Donald Trump foi peça central para invasão ao Capitólio, diz comissão do Congresso
A comissão da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos responsável por investigar a invasão de apoiadores de Donald Trump ao Capitólio, ocorrida em 6 de janeiro de 2021, começou a apresentar suas conclusões em uma audiência pública no Congresso realizada nesta quinta-feira (9). Os membros do comitê, formado por cinco democratas e cinco republicanos, alegaram que o ataque foi uma tentativa de golpe e que o ex-presidente foi central para o ato.
Após o fechamento do acordo para a criação da comissão, em maio de 2021, os seus integrantes entrevistaram mais de 1.000 pessoas, inclusive aliados de Trump que tinham cargos no governo, e analisaram cerca de 140 mil documentos para apurar o caso. De acordo com o comitê, o então presidente insistiu em fazer acusações falsas de que a eleição, na qual foi derrotado pelo democrata Joe Biden, havia sido fraudada, mesmo sem provas. Também foram encontradas evidências de que os invasores do Capitólio sabiam que um ataque estava sendo previamente planejado e que eles encaravam as falas de Trump sobre o processo eleitoral como uma forma de encorajá-los.
"A conspiração para frustrar a vontade do povo não acabou. Há aqueles que têm sede de poder neste país, mas não têm amor ou respeito pelo que tornam os EUA grandes", disse o líder democrata do comitê, Bennie Thompson. A audiência desta quinta é a primeira de pelo menos seis que trarão mais detalhes, com a apresentação de vídeos, fotografias e depoimentos, sobre a tentativa de golpe. Todas elas serão transmitidas pela televisão americana. As conclusões apresentadas pela comissão podem levar Trump a ser processado e punido.
A invasão ao Capitólio, sede do Congressos Nacional dos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021, contou com a mobilização de milhares de apoiadores do então presidente Trump. O intuito deles era impedir que os congressistas reconhecessem a vitória de Biden na eleição presidencial que ocorreu no dia 3 de novembro de 2020. Deputados e senadores foram obrigados a abandonar o local. Os confrontos entre o grupo que efetuou o ataque e a polícia resultaram em cinco mortes.
Trump havia interposto dezenas de recursos judiciais em vários estados Norte Americanos, contestando o resultado do pleito presidencial, mas nenhuma de suas contestações foi acolhida pela Justiça. Ele também esperava que seu vice, Mike Pence, que estava presente no Congresso no momento da invasão na condição de presidente do Senado, se sublevasse contra o reconhecimento da vitória de Biden, o que não ocorreu.
A invasão levou o Congresso americano a abrir um processo de impeachment contra Trump, mesmo com o término do mandato muito próximo. No entanto, ele negou ter responsabilidade pelos atos de seus apoiadores e acabou sendo absolvido no Senado, onde o Partido Republicano tinha maioria. Segundo a BBC, até maio de 2022, as autoridades prenderam 810 pessoas acusadas de participar da tentativa de golpe. Desse total, mais de 60 já foram consideradas culpadas pela Justiça e começaram a cumprir suas penas.