Jair Bolsonaro confirma presença em Assembleia-Geral da ONU, diz que trará verdades no Evento
Mesmo ciente das restrições impostas para circulação de pessoas não vacinadas contra a covid na 76ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), confirmou que fará o discurso inicial entre os chefes de Estado, mantendo a tradição do Brasil de abrir a roda de exposições.
“Na próxima terça feira, estarei na ONU, participando do discurso inicial daquele evento. Lá teremos verdades, teremos a realidade do que é o nosso Brasil e do que nós representamos verdadeiramente para o mundo”, disse Bolsonaro nesta sexta-feira (17), durante lançamento do projeto Pró-Água Urucuia, em Arinos (MG).
Os apoiadores receberam Bolsonaro com aplausos. “Como político não há sensação melhor que estar no meio do povo e ser recebido dessa maneira”, agradeceu Bolsonaro, afirmando que “cada vez mais se nota no Brasil a predominância do verde e amarelo sobre o vermelho”.
“Não podemos aceitar a política da esquerda. De nós contra eles, de homos contra héteros, de brancos contra afrodescendentes, de nordestinos contra sulistas, homens contra mulheres, ricos e pobres, patrões e empregados. Somos um só povo. Temos que nos unir”, discursou Bolsonaro.
O presidente também atribuiu a vitória das eleições passadas a Deus: “Só ele me tira daqui”. “Estou aqui porque acredito em vocês e vocês estão aqui porque acreditam em Deus”.
Bolsonaro ainda alegou estar sofrendo dificuldades de governança com “ataques, calúnias, difamações, dentre outras barbaridades”, mas disse valer a pena ser presidente. “Uma das coisas que mais me conforta é saber que naquela minha cadeira em Brasília não está sentado um comunista.”
Marco temporal
Durante a cerimônia, o chefe do Executivo Federal voltou a criticar a hipótese de um novo marco temporal, tema que promete discutir na ONU. “O produtor rural tem que se preocupar com isso. Esse novo marco não só abala nosso agronegócio como coloca em risco a segurança alimentar no Brasil e no mundo”, disse.
O tema está em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF) e Bolsonaro pressiona para que sejam mantidas as demarcações de terras indígenas com base nas delimitações antes da promulgação da Constituição Federal, em 1988. Lideranças indígenas e ambientalistas criticam a medida, alegando que a restrição pode retirar povos indígenas das terras onde atualmente habitam.
A preocupação de diplomatas e figuras mais moderadas da área do governo é que o posicionamento pró ruralista adotado pelo presidente agrave as cobranças internacionais sobre a atuação do mandatário brasileiro em prol dos indígenas e da preservação das florestas brasileiras.
O texto do discurso é elaborado pelo Itamaraty, em conjunto com o Planalto. A expectativa para distensionar o ambiente é que o presidente adote um tom mais moderado, focando na necessidade de se cumprir as metas estabelecidas na Cúpula do Clima.