Conheça a gigante chinesa UNION PAY que pode substituir Visa, Master e Amex na Rússia

A chinesa 30 se deparou recentemente com a possibilidade de abocanhar a fatia antes atendida pelas gigantes do setor Visa, Mastercad e American Express no mercado russo de meios de pagamento. As americanas entraram na lista de empresas que suspenderam atividades no país após a invasão da Ucrânia.


Como a debandada no setor, o banco central russo mencionou o sistema UnionPay como opção aos usuários, em comunicado divulgado na semana passada.


Na nota, a autoridade monetária disse ainda que, embora vários bancos russos já usem o UnionPay, outros, incluindo o Sberbank e o Tinkoff, podem começar a emitir cartões com o Mir Pay, sistema de pagamentos do Banco Central da Rússia.


Apesar de pouco conhecida em relação às suas rivais ocidentais, a UnionPay é a segunda maior rede de cartões do mundo com base em número de transações, com 31,90% do mercado de cartões de crédito, débito e pré-pago, segundo levantamento mais recente da Nilson Report, consultoria americana que monitora a indústria global do setor, que considera o primeiro semestre de 2021.


A empresa fica atrás só da Visa, que tem 40,25% desse mercado. Na sequência vem Mastercard (24,73%), American Express (1,66%), JCB (0,85%) e Diners Club/ Discover (0,61%).


Considerando o volume de compras em dólares no período, a UnionPay fica em primeiro lugar, com 44,33% de participação do mercado global, que movimentou US$ 15,679 trilhões, seguida de Visa, com 32,79%.


Apesar do tamanho da empresa chinesa de pagamentos, seu país natal, a China, ainda responde por mais de 90% de suas transações. Em seu site, a companhia informa que tem está presente em 180 países, com 2.500 instituições parceiras. Diz ainda que, do total dos países que aceitam os cartões, mais de 70 já realizam a emissão deles em seu território.


Agora, com a ampliação de seu mercado potencial na Rússia, a ideia é que isso aumente, mas não deve ser de uma hora para outra, segundo o economista e doutor em Relações Internacionais Igor Lucena.


“A China vai ganhar um enorme mercado consumidor, que era majoritariamente composto por Visa e Mastercard. Com essa adesão, haverá uma certa subordinação das operações de crédito de pessoas físicas dos bancos russos aos bancos chineses”, diz.


Para ele, essa nova parceria estreita ainda mais os laços da aliança entre China e Rússia. “Ela [China] ocupa agora o espaço que os ocidentais não ocupavam”.


Lucena pondera, porém, que ainda há dúvidas em relação até que ponto a China vai suportar economicamente os problemas financeiros da Rússia, que vem sofrendo uma chuva de sanções nas últimas semanas.


“A UnionPay não vai ter uma adoção imediata. Apesar da maior parte do sistema russo já adotar essa bandeira, ainda não é a totalidade. Os locais mais afastados do país provavelmente ainda não deverão aceitar”, afirmou. Segundo a UnionPay, mais de 80% dos estabelecimentos russos já aceitam pagamentos de sua bandeira.


Os russos ainda poderão passar por um encarecimento no serviço, segundo ele. “Ao tirar Visa e Mastercard do sistema, isso implica em menos competitividade, que por sua vez pode significar taxas maiores e produtos mais caros”, diz.


O maior problema agora, segundo especialistas, será enfrentado por turistas e russos fora do país.


“Para o russo que quiser viajar vai ser muito ruim, porque a UnionPay não é aceita em muitos locais que acabam sendo destinos internacionais. Por mais que a bandeira seja a que mais transaciona internacionalmente e a que mais emite cartões, isso se deve muito por causa da China”, diz.


O economista também afirma que a situação seria complicada para turistas que desejarem ir à Rússia no futuro, quando os boicotes cessarem. “São muitas restrições das operações de crédito”.


Próximos passos

De acordo com o especialista, países próximos à Rússia no Leste Europeu podem começar a adotar aos poucos a UnionPay, expandindo assim o mercado chinês de crédito.


“A UnionPay já tinha perspectiva de crescimento ao longo do tempo, mas essa projeção foi estagnada com o surgimento da Covid-19. Com esse movimento, agora, acredito que nações que falem russo possam também adotar a forma de pagamento, ainda mais com a possibilidade de atrair turistas russos para seus territórios”, destacou.


“Isso vai aumentar o credenciamento tanto receptivo quanto de emissões de cartões, o que é muito positivo para a China”, acrescentou.


Lucena também disse que, se as sanções aplicadas à Rússia forem retiradas eventualmente, é possível que bandeiras estrangeiras como Visa e Mastercard enfrentam resistência caso tentem voltar ao mercado do Leste Europeu.


“Talvez exista uma antipatia com esses empresas na região, porque os russos podem entender que elas abandonaram a população que nada tinha a ver com o conflito, apenas tinha um cartão de débito e crédito”.


Segundo ele, do ponto de vista de fidelização, o mercado russo provavelmente será ainda mais fechado, não somente para os cartões de crédito, mas para outras áreas em que existem empresas fechando as portas por causa da guerra na Ucrânia.

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