eNaira: Protestos contra moeda digital na Nigéria pedem a volta do dinheiro físico
A situação na Nigéria envolvendo a Naira digital, sua nova CBDC, tem escalado para protestos de rua, em alguns casos até com violência e depredação de patrimônio, mostrando uma população revoltada com a imposição do banco central local para a nova moeda digital.
Em dezembro de 2022, alguns bancos começaram a limitar o acesso da população a moeda em espécie, ou seja, ao dinheiro físico. Tal situação já havia causado mal estar entre a população, mas a situação não tem mostrado sinais de melhora.
Já em fevereiro de 2023, protestos na rua contra o banco central pediram o acesso ao dinheiro físico. Durante protestos pacíficos, o grupo argumentou que a autoridade estaria causando sofrimento para a população do país ao não permitir o acesso a notas.
Protestantes argumentam até que as regras não se aplicam de forma igual aos pobres e ricos, que possuem faixas diferentes de acesso ao dinheiro físico.
Contudo, nas últimas semanas a violência começou a tomar conta de alguns protestos na Nigéria, com a população se mostrando enfurecida com a CBDC Naira Digital e a falta de acesso a notas de dinheiro.
De acordo com a Channels Television, no final de fevereiro, um grupo no estado de Delta chegou a atear fogo em veículos, agências bancárias e comércios. A ação ocorreu após várias pessoas não conseguirem efetuar os saques de dinheiro desejados.
O vandalismo teve de ser contido pelas forças policiais, que pede calma. Mesmo assim, mostra que a população sofre com a falta de acesso ao dinheiro nacional.
Autoridades pedem que a população não cause danos ao país, mas reconhecem que este é um problema nacional que deve ser avaliado.
Real digital, a CBDC do Brasil, também pode limitar dinheiro físico no futuro
A polêmica chegada das CBDCs nos países não deve ser diferente no Brasil, embora o Banco Central tenha venha mostrando empenho em seu processo de comunicação.
Na última segunda-feira (6), por exemplo, o piloto do Real digital e algumas novas regras foram apresentadas pela autoridade brasileira. De acordo com funcionários do BCB, a chegada da moeda deve ocorrer até o final de 2024, de forma suave, sem previsão de eliminar o dinheiro em espécie no país no curto prazo.
Chama atenção que as moedas digitais de bancos centrais impostas a população passam por uma fase inicial conturbada. Isso porque, muitos não confiam que os sistemas são realmente seguros, enquanto a falta do dinheiro físico é um outro problema sério a ser considerado.
A situação econômica da Nigéria alcança níveis preocupantes. A população revoltada com a falta de dinheiro faz protestos em várias cidades do país desde o mês passado. Os movimentos começaram pacíficos, mas agora se tornaram mais violentos.
Em novembro do ano passado, o governo nigeriano decidiu trocar as cédulas da sua moeda, a Naira. De acordo com o presidente do país, Muhammadu Buhari, o objetivo da substituição era diminuir as falsificações das notas e diminuir a quantidade de dinheiro fora do sistema bancário.
Entretanto, o Banco Central da Nigéria não está conseguindo produzir uma quantidade de notas novas que atendam as necessidades da população revoltada. Os últimos dias foram marcados pelos aumentos das tensões, enquanto os cidadãos tentam sacar dinheiro nos bancos.
População revoltada desconta tensão nas agências bancárias
De acordo com o plano do governo do país africano, as antigas cédulas de Naira deixariam de valer no dia 11 de fevereiro, o que levou a uma corrida das pessoas aos bancos para depositar as moedas antigas e sacarem as novas.
Contudo, não existem moedas suficientes no mercado para todos. Consequentemente, os cidadãos estão passando por dificuldades, já que a economia da Nigéria é informatizada e baseada no dinheiro físico. Sem moedas, a população revoltada não consegue comprar itens básicos de sobrevivência, como comida.
Todos os dias, filas enormes estão se formando nas agências bancárias para sacar dinheiro, mas os valores são limitados a cerca de 1 mil Nairas por pessoa (menos de US$ 3). A população revoltada está culpando os bancos pela escassez de notas.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram a insatisfação das pessoas com a situação. Em um deles, é possível ver os funcionários de um banco pulando o muro dos fundos para fugir das pessoas furiosas dentro da agência.
Bancos queimados
No estado de Delta, a população revoltada acabou atacando as agências bancárias que não tinham dinheiro para distribuir a população. Manifestantes chegaram a colocar fogo em um banco e em carros que estavam estacionados.
Além disso, estradas foram bloqueadas, pessoas tentaram invadir escritórios do Banco Central nigeriano e jovens queimaram pneus em sinal de protesto.