alegando que Israel não tinha permitido que os palestinos votassem em Jerusalém Oriental.

Um porta-voz do premiê Binyamin Netanyahu disse nesta semana que Israel não havia anunciado oficialmente se permitirá a realização da eleição, como aconteceu da última vez, em 2006.


Muitos palestinos, no entanto, consideram que a disputa com Israel seja uma desculpa de Abbas para evitar eleições num momento em que o seu dividido Fatah poderia ser derrotado nas urnas.


Divisões internas no grupo vieram à tona quando o líder Marwan Barghouti, agora preso, e Nasser Al-Qudwa, sobrinho do líder histórico Yasser Arafat, anunciaram um bloco de candidaturas para disputar com o grupo apoiado por Abbas. O presidente da Autoridade Nacional Palestina está no cargo desde que venceu a última eleição presidencial, em 2005, após o fim da Segunda Intifada e a morte de Arafat.

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