Funcionários da Amazon e do Google se manifestam contra venda de tecnologia perigosa para Israel
Os trabalhadores denunciam a militarização das gigantes tecnológicas e se opõem aos serviços da Amazon e do Google "que servem para privar os palestinos de seus direitos básicos".
Cerca de 300 trabalhadores da Amazon e outros 90 do Google publicaram na terça-feira (12) carta aberta no jornal britânico The Guardian em que criticam a decisão de suas empresas de vender tecnologia militar para Israel. O grupo não concorda com o Projeto Nimbus, que oferece serviços de nuvem para os setores civis e militares de Israel.
"Nossos empregadores assinaram um contrato chamado Projeto Nimbus para vender tecnologia perigosa aos militares e ao governo israelense. Este contrato foi assinado na mesma semana em que os militares israelenses atacaram os palestinos na Faixa de Gaza, matando quase 250 pessoas, incluindo mais de 60 crianças. A tecnologia que nossas empresas [foram] contratadas para construir tornará a discriminação sistemática e o deslocamento executado pelos militares e pelo governo israelense ainda mais cruéis e mortíferos para os palestinos", lê-se na carta.
A venda do serviço foi fechada em abril deste ano por US$ 1,2 bilhão (aproximadamente R$ 6,63 bilhões) e a tecnologia vai permitir "maior vigilância e coleta de dados ilegais" de palestinos, facilitando assim a "expansão dos assentamentos ilegais de Israel em terras palestinas", frisam os trabalhadores.
O contrato do Projeto Nimbus foi assinado na mesma semana de maio em que Israel e Hamas realizaram trocas de foguetes. Ao menos 243 palestinos mortos, incluindo 66 crianças, e mais de 1.900 ficaram feridos. Entre os israelenses, morreram 12 pessoas, incluindo duas crianças, e centenas ficaram feridas. Naquela época, a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, declarou que os bombardeios israelenses poderiam constituir "crimes de guerra".
"Imaginamos um futuro em que a tecnologia une as pessoas e torna a vida melhor para todos. Para construir esse futuro mais brilhante, as empresas para as quais trabalhamos precisam parar de fazer contratos com todas e quaisquer organizações militarizadas nos EUA e não só", pedem os trabalhadores na carta.