Inflação registrada em Outubro de 2021, já supera a inflação de todo o ano de 2020
Puxado pela alta da gasolina, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, acelerou para 1,25% em outubro, após ter registrado taxa de 1,16% em setembro, mostram os dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"Foi a maior variação para um mês de outubro desde 2002 (1,31%)", destacou o IBGE.
Com o resultado, a inflação acumula alta de 8,24% no ano e de 10,67% nos últimos 12 meses, acima do registrado nos 12 meses imediatamente anteriores (10,25%). Trata-se do maior índice para um intervalo de 1 ano desde janeiro de 2016 (10,71%).
O resultado veio acima do esperado. Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de uma taxa de 1,05% em outubro, acumulando em 12 meses alta de 10,45%.
Segundo o IBGE, os principais vilões da inflação em outubro foram a gasolina, a passagem aérea, o tomate, a energia elétrica e o automóvel 0 Km.
Gasolina sobe pelo 6º mês seguido
Todos os 9 grupos de produtos e serviços pesquisados subiram em outubro, com destaque para os transportes (2,62%), principalmente, por conta dos combustíveis (3,21%).
A gasolina subiu 3,10% e teve o maior impacto individual na inflação de outubro, respondendo por 0,19 ponto percentual da alta do IPCA no mês. Foi a sexta alta consecutiva nos preços do combustível, que acumula 38,29% de variação no ano e 42,72% nos últimos 12 meses.
"A alta da gasolina está relacionada aos reajustes sucessivos que têm sido aplicados no preço do combustível, nas refinarias, pela Petrobras", afirmou o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.
Além gasolina, houve aumento também nos preços do óleo diesel (5,77%), do etanol (3,54%) e do gás veicular (0,84%).
A energia elétrica (1,16%) voltou a subir, embora a variação tenha sido menor que a de setembro (6,47%). Em 12 meses, a alta acumulada é de 30,27%. Já o gás de botijão (3,67%) teve a 17ª alta consecutiva, acumulando elevação de 37,86% em 12 meses.
Veja o resultado para cada um dos grupos pesquisados:
Alimentação e bebidas: 1,17%
Habitação: 1,04%
Artigos de residência: 1,27%
Vestuário: 1,80%
Transportes: 2,62%
Saúde e cuidados pessoais: 0,39%
Despesas pessoais: 0,75%
Educação: 0,06%
Comunicação: 0,54%
A inflação sobre os serviços pesquisados pelo IBGE acelerou de 0,64% em setembro para 1,04% em outubro.
Preços de passagem aérea e transporte por aplicativo disparam
Ainda nos transportes, os preços das passagens aéreas saltaram 33,86% em outubro, frente a setembro. Em 12 meses, a alta chegou a 50,11%
“A depreciação cambial e a alta dos preços dos combustíveis, em particular do querosene de aviação, têm contribuído com o aumento das passagens aéreas. A melhora do cenário da pandemia, com o avanço da vacinação, levou a um aumento no fluxo de circulação de pessoas e no tráfego de passageiros nos aeroportos. Como a oferta ainda não se ajustou à demanda, isso também pode estar contribuindo com a alta dos preços”, explica Kislanov.
Outro destaque foi o transporte por aplicativo (19,85%), cujos preços já haviam subido 9,18% em setembro.
Os preços dos automóveis novos (1,77%) e usados (1,13%) também seguem em alta e acumulam, em 12 meses, taxas de 12,77% e 14,71%, respectivamente.
Tomate sobe 26%
Entre os alimentos, os destaques de alta foram o tomate (26,01%) e a batata-inglesa (16,01%), o café moído (4,57%), o frango em pedaços (4,34%), o queijo (3,06%) e o frango inteiro (2,80%). No lado das quedas, houve recuo nos preços do leite longa vida (-1,71%) e do arroz (-1,42%).
Inflação afeta 67% dos itens pesquisados
A inflação foi mais disseminada em outubro do que em setembro. O índice de difusão passou de 65% para 67%. O indicador reflete o espalhamento da alta de preços entre os 377 produtos e serviços pesquisados pelo IBGE.
Todas as áreas pesquisadas tiveram alta na inflação em outubro. Os maiores índices foram os da região metropolitana de Vitória e do município de Goiânia, ambos com 1,53%. Em São Paulo, a taxa foi de 1,34%.
Inflação acima da meta e projeções
O resultado mantém pressão sobre o Banco Central para novas altas na taxa básica de juros (Selic). "A surpresa do mês acima do projetado confirma leitura desafiadora da inflação, pressionada tanto pelos repasses em curso dos elevados custos de produção quanto pelo efeito da aceleração dos preços dos serviços", avaliou, em nota, a economista da XP Tatiana Nogueira.
Na última pesquisa Focus do Banco Central, os analistas do mercado financeiro aumentaram de 9,17% para 9,33% a expectativa para a inflação de 2021.
O centro da meta de inflação em 2021 é de 3,75%. Pelo sistema vigente no país, será considerada cumprida se ficar entre 2,25% e 5,25%. Com isso, a projeção do mercado já está acima do dobro da meta central de inflação (7,5%).
Para 2022, o mercado financeiro subiu de 4,55% para 4,63% a estimativa para o IPCA. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%.
A piora nas projeções para os indicadores econômicos acontece em meio às manobras e propostas para driblar o teto de gastos, para abrir espaço no orçamento para bancar o Auxílio Brasil de R$ 400 no ano eleitoral de 2022.
O mercado projeta atualmente uma Selic em 9,25% ao ano no fim de 2021. Entretanto, para o fim de 2022, os economistas subiram a expectativa para a taxa Selic para 11% ao ano, o que pressupõe novas altas no juro básico da economia.
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INPC sobe 1,16% em outubro
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), referência para reajustes de salários e benefícios previdenciários, subiu 1,16% em outubro, contra 1,20% em setembro. Foi o maior resultado para um mês de outubro desde 2002, quando o índice foi de 1,57%.
No ano, o indicador acumula alta de 8,45% e, em 12 meses, de 11,08%, acima dos 10,78% observados nos 12 meses imediatamente anteriores e superior ao IPCA.