Após ver chance de impeachment de fato acontecer: Jair Bolsonaro volta atrás pede ajuda de Michel Temer, elogia a China e faz trégua com Alexandre de Moraes e o STF
Com notória perda de popularidade, presidente mudou o tom em vários temas no dia de hoje (9): elogiou a China, deu ordem para os caminhoneiros terminarem paralisação e publicou nota conciliadora "fazendo as pazes" com os poderes.
Nesta quinta-feira (9), o presidente Jair Bolsonaro, divulgou um texto intitulado "Declaração à Nação" no site do governo federal, no qual afirma que nunca teve "intenção de agredir quaisquer dos poderes".
A declaração acontece após seu encontro, também no dia de hoje (9), com o ex-presidente, Michel Temer.
Bolsonaro recebeu Temer para um almoço no Palácio da Alvorada, e, de acordo com o G1, o presidente não só convidou o ex-mandatário, como também mandou um avião presidencial buscá-lo em São Paulo. O encontro durou cerca de quatro horas.
Assessores que acompanharam a reunião afirmam que, na conversa, Temer aconselhou o presidente a publicar um "manifesto de pacificação" para reaproximar os poderes, e o ajudou a escrever o texto.
O chefe do Executivo afirma que a crise institucional ocorre por "discordâncias" em relação a decisões do ministro do Supremo Tribunal Eleitoral (STF), Alexandre de Moraes, e diz que essas questões "devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal".
"Quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum", afirmou.
Embora tenha feito ataques ao Supremo, o presidente afirma que sempre esteve "disposto a manter diálogo" com os demais poderes da República.
"Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles", escreveu.
Até sobre democracia entre os três poderes, o presidente fez afirmações: "Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição".
Com notória perda de popularidade, presidente mudou o tom em vários temas no dia de hoje (9): elogiou a China, deu ordem para os caminhoneiros terminarem paralisação e publicou nota conciliadora "fazendo as pazes" com os poderes.
Basta saber como seus eleitores vão reagir, uma vez que pesquisa divulgada ontem (8), apontou que bolsonaristas consideram o STF maior inimigo do que a esquerda, conforme noticiado.
Antes o Presidente do Brasil, elogia a China em reunião do BRICS.
Em rápido discurso, ele recordou o último encontro que teve, pessoalmente, com o presidente chinês, Xi Jinping, em 2019, “quando discutimos temas da parceria estratégica global entre os nossos dois países, bem como o bom estágio das nossas relações bilaterais em diversas vertentes, mais especialmente no âmbito comercial de investimentos”.
Bolsonaro, que com frequência desdenha do que já chamou de “vacina chinesa”, também elogiou especificamente a parceria com o país asiático durante a pandemia da Covid.
“Essa parceria [com a China] tem se mostrado essencial para a gestão da pandemia no Brasil, tendo em vista que parcela expressiva das vacinas oferecidas à população brasileira é produzida com insumo originários da China.”
Depois da reunião do Brics, o Presidente Jair Bolsonaro rapidamente entrou em contato com o Ex- Presidente Michel Temer.
E foi Temer que redigiu o texto, para Jair Bolsonaro se desculpar e diminuir as chances de impeachment:
Agora pouco Jair Bolsonaro confirmou tudo em sua LIVE DE QUINTA-FEIRA:
O presidente @jairbolsonaro confirmou que @MichelTemer ajudou a redigir a nota divulgada hoje.
— Metrópoles (@Metropoles) September 9, 2021
Como justificativa, ele mostrou a queda do dólar após a divulgação.
Contrariando o que dizia anteriormente, Bolsonaro disse que o preço da gasolina e do gás estão atrelados ao câmbio pic.twitter.com/wZdnrozQDy
O Texto sugerido por Temer para Bolsonaro, leia na íntegra:
No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:
1. Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.
2. Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.
3. Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.
4. Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.
5. Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.
6. Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.
7. Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país.
8. Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.
9. Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.
10. Finalmente, quero registrar e agradecer o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil.
À DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA!
Assim o texto foi finalizado.