Suécia registra onda de protestos violentos após ameaça de queimar alcorão; Irã condena Suécia sobre recente queima do Alcorão


Diversas cidades suecas vêm sendo palco de protestos nos últimos quatro dias após agitador anti-islâmico de extrema direita anunciar intenção de queimar cópias do Alcorão em público.

Três pessoas ficaram feridas neste domingo (17/04) durante confrontos entre forças policiais suecas e manifestantes que protestavam contra um grupo de extrema-direita em Norrköping, no sudoeste de Estocolmo. "A polícia disparou vários tiros de advertência. Três pessoas parecem ter sido atingidas por ricochetes e estão, neste momento, recebendo tratamento no hospital", informou a polícia num comunicado. "Todos os três feridos foram presos por suspeita de cometer atos criminosos", acrescentou a polícia. 


Vários veículos foram incendiados durante os confrontos e pelo menos 11 pessoas foram detidas, informou o jornal sueco Aftonbladet. Esse foi o segundo episódio envolvendo confrontos em Norrköping nos últimos quatro dias. 


Os ânimos estão tensos em várias cidades do país por causa da convocação de atos do pequeno partido anti-imigração e anti-islã Stram Kurs ("Linha-dura", em sueco), que é liderado dinamarquês-sueco Rasmus Paludan, que nos últimos dias anunciou que pretendia queimar cópias do Alcorão, o livro sagrado do islamismo, em público.  Durante a noite, a cidade de Malmo, no sul da Suécia, foi também palco de atos de violência, na sequência de protestos contra um comício do mesmo grupo de extrema-direita. A polícia sueca indicou que houve incêndios em vários pontos da cidade, que destruíram lixeira, um ônibus e um automóvel. 


Protestos violentos também eclodiram pela segunda vez na cidade de Linkoping, onde Paludan também planejava realizar um comício neste domingo.  Na quinta e na sexta-feira, nove policiais ficaram feridos em confrontos com pessoas que se manifestavam contra Paludan na cidade sueca de Orebro.  As ações do pequeno partido de extrema direita sueco também causaram consequências internacionais. 


Os governos do Iraque e do Irã protestaram contra o anúncio de Paludan sobre a queima de exemplares do Alcorão.  O governo iraquiano afirmou que a iniciativa de queimar o Alcorão constitui "uma provocação em relação aos sentimentos dos muçulmanos e uma ofensa grave à sua santidade".  "Esta questão tem graves repercussões nas relações entre a Suécia e os muçulmanos em geral, seja nos países islâmicos e árabes ou nas sociedades muçulmanas da Europa", indicou o Ministério das Relações Exteriores do Iraque, em comunicado.


Irã condena Suécia sobre recente queima do Alcorão


O Ministério de Relações Exteriores do Irã apelou ontem (17) ao governo da Suécia para que responda adequadamente a uma recente queima do livro sagrado islâmico no país europeu.

“Teerã condena veementemente a queima de cópias do Alcorão na cidade sueca de Linköping por um elemento dinamarquês de caráter racista e extremista, perpetrada com a proteção da polícia, sob o pretexto de liberdade de expressão”, destacou Saeed Khatibzadeh, porta-voz da chancelaria, à imprensa estatal iraniana.

Khatibzadeh instou Estocolmo a adotar uma “resposta severa, imediata e explícita contra o agressor, assim como medidas práticas para impedir tais incidentes”.

O porta-voz denunciou também a “reincidência deliberada de atos de blasfêmia contra o Islã, sobretudo no mês sagrado do Ramadã, o que fere a sensibilidade de muçulmanos na Suécia e em todo o mundo”.

“A blasfêmia é um exemplo claro de ódio em contraponto à liberdade de expressão e deve ser rechaçada por todos aqueles que creem na coexistência e no diálogo entre as fés”, reafirmou.

Khatibzadeh insistiu que a ofensa requer “união das comunidades e países islâmicos contra conspirações incitadas pelos inimigos do Islã”.

Na quinta-feira (14), Rasmus Paludan, líder do Partido Linha Dura da Dinamarca, queimou uma edição do Alcorão em Linköping, sob escolta policial. O ato levou a protestos em toda a Suécia.
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