Em Israel com Netanyahu, Emmanuel Macron propõe uma coalizão internacional contra o Hamas e chama atenção para a causa palestina


Em visita a Israel, o presidente da França, Emmanuel Macron, propôs nesta terça-feira, 24, uma coalizão internacional para lutar contra o Hamas e declarou que a segurança de Israel depende de o país aceitar o “direito legítimo” de palestinos terem um Estado. Macron falou ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em Jerusalém.


O presidente francês propôs que a coalizão internacional criada em 2014, sob liderança dos Estados Unidos, para combater o grupo Estado Islâmico na Síria e no Iraque “também possa lutar contra o Hamas”. “Hamas é um grupo terrorista cujo objetivo é a destruição do Estado de Israel, este é também o caso do Estado Islâmico, da Al Qaeda e dos seus parceiros de ação e intenção”, declarou, acrescentando que a França “está pronta” para lutar contra o grupo terrorista palestino.


Macron ainda disse que qualquer paz “não pode ser duradoura” sem reiniciar um processo político “decisivo” com os palestinos, sublinhando que a estabilidade de Israel não será garantida a menos que o país “aceite o direito legítimo dos palestinos de dispor de um território e um Estado em paz e segurança ao lado de Israel”. “O Hamas é um grupo terrorista, razão que não incorpora a causa palestina. Deve ser combatido com força e a causa palestina deve ser compreendida”, explicou.


Ao lado de Netanyahu, Macron também sublinhou o direito de Israel de se defender. “A luta deve ser sem piedade, mas não sem regras” porque as democracias “respeitam as regras da guerra”, disse Macron, acrescentando que, por exemplo, as democracias não têm como alvo os civis. A sua declaração parecia ser uma mensagem para Israel, que tem sido criticado por alguns pelos ataques que mataram civis palestinos na Faixa de Gaza. Ele apelou ao acesso à ajuda para Gaza e ao fornecimento de eletricidade aos hospitais de Gaza – e não para fazer guerra.


No encontro em Jerusalém, o presidente francês ainda fez um apelo para que o conflito entre Israel e o movimento palestino Hamas não seja ampliado e considerou que a libertação dos reféns em Gaza deve ser o “primeiro objetivo”.


“Penso que é nosso dever combater estes grupos terroristas, sem confusão, e diria que sem ampliar o conflito”, declarou Macron. “O primeiro objetivo que deveríamos ter hoje é a libertação de todos os reféns”, dise. Pelo menos mais de 200 pessoas estão sob o poder do Hamas, segundo as autoridades israelenses.


“Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para trazer a paz, a segurança e a estabilidade ao seu país e para toda a região”, acrescentou o presidente francês.


IMPRENSA FRANCESA detona Macron


A imprensa francesa repercute nesta quarta-feira (25) a proposta feita ontem pelo presidente Emmanuel Macron ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. O chefe de Estado francês sugeriu a criação de uma coalizão internacional contra o movimento palestino Hamas, nos mesmos moldes da que foi formada em 2014 contra o grupo Estado Islâmico no Iraque e na Síria.


Durante um encontro com Netanyahu em Jerusalém, Macron propôs "aos nossos parceiros internacionais a construção de uma coalizão regional e internacional para combater os grupos terroristas que ameaçam a todos nós". A inciativa, no entanto, teve repercussão negativa entre especialistas de conflitos no Oriente Médio.


Segundo o jornal Le Parisien, a ideia de Macron surpreendeu nos meios diplomáticos e seria mais uma jogada política do líder francês do que uma oferta militar. O diário lembra que a coalizão contra o grupo EI, formada por cerca de 60 países e liderada pelos Estados Unidos, inclui monarquias árabes, como Arábia Saudita, Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Marrocos, Bahrein e Qatar, além de exércitos europeus, entre outros países. Entretanto, ninguém entende como a França poderia, por exemplo, bombardear o Qatar, um de seus mais próximos aliados na região, onde vive a cúpula política do Hamas.

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